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«Portugal pode ser um polo dinamizador da Medicina Interna a nível europeu»

Mais de 2 mil participantes de 82 países marcaram presença no 18th European Congress of Internal Medicine, que decorreu entre 29 e 31 de agosto, em Lisboa.

Um dos pontos altos foi a sessão de abertura, que, além da presença da ministra da Saúde, contou com a intervenção de Nicola Montano, presidente da European Federation of Internal Medicine (EFIM), que considerou Portugal um exemplo para o resto da Europa.

O responsável teceu rasgos elogios à Medicina Interna (MI) portuguesa, realçando o trabalho dos internistas na defesa da especialidade. E mencionou mesmo que o país é um exemplo: “Portugal pode ser um polo dinamizador da MI a nível europeu.”


Nicola Montano e Luís Campos

O presidente da EFIM enalteceu o diálogo entre os especialistas e o poder político, “o que não acontece na maioria dos países europeus”, apesar de os internistas terem “uma visão holística do doente, não olhando apenas para a doença, mas para todo o contexto envolvente”.

Concluiu dizendo acreditar que “a MI tem um futuro brilhante”, sobretudo por ajudar na contenção da despesa associada às doenças crónicas e à multimorbilidade.

“Aproveitar ainda melhor o potencial dos Hospitais de Dia”

As palavras de Nicola Montano seguiram-se às de Luís Campos, presidente da comissão organizadora local, que também destacou o papel dos internistas na sociedade, defendendo que “o modelo hospitalar com base em serviços de órgãos ou sistema já não é o mais apropriado para tratar os doentes”.

O responsável começou por relembrar as mudanças sociais e demográficas que afetam a saúde, "nomeadamente o aumento das doenças crónicas e das multimorbilidades e do seu impacto na despesa da Saúde". E concluiu que os hospitais devem apostar em departamentos médicos, coordenados por internistas.

Mas não só: “Temos também de mudar o paradigma do doente cirúrgico, devendo os internistas ser os coordenadores dos cuidados, para se conseguir melhores outcomes.”

E continuou: “Precisamos ainda de aproveitar melhor o potencial dos Hospitais de Dia e da Hospitalização Domiciliária e manter os doentes crónicos longe das urgências, oferecendo-lhes cuidados proactivos, preventivos e integrados, centrados nas suas próprias necessidades.”


Luís Campos

O internista alertou também para a relevância da interligação entre os cuidados de saúde e os serviços sociais. “É cada vez mais difícil separar os problemas de saúde dos sociais nos hospitais públicos.”

Focando-se mais nas questões profissionais, Luís Campos reconheceu os desafios da MI e apelou a uma maior consciência do papel dos internistas. “Se oferecemos cuidados de saúde de valor, estes têm de ser reconhecidos e recompensados.”

“A Medicina Interna é o exemplo da visão do fundador do SNS, António Arnaut

Uma das presenças que mais se destacou na sessão de abertura foi a da ministra da Saúde, Marta Temido, que enalteceu o papel da MI nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerando-a “a mãe de todas as especialidades”.

A responsável chegou mesmo a dizer que “a Medicina Interna é o exemplo da visão do fundador do SNS, António Arnaut, cujo objetivo é olhar o indivíduo como um todo e não de forma fragmentária”. Uma perspetiva que, no seu entender, é fundamental face às mudanças sociodemográficas que conduzem ao aumento das doenças crónicas e da multimorbilidade.



A ministra reconheceu, contudo, que o papel dos internistas “nem sempre é valorizado e reconhecido pelo sistema de saúde e pela sociedade”, apesar de o seu “perfil e expertise ser essencial para se encontrar novos modelos de organização de cuidados, como os integrados e a Hospitalização Domiciliária”.

No final deixou claro o seu apoio a esta especialidade. “O objetivo é continuar a apoiar a MI.”

Além das muitas caras conhecidas da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), como João Araújo Correia, presidente, e da EFIM, o Congresso contou ainda com a presença de algumas personalidades da área da Saúde não ligadas à MI, como Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, Rui Ivo, presidente do Infarmed, e Luís Pisco, presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.

 

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