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Mutilação genital feminina: «Capacitamos os profissionais de saúde para sinalizar estas situações»

A maioria dos casos de mutilação genital feminina em Portugal são detetados e sinalizados no Hospital Fernando da Fonseca, EPE (HFF), que trabalha em articulação com os ACES da Amadora e de Sintra.

Para falar sobre este “atentado contra os direitos humanos das mulheres”, o HFF vai organizar um webinar no próximo dia 24 de maio, entre as 13h30 e as 17h, intitulado “Mutilação Genital Feminina: uma realidade”.

“É preciso capacitar os profissionais de saúde para identificar e sinalizar estas situações”, afirma Débora Almeida, enfermeira no HFF, que integra o projeto “Práticas Saudáveis – Fim à Mutilação Genital Feminina”.

Esta iniciativa resulta de um protocolo, estabelecido em 2018, entre o HFF, os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) da Amadora e de Sintra e a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), do Alto Comissariado para as Migrações e da Administração Regional de Saúde Lisboa e Vale do Tejo.


Débora Almeida e Khatidja Amirali

Do HFF, quem está mais ligado a esta iniciativa são as enfermeiras Ana Conceição, Débora Almeida e Khatidja Amirali, e a médica Esmeralda Barbosa, que trabalham no Serviço de Urgência Obstétrica e Ginecológica do HFF.

“O objetivo é detetar casos de mutilação genital feminina no momento do internamento por trabalho de parto ou no contexto de uma urgência relacionada com a gravidez e prevenir a mesma prática nas filhas”, indica Khatidja Amirali, em declarações à Just News.

Um risco bem real, mesmo quando a mãe tem noção de que se trata de um crime, como indica Ana Conceição:

“Regra geral, quem é responsável pela mutilação são os membros mais velhos da família e pode acontecer que, sem consentimento da mãe da menina, isto possa acontecer numa viagem ao país de origem dos pais.”



Khatidja Amirali, Esmeralda Barbosa (médica) e Débora Almeida

6500 mulheres em Portugal

Estimando-se que afete 6500 mulheres em Portugal, a mutilação genital feminina consiste na remoção parcial ou total dos órgãos sexuais externos da mulher, como forma de controlar a sua sexualidade.

Podendo acontecer entre a infância e a puberdade, costumam surgir problemas de saúde a diferentes níveis, como em termos de fertilidade, no parto, na vida sexual, entre outros. No HFF, as situações mais detetadas, segundo as enfermeiras, são maioritariamente da Guiné-Bissau, e além destas, casos na Guiné-Conacri, Senegal, Nigéria e Gâmbia.

A nível mundial, a Organização Mundial de Saúde, estima que haja mais de 200 milhões de crianças e jovens que sofram com esta tradição.



No Webinar irão participar enfermeiros e médicos, hospitalares e dos ACES, assim como membros da Associação de Filhos e Amigos de Farim e Associação Mulheres Sem Fronteiras. A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição através do mail mutgenfem@hff.min-saude.pt.

O programa pode ser consultado aqui.



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