Aproximação entre a Reumatologia e a MGF «melhora o processo de referenciação»

Para João Eurico Fonseca, presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, devido à grande prevalência das doenças reumáticas e dado o "número limitado" de reumatologistas no SNS, "a aposta no desenvolvimento das competências dos especialistas em Medicina Geral e Familiar (MGF) para diagnosticar e tratar algumas doenças reumáticas afigura-se como uma prioridade".

O responsável recorda que, "apesar da sua grande prevalência, sabe-se que as doenças reumáticas estão subdiagnosticadas, existindo muitos doentes que desconhecem que sofrem destas patologias" e que, de acordo com dados do EpiReumaPt (Estudo Epidemiológico das Doenças Reumáticas em Portugal), estima-se que aproximadamente 56% da população padece de patologias e queixas reumáticas ou musculoesqueléticas.

Contudo, "apesar da sua grande prevalência, sabe-se que as doenças reumáticas estão subdiagnosticadas, existindo muitos doentes que desconhecem que sofrem destas patologias. Na verdade, apenas 22% do total de doentes avaliados no EpiReumaPt autorreportaram que sofriam de uma patologia reumática."

Caminhar para uma referenciação mais eficaz

Em artigo publicado na última edição do Jornal Médico, no âmbito de um Dossier sobre Reumatologia, João Eurico Fonseca explica que a Sociedade Portuguesa de Reumatologia tem desenvolvido "um conjunto de instrumentos de orientação e de apoio à formação contínua, dirigido quer aos que influenciam a oferta formativa, quer aos seus destinatários".

Na sua opinião, trata-se de "um esforço de aproximação entre a Reumatologia e a MGF que facilita o trabalho de ambas as especialidades, melhorando, acima de tudo, o processo de referenciação."

O especialista considera que existem doenças reumáticas que "podem ser diagnosticadas, tratadas e acompanhadas pelo médico de família, como a osteoartrose, as síndromes de dor crónica, os reumatismos periarticulares, a osteoporose, a gota úrica, as lombalgias, etc. Porém, há várias doenças reumáticas e musculoesqueléticas que devem ser referenciadas para a especialidade, com particular destaque para as doenças reumáticas inflamatórias."

Nestes casos, acrescenta, "a abordagem do reumatologista faz toda a diferença", sublinhando que "o diagnóstico precoce e uma terapêutica atempada e adequada podem alterar totalmente o prognóstico destes doentes."




Melhor representação 
na rede hospitalar

João Eurico Fonseca chama a atenção para o facto de, em Portugal, existirem "apenas 107 reumatologistas ligados ao SNS (de acordo com dados divulgados em setembro de 2015 pelo Colégio da Especialidade de Reumatologia da Ordem dos Médicos)". Sendo que este número "evidencia que a cobertura nacional pela especialidade da Reumatologia é ainda inadequada, tendo em conta a prevalência das doenças reumáticas no nosso país".


Esta realidade leva o reumatologista a afirmar ser "fundamental a existência de uma rede nacional, harmoniosa e abrangente, que garanta a equidade de acesso dos cidadãos a especialistas de Reumatologia.

Uma vez que continuam a haver áreas do país "muito carenciadas na oferta de prestação de cuidados adequados aos doentes", não tem dúvidas de que se torna "essencial que os hospitais mais pequenos criem uma política de abertura para receber unidades de Reumatologia – seguindo critérios para a distribuição geográfica dos serviços da especialidade, desenhados de acordo com a melhor prática clínica definida atual e internacionalmente."

O objetivo central é que, "num futuro muito próximo, os doentes reumáticos vejam as suas doenças melhor e mais precocemente diagnosticadas, com benefícios diretos para os cidadãos e ganhos indiretos para a sociedade", sublinha o presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.

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