Cardiologista Luís Bronze é o presidente eleito da Sociedade de Hipertensão
O cardiologista Luís Bronze, diretor de Saúde da Marinha Portuguesa e investigador integrado do Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar (CIDIUM), é o presidente eleito da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) para o biénio 2021-2023. A eleição teve lugar no congresso anual da Sociedade, que decorreu em fevereiro.
Em declarações à Just News, o médico, que assumiu o cargo de tesoureiro na última Direção, presidida por Manuel de Carvalho Rodrigues, afirma que é “um grande orgulho” ter sido escolhido para a função. “Esta eleição é o culminar de uma carreira clínica e científica”, salienta.
Tal como aconteceu na legislatura anterior, caberá ao presidente eleito a responsabilidade de assumir a liderança da Comissão Organizadora nas duas próximas edições do Congresso de Hipertensão e Risco Cardiovascular Global, a realizar-se em 2020 e 2021. Para o cardiologista, assumir esta tarefa só trará vantagens, pois será uma preparação para o cargo que se segue, o de presidente.
Luís Bronze com Vítor Paixão Dias, presidente da SPH, durante a tomada de posse dos novos corpos sociais
Nesta fase, Luís Bronze já está a pensar no congresso do próximo ano e revela que um dos grandes temas será o cumprimento das novas guidelines da Sociedade Europeia de Hipertensão, apresentadas em junho de 2018, que, menciona, “reforçam muito o diagnóstico da ‘HTA da bata branca’ e da ‘HTA mascarada’ “.
O nosso entrevistado adianta que em debate estarão outros temas, como, por exemplo, o consumo de sal, a adesão terapêutica e a avaliação global do risco cardiovascular que, segundo refere, tem cada vez mais em conta a interface com a diabetes mellitus e a relação da aterosclerose com o conhecimento de outros fatores de risco, como a dislipidemia, ou a valorização dos mecanismos do seu desenvolvimento, como por exemplo, os mecanismos inflamatórios intrínsecos à sua génese e evolução clínica.
Novas guidelines focam-se na diminuição do risco cardiovascular
Questionado sobre aqueles que considera serem os maiores desafios na hipertensão na atualidade, o cardiologista menciona o facto de com as novas guidelines os alvos terapêuticos passarem de 140/90 mmHg para 130/80 mmHg. Face a esta nova realidade, diz, “nunca foi tão importante dar poder aos doentes para seguirem a sua pressão arterial”.
“Estas guidelines afirmam-se como recomendações para a diminuição do risco cardiovascular e não para o controlo da hipertensão arterial, o que faz com que os médicos passem a ver o doente não só como hipertenso, mas a avaliar o seu risco global”, frisa. E acrescenta:
“Se o estudo PHYSA, levado a cabo pela SPH em 2012 e publicado em 2014, revelou uma prevalência de HTA de 42,2% na população usando como alvos terapêuticos os 140/90 mmHg, considerando os 130/80 mmHg os números vão crescer enormemente!”
Natural de Azeitão, o comodoro médico naval da Marinha Portuguesa é cardiologista com o grau de consultor da carreira médica hospitalar. É doutorado em Medicina/Cardiologia pela Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de lisboa, sendo professor auxiliar e coordenador do Bloco Cardiocirculatório do Mestrado Integrado de Medicina da Universidade da Beira Interior.
Entre outros cargos, é coordenador da linha de investigação da saúde, no Centro de Investigação Naval (CINAV), Escola Naval, Marinha Portuguesa. É diretor de Saúde da Marinha Portuguesa desde 26 de julho de 2018 e investigador integrado do Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar (CIDIUM).
No passado, foi cardiologista do Hospital da Marinha, subdiretor do Centro de Medicina Naval e responsável pela Secção de Cardiologia da referida instituição. Foi igualmente chefe de serviço de Cardiologia do Hospital das Forças Armadas (HFAR)/Polo de Lisboa, diretor do referido polo e, por inerência, subdiretor daquele grupo hospitalar militar, que inclui um polo em Lisboa e outro no Porto.