Medicina Física e de Reabilitação do CHTV aposta em cuidados diferenciados e na formação dos internos

Começaram por ser apenas dois médicos e alguns terapeutas no Serviço de Medicina Física e de Reabilitação (MFR) do Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV). Mas, "com muito empenho, foi-se crescendo e formando especialistas em áreas diferenciadas, como a reabilitação pediátrica e a lesão medular", explica o diretor do Serviço de MFR, Jorge Caldas.  

Os doentes também têm à disposição uma psicóloga que trabalha quase em exclusivo para o Serviço e que se especializou na área da reabilitação e dor, o que não é muito habitual em Portugal.



Em declarações à Just News, no âmbito de uma reportagem sobre o Serviço que dirige, Jorge Caldas afirma que “tudo começou no antigo edifício, hoje em dia, transformado na Pousada de Viseu, com apenas dois médicos: o Dr. Luís Barreiros e o Dr. Alfredo Morais. Com uma nova casa e com mais uma médica vinda de Coimbra, foi-se crescendo.”

Para isso, também contou com a ajuda dos internos. “A partir do momento em que passámos a ter idoneidade formativa, apostámos na formação dos internos e na sua colocação como especialistas.” Atualmente, são várias as valências disponíveis, incluindo internamento de reabilitação, o que permite uma intervenção mais precoce, intensiva e prolongada.

Afirma que “é um orgulho muito grande trabalhar com esta equipa e este é um dos segredos de se conseguir ir melhorando a prestação de cuidados, alargando as valências, consoante as necessidades que nos surgem.”



Na área da hidrocinesiterapia, o treino subaquático no tanque de marcha é uma mais-valia, mas espera-se ter condições para pôr a funcionar a piscina para a hidroterapia em classes.

Jorge Caldas faz um balanço “muito positivo” da evolução do Serviço, mas, “não se podendo parar, seria importante conseguir-se contratar mais profissionais médicos”. E explica: “Atualmente, temos internos de grande qualidade, já com conhecimentos diferenciados, que, caso o centro hospitalar tivesse mais autonomia para contratar, contribuiriam para a inovação desta especialidade no hospital.”



Reabilitação cardíaca e respiratória: sonho tornado realidade

Uma das próximas áreas de investimento é a da reabilitação cardíaca e respiratória. A responsável pela área é Irina Peixoto, especialista em MFR, que está no CHTV desde 2011.

Olhando para o futuro, a fisiatra acredita que seria “muito importante podermos participar em estudos nacionais, que permitisse comparar a nossa realidade com outras”. Afinal, “a cultura e as especificidades da região Centro, com doentes a terem de fazer muitos quilómetros para virem ao hospital, têm repercussões no tratamento. A comparação com outras localidades seria uma boa forma de todos partilharmos boas práticas.”



Menos dores e menos espasticidade com injeção botulínica


Se há uns anos se realizavam muitas tenotomias, atualmente, a injeção da toxina botulínica mudou essa realidade. “Esclarecer o paciente ou os cuidadores dos reais objetivos do tratamento e realçar a necessidade de manter fisioterapia e ou terapia ocupacional, assim como o uso de ortóteses são práticas necessárias para reverter o desequilíbrio funcional do membro espástico”, segundo Ana Torres, que se especializou nesta área.



Terapia ocupacional: “Não são apenas atividades de lazer”


O cenário é idêntico a uma casa. Existe um quarto, uma casa de banho, uma cozinha e a sala onde se fazem as mais variadas atividades. Este é o espaço da Terapia Ocupacional (TO), coordenado por Florbela Marques, que garante: “A nossa função na TO não é apenas trabalhar a área do lazer, como é habitual pensar-se. Ajudamos a reabilitar qualquer tipo de ocupação que faça parte do dia-a-dia da pessoa.”


Terapia da fala chegou com o novo hospital


Logo que o CHTV mudou de instalações, Maria José Martinho iniciou a valência de Terapia da Fala. “Era uma lacuna, na altura. Felizmente, num espaço maior, foi possível apostar numa área tão essencial, quer para crianças, quer para adultos.”

“Nem sempre é fácil conseguir explicar aos familiares como é que um AVC, ou qualquer outra lesão cerebral, pode provocar uma perturbação da comunicação e da linguagem, para além das dificuldades da fala. Alguns utentes podem ficar impedidos de transmitir as suas necessidades comunicativas por um curto período de tempo, mas muitos poderão não conseguir voltar a comunicar de uma forma fácil e efetiva”, frisa Maria José Martinho.



Mesoterapia para dores localizadas e reabilitação sexual na lesão medular


Vera Ermida começou por fazer mesoterapia, no internato, com o antigo diretor do Serviço, Alfredo Morais. “Foi o precursor da terapêutica em Viseu e acabei por herdar esta consulta”, esclarece. As vantagens são, na sua opinião, evidentes: 

“Esta técnica tem indicação para dores localizadas, que podem ser muito incapacitantes. Com a mesoterapia, as pessoas podem melhorar bastante a sua qualidade de vida. ”Como não costuma provocar efeitos secundários significativos, a tolerabilidade é boa e pode ser utilizada como terapêutica adjuvante de outras áreas, como a Fisioterapia”, indica.




Uma psicóloga a tempo inteiro e com formação específica em MFR

Há dez anos que Susana Clara Morais está no Serviço. “Quando cheguei, não existia apoio psicológico específico. Infelizmente, Portugal ainda não investe em psicólogos clínicos especializados em reabilitação.”

Após várias formações e estágios, nomeadamente fora do país, a especialista dedica-se aos doentes e aos familiares. “A ação do psicólogo pode também incluir a avaliação de vários aspetos suscetíveis de condicionar o processo de reabilitação, como o funcionamento emocional, personalidade, coping, capacidade intelectual, entre outros. Pode-se também prestar intervenção psicoterapêutica e aconselhamento a familiares”, observa.

Fisioterapia: grandes mudanças ao longo do tempo

Há 30 anos que Fátima Esteves pertence à equipa como fisioterapeuta coordenadora. “Ainda cheguei na altura do antigo hospital como elemento único, quando se tinha apenas um pequeno ginásio para trabalhar com os doentes.” A ida para as novas instalações trouxe melhores condições para os profissionais, mas, sobretudo, para os doentes.

“Conseguimos dar uma resposta mais completa aos seus problemas. Sinto um enorme orgulho por pertencer a uma equipa que tem crescido bastante ao longo dos anos, sem se pôr de lado o sentimento de união que existe entre todos”, revela.



O Internato no Serviço de mfr do CHTV


Mário Vaz está no 2.º Ano de Internato de MFR e considera que a experiência não podia ser melhor. “A equipa é ótima, muito jovem, e sentimos que trabalhamos todos em conjunto. Damo-nos bem profissional e pessoalmente.”

Cada vez mais interessado na MFR, diz que a escolha desta especialidade se deve à conjugação da Ortopedia e da Neurologia e ao facto de poder acompanhar os doentes na fase mais gratificante. “É quando os utentes recuperam, quando conseguem ter melhor qualidade de vida.”


Ajudar os doentes "a reduzir as suas incapacidades ao máximo"



Foi no Ano Comum que Jorge Caldas descobriu a MFR. “Na altura, estive alguns dias no Serviço de MFR dos então HUC e percebi que era a especialidade que queria seguir.” Para isso, muito contou o colega Jorge Laíns: “O que o Jorge transmitia da MFR cativava-me". Esta é uma especialidade que permite ajudar os doentes "a reduzir as suas incapacidades ao máximo, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e para a sua reintegração profissional e na sociedade.”


Atualmente, conjuga o trabalho de médico e de diretor do Serviço de MFR do CHTV com a vice-presidência da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação (SPMFR) e com a presidência do Colégio da Especialidade de MFR da Ordem dos Médicos. O tempo escasseia, mas “tento ser o mais disciplinado possível, para conseguir ter sempre tempo para a família.”



A reportagem completa sobre o Serviço de MFR do Centro Hospitalar Tondela-Viseu pode ser lida na última edição de LIVE Medicina Física e de Reabilitação, que acaba de ser lançada. Como é habitual nas reportagens publicadas pela Just News, são entrevistados diversos profissionais, que desenvolvem vários temas.





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