«O secretário clínico é o elo que liga a comunidade à equipa de saúde»
Feitas as contas, há mais de 17 anos que Lívia Galão é um dos elementos da USF Vale do Sorraia com que os utentes se deparam logo que chegam àquela unidade para uma consulta médica ou para recorrer aos serviços da equipa de enfermagem.
“O secretário clínico é o primeiro rosto que acolhe o utente, o elo de ligação entre a comunidade e a equipa de saúde e alguém que é fundamental na organização, eficiência e humanização dos cuidados prestados. A nossa atuação impacta diretamente a qualidade do serviço, a segurança do utente e a fluidez do trabalho clínico”, afirma Lívia Galão, que falou com a Just News na sua qualidade de presidente da Comissão Organizadora do 16.º Encontro Nacional das USF.
“O nosso papel nas USF vai muito para além da receção e do atendimento administrativo”, assegura, acrescentando que, ao longo dos anos, “temos vindo a assistir a uma valorização crescente da nossa função, com um maior reconhecimento das nossas competências técnicas, relacionais e organizacionais”.
No entanto, adverte ser “essencial continuar a investir na evolução da carreira de secretário clínico, com formação contínua, uma definição clara de competências e oportunidades de progressão que reflitam a complexidade e a responsabilidade do nosso trabalho”.
“Mais do que simplesmente exercer uma função, ser secretário clínico é assumir um compromisso diário com a dignidade, o cuidado e a excelência no serviço público de saúde”, considera Lívia Galão, que tem consciência da importância que tem o Encontro anual organizado pela USF-AN (Unidades de Saúde Familiar – Associação Nacional):
“É uma oportunidade única para reforçar a importância do secretariado clínico nas equipas multidisciplinares, para promover o debate sobre o nosso papel no futuro das USF e inspirar novas gerações de profissionais a abraçar esta carreira com orgulho e ambição.”
Lívia Galão
A propósito do lema escolhido para o 16.º Encontro – “USF B - Agora, mais que nunca” –, Lívia Galão refere pretender ser “um apelo a que defendamos, com conhecimento e com coragem, o que já se construiu”. E ainda: “Que lutemos, com união, por políticas públicas que consolidem e ampliem o modelo. E também que inspiremos novas gerações a acreditarem ser possível trabalhar no SNS com sentido, qualidade e dignidade.”
Sócia desde 2009, ano de criação da USF-AN
O 1.º Encontro Nacional das USF realizou-se em fevereiro de 2009, apenas um mês depois da criação formal da USF-AN. Pois que fique registado que Lívia Galão acompanhou o médico de família Carlos Ceia – primeiro coordenador da USF Vale do Sorraia, que deixou o cargo no final de 2021, mantendo-se, contudo, na Unidade até à sua aposentação, em julho último – na deslocação a Aveiro, cidade onde o evento teve lugar.
E logo acrescenta que, percebendo a dinâmica da recém-criada Associação, dias depois já se tinha tornado sócia da USF-AN, confirmando que ao longo destes 16 anos já participou em inúmeros eventos, incluindo algumas edições do Encontro Nacional de Secretários Clínicos.
Ainda hesitou um pouco quando foi desafiada a presidir à CO do 16.º Encontro Nacional das USF, mas o facto de sentir que o apoio da própria Associação não iria faltar e a circunstância de o Encontro de 2024 já ter sido no mesmo local – o CNEMA (Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas), em Santarém – ajudou-a a tomar a decisão de aceitar.
Perante a tarefa de ter que constituir uma Comissão Organizadora Local, convidou uma dúzia de profissionais, entre médicos, enfermeiros e secretários clínicos (a contar consigo, são 13), sendo que metade dos elementos já tinham estado envolvidos na organização do Encontro de 2024. Percebe-se a lógica do critério usado por Lívia Galão!
Entretanto, a presidente da CO está particularmente entusiasmada com uma das palestras programadas para a manhã do último dia, intitulada “Comunicação não violenta”, e que vai ser assegurada por uma socióloga que conheceu numa ação de formação proporcionada há uns meses pela ULS da Lezíria.
“O que se pretende é sabermos falar com o utente e criar empatia, percebendo que tipo de pessoa está à nossa frente e adequar o discurso. Por vezes, somos violentos com um simples gesto, um olhar, ou não dando a atenção que devíamos dar a quem recorre a nós. Atender bem é servir o outro, não criando complicações ou barreiras”, aconselha Lívia Galão.
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A notícia completa pode ser lida na edição de outubro do Jornal Médico.


