Medicina Interna: especialidade privilegiada no seguimento dos doentes com VIH/SIDA

A Medicina Interna é, a nível nacional, uma das especialidades que asseguram o tratamento e seguimento dos doentes com infeção VIH/SIDA. Fá-lo integrada em equipas multidisciplinares, com outros profissionais de saúde. A Just News foi conhecer a realidade de cinco destes espaços que, independentemente do número de doentes e de consultas realizadas, têm, na sua maioria, uma taxa de controlo de cerca de 95%.

Este é o tema de uma reportagem, publicada no Jornal das XVII Jornadas sobre a Doença VIH, evento que se realizou nos dias 6 e 7 de maio, onde são entrevistados vários responsáveis das diversas unidades.


Fernando Rosas Vieira.

CHVNG/E: Consulta de Enfermagem vocacionada "para a adesão terapêutica"

No Norte do país, criada em março de 1998, a Unidade de Doenças Infeciosas do Serviço de Medicina Interna do CH de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) contribuiu para reduzir de forma significativa o número de internamentos.


“Anteriormente, existia uma Consulta de Imunodeficiência que, ao longo do tempo, se revelou ineficaz na resposta aos doentes com VIH que necessitam de cuidados que não se adaptam ao tradicional regime de consulta”, conta Fernando Rosas Vieira, responsável pela unidade. Diariamente em funcionamento, das 8h00 às 18h00, com as componentes de consulta externa e de hospital de dia, a equipa segue, atualmente, 884 doentes, dos quais 847 em tratamento.

A unidade disponibiliza aos doentes consulta aberta e consulta programada, onde é efetuada a monitorização terapêutica. Foi criada, também, há cerca de dois anos, uma consulta de enfermagem, com “especial vocação para a adesão terapêutica”. Estes profissionais dão cerca de 100 consultas de doença VIH por semana, uma média de 10 de hepatites e 25 de outras doenças infeciosas.

“95% dos doentes estão suprimidos e com situação imunológica estável, com uma adesão de cerca de 100%”, observou Fernando Rosas Vieira.


Fausto Roxo.

Em Santarém, novos doentes têm acesso facilitado à consulta

Um pouco mais abaixo, no Centro do país, encontra-se o Hospital de Dia de Doenças Infeciosas do Hospital de Santarém que, como recorda o seu responsável, Fausto Roxo, foi criado em 2005 e se encontra nas atuais instalações desde 2007. “O seguimento dos doentes com infeção VIH neste hospital foi iniciado, em 1993, por mim e pelo Dr. Victor Bezerra, já aposentado. Entretanto, deu-se o progressivo desenvolvimento para as atuais condições”, recorda Fausto Roxo.

Este espaço funciona todos os dias úteis, das 8h00 às 17h00, sendo de livre acesso a todos os doentes em seguimento e facilitado a novos utentes, com ausência de burocracias.

“Esta é a única estrutura do hospital que faz o seguimento de doentes com infeção VIH, co-infeção VIH/VHC e hepatites virais crónicas, incluindo monoinfeção VHC”, menciona.

“Destaco que a área de cobertura para doentes com infeção VIH é superior à do Hospital de Santarém, incluindo toda a área do Ribatejo Norte, hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, que não fazem o seguimento desta patologia”, observa.


Isabel Germano (ao centro) com elementos da equipa do Hospital de São José/CHLC.

São José: abordagem multidisciplinar e discussão de casos complexos

Em Lisboa, no Hospital de São José/CHLC, a Consulta de Medicina/Imunodeficiência, adstrita ao Serviço de Medicina 1.4, assegura o acompanhamento de cerca de 750 doentes com infeção VIH.


São dadas 50 a 60 consultas semanais e recebidos cerca de 75 novos doentes/ano. A taxa de controlo é de 95%. Isabel Germano, responsável pela consulta, conta que esta foi criada em 1998, sob a coordenação de Teresa Branco (que substitui desde 2006), face ao crescente número de doentes com infeção VIH e à vocação particular de alguns internistas com formação diferenciada na área.

Além de outros aspetos, Isabel Germano destaca ainda, na entrevista, a autonomia recente para tratamento da hepatite C nos co-infetados VIH, previamente a cargo da Gastrenterologia/Hepatologia.


Telo Faria inaugurou a consulta da ULSBA em 1999.

ULSBA: consulta veio dar resposta aos doentes desta zona do país

A Consulta Multidisciplinar de Doenças Infeciosas da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) foi criada em 1999, por Telo Faria. Nessa altura, não havia ainda qualquer especialista, nesta zona do país, que seguisse doentes com VIH/SIDA, tendo estes que ser encaminhados para os hospitais de Curry Cabral, de Egas Moniz e de Santa Maria, em Lisboa.

De acordo com Telo Faria, seu coordenador, neste momento, a consulta conta com, aproximadamente, 200 doentes ativos, dos quais cerca de 70% são do sexo masculino, tendo a maioria uma idade compreendida entre os 30 e os 49 anos.


Esta consulta multidisciplinar dispõe do apoio da Oftalmologia e da Ginecologia e, sempre que necessário, da Obstetrícia. “Até agora, foram seguidas cerca de 30 grávidas, sendo que todas elas tiveram bebés saudáveis e sem VIH”, conta.


Domitília Faria (2.ª à esq.) e parte da equipa da Consulta de Imunodeficiência da Unidade de Portimão do CHA.

Portimão: confidencialidade e privacidade dos doentes privilegiadas em consulta integrada e polivalente

Com o objetivo de dar resposta ao crescente número de doentes com diagnóstico de infeção VIH/SIDA, que manifestamente teriam muita dificuldade em se deslocar para fora da sua área de residência, a Consulta de Imunodeficiência da Unidade de Portimão, CHA, foi criada em 1993, por Carlos Santos, integrada na atividade assistencial do Serviço de Medicina do então Hospital Distrital de Portimão.

Em 2008, foi inaugurado o Hospital de Dia de Imunodeficiência, que complementa as atividades da consulta. Domitília Faria, responsável pela consulta desde março de 2016, altura em que Carlos Santos assumiu a Direção Clínica do CHA, observa que a mesma abrange doentes do Barlavento – concelhos de Portimão, Silves, Lagoa, Lagos, Aljezur e Vila do Bispo –, mas está aberta, desde o início, a doentes do Sotavento que prefiram ser seguidos neste espaço. O contrário também acontece.



A reportagem completa, onde os entrevistados abordam diversos outros temas e adiantam algumas novidades, foi publicada pela Just News no Jornal das XVII Jornadas sobre a Doença VIH, distribuída aos participantes da reunião. 

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