Reformas de proximidade: facilitar «o acesso e o percurso dos utentes ao longo do SNS»

O Ministério da Saúde quer ver os portugueses bem informados, para que possam, mais eficazmente, evitar ou controlar a doença. O secretário de Estado Fernando Araújo afirmou mesmo, esta terça-feira, que os profissionais de saúde poderão, num futuro próximo, vir a “prescrever literacia aos seus doentes”.

Lembrando que se trata de “um conceito extremamente inovador” e com um impacto relevante ao nível da saúde individual dos portugueses, aquele governante apresentou a questão da literacia como o primeiro de uma série de cinco pontos de atuação considerados fulcrais para uma saúde melhor para todos.

Fernando Araújo presidia à sessão de abertura de um evento de dois dias, em que se promoveu o debate em torno de um conjunto de ideias que estão a ser desenvolvidas pelo recém-criado Grupo de Trabalho para as Reformas de Proximidade, coordenado por Constantino Sakellarides, ex-diretor da Escola Nacional de Saúde Pública.



Plano individual de saúde

“Percursos de vida, literacia em saúde, integração de cuidados - Reformas de proximidade” foi o título dado à conferência realizada na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. A gestão dos percursos em cuidados de saúde foi, aliás, a segunda área de intervenção apresentada como “fundamental” pelo governante, que falou em “colocar essa tónica no próprio cidadão”.

“O principal gestor do percurso deve ser o utente. Naturalmente que em parceria com o seu médico, com os enfermeiros de família, com os demais profissionais de saúde. Juntos poderão criar um plano individual de saúde que contenha os objetivos principais, as metas a atingir, os prazos para os alcançar, e que, de alguma forma, irão guiar o utente”, afirmou Fernando Araújo.



Inovação no SNS

“A incorporação da inovação na gestão dos percursos no SNS” é, igualmente, um grande desejo do Ministério da Saúde, até porque “a saúde não pode, nem deve ficar à margem da verdadeira revolução tecnológica que se vive”, disse.

Contudo, sublinhou que existe "ainda muito trabalho a fazer na definição da forma de incorporar essa inovação no SNS", sendo que essa "é uma área que vale a pena seguramente trabalhar".



Salas de espera como "plataformas de comunicação"

A necessidade de qualificação dos espaços de atendimento no SNS é outro dos aspetos que caracteriza o programa de trabalho da equipa coordenada por Constantino Sakellarides. O secretário de Estado adjunto e da Saúde fez questão em esclarecer que há uma firme vontade em tornar esses espaços “autênticas plataformas de comunicação”.

“Pretende-se, graças à aferição das melhores práticas, que cada sala de espera, em cada um dos estabelecimentos de saúde, possa estar munida de informação acessível, agradável, interativa e adequada aos utilizadores”, garantiu Fernando Araújo.

Facilitar o "percurso dos utentes"

Integrar de forma horizontal os cuidados de saúde primários, os cuidados hospitalares e os cuidados continuados é mais um desafio a que se propõem os responsáveis do Ministério da Saúde. Fernando Araújo frisou mesmo que se trata de “uma prioridade política” conseguir essa integração horizontal, até porque se pretende “facilitar, acima de tudo, o acesso e o percurso dos utentes ao longo do SNS”.


Fernando Araújo e Constantino Sakellarides.

A conferência realizada esta semana poderá, no seu entender, representar “a primeira pedra nessa construção, que permitirá, nos próximos anos, aproximar, qualificar e, acima de tudo, integrar cada vez mais”. Apesar de admitir que “os desafios são grandes”.

Integraram também a mesa da sessão de abertura da conferência Henrique Luz Rodrigues, presidente do Infarmed, Marta Temido, presidente da Administração Central do Sistema de Saúde, e Francisco George, diretor-geral da Saúde.


Henrique Luz Rodrigues, Francisco George, Fernando Araújo e Marta Temido.






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