Portugal poderá erradicar a doença VIH em 2030 «enquanto ameaça de Saúde Pública»

De acordo com Telo Faria, coordenador regional do Alentejo do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção VIH/SIDA, o panorama da doença VIH em Portugal é "francamente positivo".

Este dado, juntamente com a implementação, já em vigor, do tratamento também como prevenção, "vai, provavelmente, dar-nos as ferramentas para cumprir, no nosso país, o objetivo definido pela ONUSIDA para 2030, a erradicação da pandemia, enquanto ameaça de saúde pública", afirmou o especialista, durante a Sessão de Abertura das XVII Jornadas sobre a Doença VIH, que decorreram durante dois dias em Viseu.

Telo Faria salienta que, segundo os últimos dados estatísticos, divulgados em 2015, o número de novos casos notificados de VIH em Portugal e os novos casos de SIDA têm vindo a diminuir de forma sustentada nos últimos anos. Apesar disso, menciona não deixar de haver dados preocupantes: “Verifica-se um acréscimo da proporção de casos em homens que fazem sexo com homens com uma idade mediana de novos casos inferior à das outras categorias de transmissão e, ainda, uma maior proporção de casos acima dos 50 e dos 65 anos.”



De acordo com o também coordenador do Núcleo de Estudos da Doença VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e presidente das Jornadas de Viseu, “estamos num momento particularmente decisivo e determinante no combate ao VIH”.

E acrescentou: “Alicerçados em três décadas de experiência clínica, de estudos e ensaios controlados e, recentemente, em novas estratégias de prevenção, podemos ambicionar, de um modo consequente, a reversão da propagação do vírus na comunidade e controlar a morbilidade e mortalidade associada a esta infeção.”



Esta visão atual deve-se, segundo Telo Faria, em grande parte, ao sucesso da abordagem do tratamento também como prevenção, isto é, iniciar a terapêutica imediatamente após o diagnóstico, independentemente da contagem dos linfócitos T CD4.

Baseada nesta recomendação da OMS, a ONUSIDA definiu como meta para 2020 o objetivo “90-90-90”, ou seja, diagnosticar 90% da população infetada com VIH, tratar 90% da mesma e investir no sentido de 90% dos doentes em tratamento terem carga vírica indetetável.

“Este é o desafio que temos nos próximos anos e, simultaneamente, sensibilizar as entidades políticas competentes na redução dos múltiplos fatores que poderão diminuir o impacto destas medidas”, mencionou.



Jorge Crespo, vice-presidente da SPMI, em representação do seu presidente, Manuel Teixeira Veríssimo, disse que aquela Sociedade tem, atualmente, 17 núcleos de estudo no ativo, que são a face visível da presença da especialidade na medicina que se pratica nos hospitais portugueses, estabelecendo pontes com outras áreas médicas e cirúrgicas e, ainda, com a Medicina Geral e Familiar.

“É nessa base que nos afirmamos, estabelecendo uma proximidade com todos os pontos que se interessam pelas mesmas áreas que a Medicina Interna, centrando o nosso interesse e preocupação no doente e contribuindo para que tenham o que de melhor a Medicina tem para lhes oferecer”, concluiu.



A sessão de abertura contou também com a participação de Guilherme Almeida, vereador responsável pelo pelouro da Saúde da Câmara Municipal de Viseu, e de Miguel Sequeira, em representação do presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Tondela-Viseu. O presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo, José Robalo, esteve presente mais tarde na reunião.




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