Medicina da Reprodução: modificações à prática da PMA exigem «adaptações profundas»
30 anos depois do nascimento das primeiras crianças concebidas por técnicas de procriação medicamente assistida (PMA) em Portugal, Teresa Almeida Santos, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR), entende que se “impõe uma reflexão sobre estas três décadas, bem como sobre as modificações à prática da PMA que se anteveem”.
A afirmação foi feita esta quinta-feira, na sessão de abertura do 6.º Congresso Português de Medicina da Reprodução, subordinado ao tema “30 anos de PMA em Portugal: Tempo de mudanças?”, que está a decorrer em Ílhavo até sábado, e foi proferida um dia antes de a Assembleia da República ter aprovado a proposta de alteração à Lei da PMA.
Até à data, só os casais heterossexuais com problemas de fertilidade poderiam recorrer a técnicas de PMA. Com a aprovação do projeto de lei para alargar o acesso à PMA, as mulheres sozinhas, casadas ou em união de facto com outra mulher passam a poder valer-se destas técnicas.
De acordo com Teresa Almeida Santos, “esta mudança vai exigir adaptações profundas e, provavelmente, mesmo a redefinição de algumas práticas”.
“Sendo a melhor forma de perspetivar o futuro refletir sobre o presente e lembrar o passado, este momento deve evocar o passado e o futuro porque, como pessoa, nenhum homem tem o privilégio de entender o futuro, a não ser que esteja preparado para o criar, porque quem não entende o passado não pode sonhar o futuro”, disse Teresa Almeida Santos, acrescentando que a SPMR “quer sonhar o futuro e participar na sua construção”, mas não quer fazê-lo sozinha.
Neste contexto, a especialista em Medicina da Reprodução disse acreditar que a partilha do conhecimento e a experiência dos palestrantes convidados para o Congresso será uma ajuda importante na adequação das práticas atuais a novas realidades.
A sessão de abertura contou, para além da presidente da SPMR, com as presenças de Daniel Pereira da Silva, presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (FSPOG), Fernanda Águas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Teresa Bombas, presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção, e António Pereira Coelho, presidente de honra do Congresso.