Captação de ensaios clínicos: Portugal «começa a retomar a dinâmica que se pretende»

De acordo com Ana Torres, Pfizer’s Portugal Country Manager & Global Innovative Pharma Head, Portugal é um dos países da Europa menos atrativos para a captação de ensaios clínicos, competitividade que tem vindo a recuperar de forma progressiva. Aquela responsável falava no âmbito da primeira sessão do Ciclo de Conferências “ÁGORA - Ciência e Sociedade | 2015-2016”, promovida pela Universidade de Lisboa, na qual participou como palestrante.

Entre 2006 e 2012, houve uma “perda clara” de competitividade, com um decréscimo avultado do número de ensaios clínicos em Portugal, de 160 para 118. Em 2013, foram submetidos 114 e, em 2014 e no primeiro semestre de 2015, assiste-se a uma tendência crescente, “começando-se a retomar a dinâmica que se pretende na área da investigação clínica”, salientou Ana Torres.

A responsável participou, juntamente com Carlos Neves Martins, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, na conferência intitulada “Centros Hospitalo-Universitários & Investigação Clínica”, moderada por Rogério Gaspar, vice-reitor da Universidade de Lisboa.



Segundo mencionou, estes foram anos em que houve uma “queda substancial” no número de ensaios clínicos e também em termos de investimento total em Investigação & Desenvolvimento na Europa. “Em Portugal, a esmagadora maioria dos ensaios clínicos tem como promotor a Indústria Farmacêutica, enquanto, por exemplo, em Espanha, 1/3 dos estudos é promovido pelas instituições académicas”, adiantou.

Ana Torres afirmou que as medidas legislativas que têm ocorrido nos últimos anos são positivas, no entanto, “ainda há muito para fazer”, como é o caso de uma maior agilização de processos, principalmente no que respeita à questão dos tempos de aprovação pela Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC), Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. (Infarmed) e Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD)”.

Lembrou ainda que existe uma relação direta entre a investigação clínica e o acesso a novos medicamentos. “Toda a inovação só é interessante se chegar às pessoas”, e, em alguns casos, “a demora tem consequências muito penosas”.



A responsável acredita que o futuro será positivo para Portugal. “Há unidades de investigação de ponta e investigadores portugueses de excelência. Temos de alavancar a experiência adquirida, expandindo os modelos colaborativos e de networking nesta área. Temos ainda de promover o reconhecimento, nacional e internacional, das nossas competências”, apontou, acrescentando que já existem casos de sucesso.

Para a diretora-geral executiva da Pfizer, é essencial investir no empreendedorismo, na investigação e na inovação, "enquanto motores de desenvolvimento económico do país".

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