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Profissionais do Hospital de Cantanhede vão às USF fazer análises, ECG e ecografias

Uma vez por mês, os utentes da USF Salusvida têm a possibilidade de fazer, na própria Unidade, alguns exames complementares de diagnóstico. Com o apoio de profissionais do Hospital Arcebispo João Crisóstomo, o objetivo é oferecer uma maior gama de cuidados de saúde aos utentes bem próximo de suas casas.

A integração de cuidados em prol do utente

Para a coordenadora da USF Salusvida, Carmo Leandro, esta resposta vem evitar que os utentes tenham que se deslocar até ao hospital, quando, “demograficamente, não existem transportes públicos para Cantanhede, tendo as pessoas, por vezes em situação de vulnerabilidade, de recorrer ao serviço de táxi”.


Carmo Leandro

Com a deslocação dos técnicos até à USF, os utentes têm ao seu dispor a possibilidade de fazer análises laboratoriais, eletrocardiogramas e algumas ecografias no meio onde residem. Adicionalmente, também é disponibilizada uma Consulta de Dermatologia, com o apoio de um especialista do hospital, “sempre disposto a discutir casos e a esclarecer dúvidas”.

Esta é uma opção que Carmo Leandro refere ser disponibilizada aos utentes, cabendo a estes decidir se a querem aproveitar. Processualmente, “decidindo avançar, devem deixar as credenciais connosco para os exames serem marcados e, quando agendados, recebem depois uma notificação do hospital”.



Alargar o serviço a mais especialidades


A funcionar, para já, como projeto-piloto, a ideia é “ver qual é a resposta e afinar algumas situações que possam não estar ainda totalmente funcionais, como o processo de entrega dos exames”.

No entanto, a ambição da médica de família passa pelo "pelo alargamento desta articulação a outras especialidades”, investindo na proximidade dos cuidados.

A valorização deste projeto pelo HACJ é tal que o Conselho Diretivo daquele hospital fez questão em se dirigir à USF Salusvida no dia em que a Just News ali se deslocou para partilhar o seu testemunho.

Ir ao encontro dos doentes

Diana Breda, a presidente daquele Conselho Diretivo, logo salientou a importância de “trazer os meios complementares  de diagnóstico ao lugar onde estão as pessoas”, ressaltando a sua vontade de “apostar decididamente num hospital de proximidade, verdadeiramente centrado no doente e na sua família, que permita que se pense no seu percurso e não nas instituições”.

Valorizando a relação que existe com a Câmara Municipal de Cantanhede, com a ARS Centro e com o ACES Baixo Mondego, afirma querer “estreitar ainda mais a ligação às unidades de cuidados de saúde primários da zona”.


Diana Breda e Célia Simões

Facilitar aos idosos o acesso aos cuidados que necessitam

Também Célia Simões, a vereadora da Câmara Municipal de Cantanhede com o pelouro da Saúde, compareceu na USF no dia em que esta reportagem foi feita, salientando que “a elevação dos padrões de qualidade de vida dos munícipes passa também pela melhoria do acesso à Saúde”.

Nesse sentido, este projeto “cumpre o objetivo de facultar à população, sobretudo às pessoas mais idosas, os cuidados médicos de que precisam, poupando-as a deslocações que, em muitos casos, não têm condições para fazer”.

Lembrando a grandeza do território do concelho, a autarca nota que, “numa área de 400 km2, muitas pessoas, que antes estavam dependentes da disponibilidade dos familiares ou de um táxi para chegar ao HAJC, têm hoje uma acessibilidade muito mais facilitada, o que corresponde a um benefício muito grande para elas”.

O contributo da autarquia passa pela cedência do serviço de motorista, de um carro elétrico e de alguns equipamentos. Almejando “dimensionar cada vez melhor este projeto às necessidades da população”, adianta que, brevemente, será também celebrado um protocolo com o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro - Rovisco Pais.


Análises clínicas e eletrocardiogramas


As análises clínicas e os eletrocardiogramas são dois dos exames complementares de diagnóstico realizados na USF Salusvida por profissionais do Hospital Arcebispo João Crisóstomo, como a Just News teve oportunidade de testemunhar.

Ana Paula Rosas, técnica superior de Diagnóstico e Terapêutica na área das Análises Clínicas, e Ana Paula Lourenço Henriques, técnica de Cardiopneumologia, chegaram “de malas e bagagens” à USF às 8h30 e logo cada uma ocupou uma pequena sala para receber os utentes inscritos.


Ana Paula Lourenço Henriques e Ana Paula Rosas 

Para Ana Paula Rosas, esta dinâmica faz todo o sentido, desde logo pela “proximidade que se estabelece com o utente que, ao chegar em jejum e potencialmente nervoso, tem à sua espera um profissional que conhece, que tenta acalmá-lo e que tem o tempo necessário para ele”. Na sua opinião, “cada vez mais temos que valorizar a parte humana e este projeto espelha bem a minha ideia de interação entre um profissional e um utente”.

Ana Paula Rosas destaca ainda o facto de, futuramente, poder vir a existir uma partilha de credenciais, tanto da USF como do hospital. Desta forma, “não se tratará só de o utente fazer aqui as análises que o seu médico de família lhe prescreveu, pois, também serão consideradas as credenciais passadas por outros especialistas, como o diabetologista ou o reumatologista, no hospital”.

Assim, “se no dia da consulta o utente não estiver em jejum ou tiver algum impedimento, poderá recorrer a esta opção”, explica.

Para esta técnica superior, o aumento da frequência com que se dirige à USF seria benéfico, “até pelo feedback dos próprios utentes”. Durante a manhã de trabalho que a Just News testemunhou, 17 utentes usufruíram deste exame.


Licenciada em Análises Clínicas e Saúde Pública pela Escola Superior de Saúde Jean Piaget, em Vila Nova de Gaia, Ana Paula Rosas trabalhou no CHUC antes de se fixar no HAJC. Com a tomada de posse do novo Conselho Diretivo, salienta a “diversidade de projetos que surgiram” e o “apoio dado pelas equipas, visando sempre a melhoria da qualidade oferecida ao utente”.



Ana Paula Lourenço Henriques é natural de Cantanhede. Licenciada em Cardiopneumologia pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, trabalha há 25 anos no HAJC.

Esta técnica de Cardiopneumologia diz sentir o agradecimento dos utentes, “grande parte deles idosos”, pelo facto de não terem de se deslocar até ao hospital.

“Além das dificuldades de transporte, parte deles não tem muitas possibilidades a nível económico e, desta forma, muitos conseguem dirigir-se à sua USF a pé, num horário marcado, evitando grandes aglomerados”, explica.

No final da manhã de trabalho nesta USF, contabilizaram-se 10 eletrocardiogramas, explicando a técnica que, “assim que a listagem de utentes é percorrida, o trabalho chega ao fim”.

Neste projeto, procura ter-se um cuidado acrescido: “Caso alguém não compareça no horário agendado, contactamos para questionar se está atrasado e se ainda consegue vir.”



Profissionais dos cuidados de saúde primários e dos cuidados hospitalares a caminhar num só sentido: "colocar realmente o doente no centro dos cuidados."



A reportagem completa pode ser lida no Jornal Médico dos cuidados de saúde primários de novembro, que inclui entrevistas a vários outros profissionais da USF Salusvida e do Hospital de Cantanhede.

Dirigida a profissionais de saúde e distribuída em todas as unidades de saúde familiar (USF) do país, esta publicação da Just News tem como missão a partilha de boas práticas, de boas ideias e de projetos de excelência desenvolvidos no âmbito dos cuidados de saúde primários, facilitando a sua replicação no SNS.  

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