Mestrado em Investigação Clínica da FMUL «preenche um gap de formação especializada em Portugal»
"Criar competências para planear, implementar, conduzir e gerir estudos clínicos, bem como promover a divulgação científica de resultados." Este é um dos principais objetivos do Mestrado em Investigação Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), afirma Cristina Valente, docente convidada.
Na sua opinião, este projeto formativo, cuja 2.ª edição arrancou há pouco mais de dois meses, "também pretende promover a formação de profissionais altamente especializados e orientados para a investigação clínica, que integrem ou pretendam integrar equipas de investigação ou equipas multidisciplinares de gestão de investigação clínica a nível nacional e/ou internacional".
Reconhecendo ser "um motivo de grande orgulho e, acima de tudo, de enorme responsabilidade" fazer parte deste projeto e desta equipa de docentes", Cristina Valente adianta que "existe um profundo compromisso de todos em transmitir os conhecimentos técnicos específicos aplicáveis a esta área, também ela muito especializada e controlada do ponto de vista regulamentar".
E acrescenta: "Adicionalmente, pretendemos complementar e enriquecer estes conhecimentos, através da partilha das nossas vivências e experiências profissionais diárias, que, como todos sabemos, muitas vezes, se afastam daquele que é o puro conhecimento teórico. Acredito genuinamente que esta partilha de experiências é uma das grandes mais-valias deste mestrado e é também essa uma das minhas principais missões como docente."
Cristina Valente: “Acredito genuinamente que a partilha de experiências é uma das grandes mais-valias deste mestrado"
"Aumentar a literacia nesta área tão crítica"
Outra das missões de Cristina Valente neste projeto, "e não menos relevante", consiste em transmitir aos alunos "aquela que é a minha genuína paixão pela implementação e gestão de ensaios clínicos, para que no futuro, e juntos, consigamos aumentar a literacia nesta área tão crítica para a saúde em Portugal".
A docente convidada do Mestrado em Investigação Clínica da FMUL não tem dúvidas de que esta valência "vem preencher um gap de formação específica em Portugal e prepara os nossos alunos para se tornarem profissionais especializados e de excelência nesta área tão crítica e relevante para as nossas pessoas". Sendo que, "só assim iremos garantir a competitividade do nosso país".
Contribuir para a inclusão no "processo de investigação clínica"
Cristina Valente considera que existe ainda mais uma repercussão positiva da FMUL ter decidido avançar com este Mestrado. Recordando que, nos últimos anos, "tem vindo a existir um crescente reconhecimento da importância do envolvimento das pessoas com doença e dos seus representantes nos processos de investigação clínica", considera que "este envolvimento ainda está aquém do que seria desejável, pois, também existem lacunas ao nível da literacia das pessoas com doença e dos seus representantes".
Desta forma, deseja que "este mestrado, e/ou outras iniciativas semelhantes possam vir a contribuir para a capacitação dos representantes dos cidadãos, dos utentes e das associações de pessoas com doença como peritos em todo o processo de investigação clínica".
E sublinha: “Aumentar a literacia para a investigação clínica, assim como o número de profissionais dedicados, tem um papel absolutamente crítico para Portugal alcançar o nível de realização de ensaios clínicos expectável.”
"Continuarmos a construir uma cultura de investigação"
Reconhecendo que os ensaios clínicos em Portugal "têm tido uma evolução positiva nos últimos anos", também refere que existe ainda "um elevado potencial de crescimento, comparativamente com o que se observa noutros países europeus de dimensão semelhante".
E qual o principal obstáculo? "A escassez de recursos humanos especializados e com tempo dedicado para a realização de investigação clínica é, atualmente, um dos fatores responsáveis por esta disparidade observada entre países."
A solução passa, desde logo, por "garantir a existência de profissionais devidamente formados e dedicados", algo considerado "fundamental para garantirmos o sucesso da implementação dos ensaios clínicos em Portugal". Adicionalmente, "é crucial continuarmos a construir uma cultura de investigação, o que será possível ao aumentarmos os níveis de literacia para a investigação clínica".
Podem ser consultadas mais informações sobre o Mestrado aqui.
O artigo pode ser lido na próxima Coração e Vasos.