Novos fármacos poderão aumentar a sobrevida dos doentes com DPOC

“Existem hoje avanços importantes em termos de tratamento e estão em desenvolvimento novos medicamentos que podem ajudar os doentes com DPOC, aumentando a sobrevida e melhorando a sua qualidade de vida”, afirma Jaime Correia de Sousa, presidente do International Primary Care Respiratory Group (IPCRG).

Em entrevista à Just News, publicada na edição de setembro do Jornal Médico, o professor auxiliar convidado da Escola de Ciências da Saúde (ECS) da Universidade do Minho e médico de família da USF Horizonte, em Matosinhos, sublinha que os últimos anos foram “pródigos” no aparecimento de novos fármacos e na definição dos critérios clínicos para a sua utilização, sobretudo através da iniciativa GOLD.

“Havendo várias moléculas novas para o tratamento da DPOC, chegadas ao mercado nos últimos anos, é natural que tenha havido um incremento considerável da investigação nesta área”, afirma, acrescentando que as principais empresas da indústria farmacêutica têm presentemente vários estudos a decorrer, essencialmente ensaios clínicos, mas também alguns estudos observacionais, sobre a utilização dos medicamentos em contexto clínico.

Segundo o especialista em MGF, a prevenção da exposição é a principal forma de se conseguir reduzir os danos causados pela DPOC a nível das populações. “Apesar de assistirmos a uma redução importante da prevalência de fumadores em todo o Mundo, a epidemia de tabagismo continua a ser uma das principais causas de DPOC.

Segundo dados da OMS, morrem todos os anos cerca de 6 milhões de pessoas por doenças relacionadas com o tabaco, das quais mais de 600 mil são fumadores passivos”, indica.

De acordo com Jaime Correia de Sousa, a indústria tabaqueira continua a conseguir aliciar novos consumidores entre a população mais jovem e em países de economias emergentes, através de diversas formas agressivas de marketing. 

“A OMS tem como objetivo a redução do consumo através de iniciativas como a ‘Tobacco Free Initiative’, onde se destacam as propostas para os maços ‘neutros’, sem marca, o protocolo para diminuir o comércio ilícito, as restrições de espaços públicos onde se permite o consumo, entre outras”, aponta.

Mas, segundo o médico, o uso doméstico de combustíveis de biomassa para aquecimento e confeção de alimentos que ocorre em numerosos lares em todo o planeta é outra fonte importante de exposição que pode levar a DPOC. Consequentemente, uma outra forma de prevenção passará pela melhoria das condições de vida dessas populações e o acesso a combustíveis não poluentes.

“O diagnóstico atempado da DPOC poderá ser um fator contribuinte para o controlo da doença, mas ainda não é claro, sendo controverso a nível da literatura científica, qual é o momento mais adequado para esse diagnóstico”, afirma.

Apesar de se falar muito da importância do diagnóstico precoce, na opinião de Jaime Correia de Sousa, será mais correto falar do conceito de diagnóstico atempado, sendo necessário que se desenvolvam esforços para identificar em que fase do desenvolvimento da doença se justifica o diagnóstico e o início do tratamento.

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