Cuidados Paliativos: Cuidar e minimizar o sofrimento com «terapias out-of-the-box»
“Quando a Medicina não pode curar, existe sempre o cuidar para minimizar o sofrimento do doente e da família. Há sempre mais alguma coisa a fazer.” As palavras são de Elga Freire, internista e coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa (NEmPAL) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), que realizou as IV Jornadas no passado dia 19 de março.
Sob a temática “Terapias Out-of-the-Box em Cuidados Paliativos”, nas Jornadas híbridas, com componente presencial no Porto, participaram internos e especialistas de Medicina Interna, mas também outros profissionais que trabalham nesta área.
O objetivo deste evento, a pensar no que está “fora da caixa” foi, segundo Elga Freire, para "promover a abordagem de áreas complementares à Medicina convencional, tais como medicina narrativa, biblioterapia, mindfulness, terapia reconectiva e reiki".
Segundo a médica, "todas estas alternativas têm mostrado mais-valias quando utilizadas nos Cuidados Paliativos, quer para os doentes e familiares, como para os profissionais".
E Elga Freire sublinha precisamente a necessidade dos profissionais cuidarem também de si: “Quem cuida tem de estar minimamente bem para o conseguir fazer, sobretudo numa situação tão difícil como uma doença grave, independentemente do seu estádio.”
No evento falou-se ainda da utilização terapêutica da canábis e foi apresentado o Pallium Game, um jogo desenvolvido por enfermeiros para facilitar a comunicação entre profissional-doente-família.
No final, sob coordenação de Elga Freire, foi lançado o livro “Vozes que (se) contam: olhares cruzados sobre Cuidados Paliativos”, que conta com a colaboração de médicos, internos, doentes e cuidadores. “Quisemos dar a conhecer as nossas vivências diárias”, especificou a coordenadora do NEmPAL.
Elga Freire
Abordagem curativas e paliativa: “absolutamente essencial”
Na sessão de abertura das Jornadas, estiveram Vasco Barreto, vice-presidente da SPMI, que realçou o facto de o NEMPAL ser “uma estrutura muito ativa” da Sociedade, contribuindo para o que disse ser “o seu prestígio nacional e internacional”.
Quanto à temática central do evento, no seu entender é a expressão de como a Medicina Paliativa é “integrativa e multidisciplinar”.
A mesma visão foi partilhada pelos restantes convidados, nomeadamente António Araújo, presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, que lembrou que o que está “fora da caixa” também pode ser importante.
O presidente da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos, Rui Silva, também proferiu algumas palavras, relembrando a falta de recursos humanos em Cuidados Paliativos.
Catarina Pazes, presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, enfatizou, por sua vez, a necessidade de adquirir mais competências e como é “absolutamente essencial juntar a abordagem curativa e a paliativa”.