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O recente Cardiovascular Research Center tem já 4 projetos em planeamento na Luz Saúde

É sob a coordenação do cardiologista Victor Gil, presidente cessante da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, que foi criado recentemente no grupo Luz Saúde o Cardiovascular Research Center (CRC). O objetivo principal é claro: "Queremos dar uma resposta estruturada ao desafio de criar um centro de investigação cardiovascular".

De acordo com o médico, "o primeiro passo foi criar o grupo de ´investigation facilitators`, para refletir sobre os caminhos a seguir, com a preocupação de seguir as regras integradoras do Centro de Investigação do Hospital da Luz Learning Health e de articular, sempre que possível, com o Centro Académico Clínico (CAC) Católica - Luz".

De seguida, e "com o doente cardiovascular no centro da decisão", esclarece que foram definidos projetos de investigação multidisciplinares "e estabeleceram-se as parcerias científicas adequadas a cada projeto, de forma, também, a promover os percursos académicos".

4 projetos  de investigação em planeamento

A equipa do CRC encontra-se neste momento a "ultimar detalhes de engenharia financeira e parcerias científicas", que permitam continuar a avançar com as investigações dos quatro projetos científicos, que foram aceites para ter apoios da Luz Saúde e que abordam os seguintes temas:

1) Use of cluster analysis to phenotype patients with coronary atherosclerosis according to plaque burden and composition
2) Metabolomics in Atherosclerotic Obesity
3) Clonal Hematopoiesis of Indeterminate Potential and cardiovascular risk? Addressing the role of the endothelium
4) Randomized Clinical Trials in Structural Heart Disease – A randomized clinical trial on intravenous iron supplementation after TAVI to improve functional capacity

Aplicação mais imediata: "Utilização de carboximaltose férrica"

Victor Machado Gil, que coordena igualmente o recém criado Centro de Risco Cardiovascular e Trombose do Hospital da Luz Torres de Lisboa, adianta qual o projeto "com aplicabilidade clínica mais imediata", entre os quatro que estão a decorrer:

"É o da utilização de carboximaltose férrica como terapêutica complementar na implantação de próteses aórticas por via transcutânea na perspetiva de melhoria adicional da capacidade funcional."

Outro projecto, pretende fazer uma leitura de angioTC coronárias usando técnicas de machine learning como “cluster analysis” visando estabelecer grupos homogéneos, o que pode ter "potencial impacto na atitude clínica perante os doentes, de acordo com a carga aterosclerótica e composição das placas".


Victor Machado Gil

Foco na multidisciplinariedade


Em relação ao projeto de investigação sobre o metaboloma na obesidade aterosclerótica, indica que pode ser identificado como "um projeto exemplo de multidisciplinariedade". E percebe-se porquê. Tem como investigador principal um endocrinologista e tem parcerias com o Departamento de Imagiologia - "colaboração transversal a três dos projetos em plano" - e com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Na sua opinião, "este projeto vai ampliar os nossos conhecimentos acerca deste mundo, novo e fascinante, que é a dismetabolia aterosclerótica".

Quanto ao projeto CHIP (Clonal Hematopoiesis of Indeterminate Potential and cardiovascular risk) insere-se numa das "mais avançadas e atuais áreas do conhecimento nos mecanismos da aterosclerose" e promove também o cruzamento de diferentes competências, envolvendo neste caso investigadores da Universidade Católica.

Esclarece o médico que o CHIP "foca-se num mecanismo potencial de aterosclerose que foge um pouco aos padrões de risco tradicionais", pelo que existe a convicção de que "pode abrir portas para novas atitudes e abordagens".

De acordo com Victor Machado Gil, o horizonte temporal destes projetos de investigação é variável, "podendo ir até 3 anos, com início no segundo semestre de 2023", fazendo questão de sublinhar: "Fundam-se no conceito da investigação translacional, com aplicação prática dos resultados obtidos, ou seja ´bedside-to-bench`."

E acrescenta: "A título de exemplo, no projeto da carboximaltose férrica, poderá conseguir-se, se os resultados forem os esperados, um impacto positivo imediato na qualidade de vida dos doentes. Em todos os outros, o benefício é mais mediato, mas o aumento do conhecimento tem sempre como foco final o benefício dos doentes."

E esta é precisamente a mensagem central deixada pelo coordenador do CRC: “É para os doentes que trabalhamos, pensamos e sonhamos ciência."

Os 4 projetos desenvolvidos pelo Cardiovascular Research Center foram apresentados esta sexta-feira, no decorrer do 2.º Congresso de Investigação da Luz Saúde. Além do próprio Victor Machado Gil, o CRC conta com mais quatro investigadores principais: Afonso Félix de Oliveira, António Ferreira, Daniel Macedo e Bruno Cardoso.

 

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