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Mais de 20% dos AVC são motivados por fibrilhação auricular

A fibrilhação auricular é a arritmia cardíaca mais frequente e, segundo Mariano Pego, diretor do Serviço de Cardiologia de Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), é responsável por mais de 20% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC). O alerta foi dado no âmbito da reunião “Coração no Centro”, organizada pelo Serviço de Cardiologia do CHUC, que decorreu nos dias 9 e 10 de outubro, subordinada ao tema “Arritmias 2015”.



“Estima-se que 6% da população portuguesa tem fibrilhação auricular, sendo que à medida que a idade aumenta a incidência é maior. Hoje em dia, há novas formas de tratamento, quer seja por meio da utilização de antiarrítmicos, quer com a ablação por cateter, através da qual, de um modo geral, é eliminada a causa de arritmia, embora possam persistir de um modo recorrente ou resistente”, adiantou o presidente da reunião.

E frisou que as arritmias são um “verdadeiro problema de saúde pública”, podendo ser causa de morte também nos contextos de insuficiência cardíaca e de enfarte de miocárdio. Além disso, as arritmias malignas são responsáveis, também, por alguns casos de morte súbita no desporto. 



A insuficiência cardíaca mereceu destaque nesta reunião. De acordo com Mariano Pego, este problema mata mais do que o cancro e é também a maior causa de reinternamento hospitalar em Portugal e nos outros países. Além do tratamento farmacológico, existem novas formas para tratar a insuficiência cardíaca, nomeadamente através do recurso a cardiodesfibrilhadores e ressincronização ventricular, que melhoram a morbilidade, a mortalidade e a qualidade de vida destes doentes.

Quanto à morte súbita, outro dos assuntos discutidos, o diretor do Serviço de Cardiologia do CHUC adiantou que tem como principais causas a cardiomiopatia hipertrófica, o ventrículo esquerdo não compactado, a arritmia displásica do ventrículo direito e a síndrome de Brugada. “Hoje em dia, com exames simples, conseguimos identificar estas doenças”, mencionou, desenvolvendo que o problema pode ser tratado através de alguns procedimentos, entre eles a implantação de um cardiodesfibrilhador.



Na reunião, falou-se ainda sobre a evolução dos pacemakers. Conforme referiu Mariano Pego, atualmente, há dispositivos capazes de fazer a estimulação direta do coração, evitando os eletrocateteres, que até aqui têm sido indispensáveis, mas “são muitas vezes alvo de infeções e fraturam com relativa frequência”. 

Foram também abordadas outras técnicas, como, por exemplo, a ablação por frio, bem como a utilização de novos anticoagulantes orais na prevenção do AVC por arritmia. “Estes fármacos, quando comparados com a varfarina ou o acenocumarol, são mais eficazes, provocam menos hemorragias e dispensam o controlo mensal pelo INR (International Normalized Rate).”

O evento, que teve mais uma vez como presidente de honra Luís Providência, ex-diretor do Serviço de Cardiologia do CHUC, contou com mais de 500 inscritos, o que pode ter sido a maior reunião organizada por um serviço em Portugal. No próximo ano, o tema central do “Coração no Centro” serão as valvulopatias.




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