«O médico de família está perfeitamente apto a diagnosticar e tratar a HTA»

O atual presidente da SPH, que tomou posse no passado mês de março, garante que os médicos de família estão não só sensibilizados para o problema que representa a hipertensão como devidamente capacitados para diagnosticar e tratar a generalidade dos casos com que se deparam.


Em boa verdade, como o presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão faz questão de referir, a intervenção da Medicina Geral e Familiar “é fundamental, desde logo, na prevenção da hipertensão arterial, um fator de risco de peso indiscutível para uma série de doenças do foro cérebro-cardiovascular. Os nossos colegas dos cuidados de saúde primários têm um papel muito importante a esse nível”.

“Como sabemos, as consequências de um episódio dessa natureza são, por vezes, dramáticas, podendo resultar na morte do indivíduo ou causar lesões incapacitantes. Pensemos em alguém em idade ativa que tenha um AVC ou um enfarte do miocárdio. Sobrevivendo, certamente que a sua vida não vai ser a mesma a partir desse momento”, sublinha Fernando Martos Gonçalves.

O nosso entrevistado, que integra o Serviço de Medicina Interna do Beatriz Ângelo, unidade hospitalar da ULS de Loures-Odivelas, lembra que “são basicamente os médicos de família que fazem o diagnóstico da HTA e que depois tratam e vigiam os doentes hipertensos, procurando que se mantenham controlados”.

E adianta: “Pode haver uma ou outra situação – mais difícil de resolver, ou que requeira determinados exames – que obrigue a recorrer a cuidados hospitalares, mas, de um modo geral, os casos são acompanhados, e bem, pela MGF. Até já há muitas unidades de saúde, inclusivamente na minha área de Loures-Odivelas, que dispõem de consultas dedicadas à hipertensão arterial, com apoio da enfermagem.”



Fernando Martos Gonçalves diz que para a Consulta de Risco Vascular que coordena no HBA são encaminhados doentes pelo médico de família pela suspeita de hipertensão secundária por deficiente resposta à terapêutica e/ou por alterações sugestivas nos exames complementares de diagnóstico.

É sabido que, hoje em dia, dificilmente se encontra quem sofra apenas de hipertensão, acumulando com alguma outra condição, como a diabetes, a hiperlipidemia ou a obesidade. Aliás, frisa o presidente da SPH, “é o próprio risco de cada doente que determina a importância da hipertensão”. E alerta:

“Hoje em dia, é uma visão míope restringirmo-nos à HTA, tal como o é se falarmos apenas em dislipidemia, porque é a associação de várias condições, entre as quais a hipertensão, que resulta num alto risco cardiovascular.”

“Mas o médico de família está preparado e sabe perfeitamente que, a partir dos 40 ou 50 anos, o mais provável é que coexistam duas ou mais comorbilidades em cada indivíduo”, afirma.



“A maioria dos hipertensos é diagnosticada e tratada pela MGF”, frisa Fernando Martos Gonçalves

Incrementar o papel da SPH enquanto agente de sensibilização da população

Refere tratar-se de um mandato em que se pretende dar continuidade ao que já vinha sendo feito, nomeadamente no que respeita a investir na parceria estreita que existe com a Sociedade Europeia de Hipertensão e com outras sociedades congéneres, como a húngara.

“Temos tido um bom acolhimento na Europa, também em virtude das medidas que fomos tomando enquanto país com vista à redução do sal, por exemplo. Reconhecem-nos como uma Sociedade ativa, que tem apresentado trabalho”, diz.

Incrementar o papel da SPH enquanto agente de sensibilização da população para o risco cardiovascular é outro objetivo, justificando: “São doenças silenciosas, que continuam a ser a principal causa de morte em Portugal e, apesar dos avisos, a situação não melhorou. Temos de estar mais perto das pessoas e alertá-las para esta problemática, numa tentativa de que haja menos mortes precoces e menos gente acamada e em cadeira de rodas, em resultado de um AVC, por exemplo.”

“Desejo ainda aproximar-nos mais da classe médica e reforçar as boas sinergias que temos com as sociedades portuguesas de Cardiologia, de Aterosclerose e de Medicina Interna, que, aliás, fazem parte do júri do Prémio Missão 70/26 – Literacia HTA”, acrescenta Fernando Martos Gonçalves.

A notícia completa pode ser lida na edição de setembro do Jornal Médico.

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