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Perseguir o objetivo «de termos hospitais centrais» no interior norte do país

O presidente do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) considera uma prioridade investir nos hospitais da região, não só em recursos humanos, mas também em equipamentos e tecnologias. “Nós temos que ter diferenciação”, defendeu João Oliveira, ao intervir numa conferência/debate realizada em Vila Real.

Aquele responsável, que lidera o Conselho de Administração do CHTMAD, que integra o Hospital de São Pedro e as unidades de Chaves e Lamego, é muito claro no seu discurso: “Não podemos deixar de perseguir o objetivo de termos hospitais centrais e de referência tão bons ou melhores do que qualquer hospital do litoral”.



“Eu recuso-me a considerar que estes hospitais têm de ser apenas de Medicina Interna e de Cirurgia Geral e que tudo aquilo que for acima disso é de referenciar para o litoral”, afirma João Oliveira.

Ocupando o atual cargo há menos de dois anos, uma realidade para si nova, depois de ter exercido a sua atividade, durante bastante tempo, no Centro Hospitalar de São João, no Porto, chama a esta sua mais recente experiência profissional “a consciencialização do que é efetivamente o interior”.

Aquele administrador, que é formado em Matemática Aplicada, foi um dos elementos do painel de comentadores que intervieram na sequência de uma palestra proferida por José Portela, professor catedrático aposentado da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Mas também seria o anfitrião de mais uma sessão do Caminho dos Hospitais, iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).



O palco do debate foi o auditório do Hospital de São Pedro, em Vila Real, e o tema era estimulante: “A prestação de cuidados de saúde e a interioridade”. Os elogios ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por João Oliveira ouviram-se logo na sessão de abertura do evento, quando o presidente da ARS Norte questionou: “Será que a interioridade e a ruralidade só estarão nas nossas cabeças ou também estarão nos mapas?”

“Falamos muito em qualidade de vida, em acesso fácil a uma série de equipamentos, etc., mas nem com a afiliação nós conseguimos colocar médicos no interior. Exceto com a política de contratações que o Dr. João Oliveira e o seu CA têm levado a cabo”, afirmou Pimenta Marinho, que fez questão de adiantar que a Ordem dos Médicos considera “tranquila” a situação no CHTMAD.

Fazer algo diferente e disruptivo

O presidente da Unidade Local de Saúde do Nordeste Transmontano (ULSNT), que usou da palavra depois de João Oliveira, haveria de se referir à “luta enorme, nomeadamente, da Oncologia, luta titânica, com a oposição total dos hospitais do Porto…”

Admitindo que a sua ULS tem feito “bons acordos” com o CHTMAD, Carlos Vaz fala em “articulação funcional efetiva” como solução para a realidade que se vive naquela zona do país. E deixou evidente que “será melhor eu apoiar, e apoio fervorosamente, o desenvolvimento de algumas atividades em Vila Real, porque, pelo menos, está a uma hora de Bragança…”


Carlos Alberto Silva, Delfim Rodrigues, José Portela, Alexandre Lourenço, Isabel Antunes (ULS Guarda), Pimenta Marinho, Carlos Vaz e João Oliveira.

Carlos Alberto Silva, outro dos comentadores da palestra de José Portela, intitulada “A coesão territorial como fator de desenvolvimento territorial”, defendeu ser preciso fazer “qualquer coisa diferente e disruptiva” para apoiar o interior. Aliás, no seu entender, este “não é, no caso concreto da saúde, o causador do descalabro dos custos”.

O presidente do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, que administra as unidades hospitalares de Penafiel e Amarante, e que considera estar “ali na fronteira entre o litoral e o interior”, diz que, se for preciso, se deve pagar mais aos médicos, enfermeiros, auxiliares… para os cativar a fixarem-se no interior.

“De uma forma muito pragmática, para lá dos 60 km do litoral, temos de fazer qualquer coisa de diferente. Numa primeira fase, e não havendo outra forma, que se pague o dobro aos jovens profissionais”, argumenta Carlos Alberto Silva.

Contribuir para reduzir "situações de periferia"

O projeto Caminho dos Hospitais teve início em setembro de 2016, com um debate no Hospital do Espírito Santo, em Évora. Desde então, têm sido várias as sessões realizadas pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, presidida por Alexandre Lourenço.



O objetivo do projeto passa por facilitar a criação de "mecanismos que diminuam situações de periferia, através de visitas e reuniões programáticas mensais às instituições de saúde do SNS, de forma descentralizada, dando especial enfoque a questões da atualidade".

A moderação desta última sessão, onde também participou Isabel Antunes, presidente do Conselho de Administração da ULS da Guarda, esteve a cargo de Delfim Rodrigues, presidente do Conselho de Administração do Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães.



A reportagem completa sobre a última sessão do projeto Caminho dos Hospitais pode ser lida na próxima edição do Hospital Público.

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