Para uma Medicina Interna eficiente, há que «otimizar o internamento para doentes realmente agudos»
O presidente do 30.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI), que decorreu até domingo, em Vilamoura, foi bem claro ao intervir na sessão de abertura do evento. Fernando Salvador garantiu que “nenhum hospital funciona sem esta especialidade verdadeiramente integradora”.
Dirigindo-se aos congressistas na cerimónia de abertura, como presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), Lèlita Santos alertou para “o período de grandes dificuldades” que a sua especialidade atravessa, apelando à valorização da mesma. E sublinhou, sem hesitar, que é na MI que “estão os médicos mais resilientes e mais versáteis”.
Lèlita Santos
No entanto, a médica, que é diretora do Serviço de MI da ULS de Coimbra, frisou serem “necessárias medidas urgentes, que tardam, o que evidentemente proporciona desmotivação e desânimo, que podem tornar-se crónicos e irreversíveis”.
“Precisam de ser procuradas soluções no programa de formação, nas dotações dos serviços de MI, nos limites ao trabalho contínuo, no número de doentes observados por internistas, na possibilidade de formação contínua e na discriminação positiva enquanto especialidade de suporte dos hospitais”, enumerou Fernando Salvador, que dirige o Serviço de MI da ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro, responsável pela organização desta edição do CNMI.
Fernando Salvador
No seu entender, “o trabalho adicional tem de ser valorizado e têm de ser criadas estruturas físicas e até departamentais para uma melhor gestão do doente”. Para além de que “só otimizando o internamento para doentes realmente agudos, reduzindo globalmente os de índole social, teremos serviços de MI eficientes”.
Ao usar da palavra, o bastonário da Ordem dos Médicos fez questão de reconhecer “o contributo que a MI tem dado na liderança dos serviços de Urgência”, prestando assistência “aos doentes mais graves e diferenciados”.
Carlos Cortes afirmou ainda: “É preocupante eu encontrar nos hospitais médicos de MI exaustos, incapazes de corresponder a todas as solicitações, que não desistem de fazer o seu trabalho.”
“Disponibilidade absoluta do Governo em valorizar esta especialidade”
A ministra da Saúde quis associar-se à cerimónia de abertura do Congresso, que teve lugar ao final do dia da passada quinta-feira, 23 de maio, e fê-lo através de videochamada. Reconhecendo ser a MI “essencial para todo o sistema de Saúde”, assumiu a “disponibilidade absoluta do Governo em valorizar esta especialidade de forma totalmente prioritária”.
Expressando a sua “enorme admiração e gratidão para com a MI e todos os internistas”, Ana Paula Martins insistiu num aspeto: “O vosso papel ao longo dos anos, e em todo o país, tem sido por demais relevante.” Garantiu também estar o Ministério da Saúde empenhado em contribuir para “recriar a MI para os próximos anos”.
O 30.º Congresso Nacional de Medicina Interna, que mobilizou perto de 2000 participantes, ficou marcado, no último dia do programa, pela tomada de posse do novo presidente da SPMI: Luís Duarte Costa, 47 anos, coordenador do Atendimento Urgente de Adultos do Hospital da Luz Lisboa. Tem pela frente um mandato de 3 anos.
Entretanto, o Convento de São Francisco, em Coimbra, foi o local escolhido para a realização, entre 22 e 25 de maio de 2025, do próximo CNMI, cuja organização será da responsabilidade do Serviço de MI da ULS de Coimbra.