Manuel Carrageta lembra que estilos de vida estão na origem das doenças mais mortais
Em Portugal, a primeira causa de morte é o acidente vascular cerebral, seguindo-se o enfarte do miocárdio. “Estas doenças são, como quase todas, civilizacionais, estando relacionadas com os estilos de vida”, mencionou Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), durante o Simpósio "Doenças Cardiovasculares e Estilos de Vida", que se realizou na passada sexta-feira, em Lisboa. Em Portugal, a primeira causa de morte é o acidente vascular cerebral, seguindo-se o enfarte do miocárdio.
À margem da iniciativa organizada pela FPC, Manuel Carrageta indicou que continuam empenhados em alertar a população para a necessidade de alterar hábitos menos saudáveis.
“Identificamos o sedentarismo como o fator de risco mais frequente da nossa população e achamos que devemos sensibilizar os portugueses para a importância de fazerem atividade física”, observou.
Durante a sessão de abertura, o cardiologista fez referência a um estudo onde se verificou que 64% dos portugueses são sedentários e salientou que o exercício físico tem enormes benefícios e reduz o risco de doença cardiovascular. Parafraseando o falecido Robert Butler, que foi o primeiro diretor do Instituto Nacional sobre Envelhecimento dos EUA, Manuel Carrageta afirmou: “Se as vantagens do exercício pudessem ser incluídas num comprimido, seria certamente o medicamento mais benéfico vendido e disponível.”
Para terminar, e em declarações à Just News, Manuel Carrageta observou que, para se ser saudável, não basta apenas ter os valores da pressão arterial e do colesterol controlados. “É preciso andar a pé cerca de meia hora por dia em passo rápido, apanhar sol (máximo 20 minutos/dia), seguir a dieta mediterrânica, não fumar, ser otimista e bem-disposto, não ser agressivo, dar-se bem com todas as pessoas e ter amigos e, ainda, estudar”, salientou.
Durante a sessão de abertura, Miguel Mendes, presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), referiu que “a tarefa da prevenção nunca está acabada”.
“Há sempre novos conhecimentos e novos públicos-alvo, portanto, não podemos interromper a nossa tarefa. Precisamos de continuar a trabalhar e a persistir nesta cruzada de prevenção cardiovascular.”
Salientando as boas relações entre a SPC e a FPC, Miguel Mendes afirmou serem as “duas faces da mesma moeda”, que tentam, em conjunto, levar a cabo a missão de reduzir o impacto das doenças cardiovasculares na população portuguesa.
“Temos conseguido grandes resultados, com reduções de mortalidade muito significativas nos últimos anos, no fundo, implementando guidelines internacionais e aplicando-as no nosso dia-a-dia”, disse.
E acrescentou: “Precisamos de continuar a combater o flagelo da obesidade, problema que nossa coloca na cauda da Europa. Temos de envolver os jovens e de não compartimentar esta problemática no contexto da Cardiologia.”
No seu entender, a mensagem tem “chegado ao terreno”, mas, apesar de estarmos no bom caminho, este trabalho, naturalmente, “nunca estará acabado”.