«O endovascular foi um novo mundo que se abriu para tratar doenças vasculares»

Luís Mota Capitão entrou para o Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Lisboa Central, em 1979, sendo seu diretor desde 2004 e tendo testemunhado a evolução que ocorreu ao longo das últimas mais de quatro décadas na área. 

Em entrevista à Just News, publicada no Jornal do XIII Simpósio Internacional de Angiologia e Cirurgia Vascular, evento que decorreu nos dias 28 e 29 de outubro, Mota Capitão sublinha que, "atualmente, é possível chegar a praticamente todos os vasos arteriais e venosos e a todos os vasos doentes em qualquer sítio do corpo, o que representou um avanço importante não só para a Angiologia e Cirurgia Vascular, mas também para a Cardiologia, a Neurocirurgia e a Neurorradiologia. Ou seja, o endovascular foi um novo mundo que se abriu para tratar as doenças vasculares!"




Relativamente ao futuro da área da Angiologia e Cirurgia Vascular, considera que "vai continuar a haver novidades quer no que respeita ao diagnóstico, quer à terapêutica, com grandes desenvolvimentos da ultrassonografia, da imagiologia por scanner, da ressonância magnética (convencional ou com hibridação de processos de avaliação técnica) e da imagiologia vascular, que, na minha opinião, vai ser fundamental, porque quanto mais qualidade tiver mais vai potenciar a intervenção vascular."


Por outro lado, refere que "a intervenção vai continuar a desenvolver-se muito do ponto de vista endovascular, mas é necessário manter a cirurgia convencional, que não pode deixar de ser praticada porque, de ´per si` ou em conjunto, usando métodos híbridos, com a cirurgia endovascular, permite fazer cada vez mais intervenções cirúrgicas e menos agressivas para os doentes".

Adicionalmente, adianta ainda que "se houver sucesso na Área de Coração, Vasos e Tórax, que agrupa a Cardiologia de Adultos e Pediátrica, a Cirurgia Cardíaca, a Cirurgia Torácica, a Angiologia e Cirurgia Vascular e a Pneumologia, podemos ter mais centros de excelência em Portugal."

Referenciação vascular: "Está no papel, mas não existe"


Entre outras temas desenvolvidos na entrevista, Mota Capitão é questionado sobre a referenciação vascular, que considera ser "um dos grandes desafios nesta área" e explica: "Em Portugal, a referenciação é virtual. Está no papel, mas não existe! É necessário haver uma rede de referenciação quer para a atividade programada, quer para a urgência. Que seja bem pensada, real e eficaz."

Na sua opinião, "é preciso olhar para a esquadria do mapa e perceber como é que, do ponto de vista da referenciação, os grandes hospitais devem trabalhar. Isto desvirtua completamente a atividade assistencial, quer do ponto de vista da atividade programada (porque causa grandes listas de espera), quer da urgência, que sobrecarrega os programas operatórios quotidianos."



O XIII Simpósio Internacional de Angiologia e Cirurgia Vascular decorreu nos dias 28 e 29 de outubro, no Centro Cultural de Belém, sendo um "evento de atualização" organizado exatamente pelo Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital de Santa Marta, que deu início à realização da reunião há 30 anos.


Segundo Mota Capitão, "a organização foi bem pensada, devendo-se não só ao Prof. Frederico Gonçalves, à Dr.ª Maria Emília Ferreira e ao Dr. João Albuquerque e Castro e a mim próprio, mas também a todos os elementos do Serviço. Todos participaram, desde a fazer filmes, a entrar em debates, etc. Destaco ainda a apresentação da terceira edição de um manual de Angiologia e Cirurgia Vascular que é feito no Serviço."

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