Próteses aórticas percutâneas: terapêutica em expansão no tratamento da estenose aórtica

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) realizou, em março, no Laboratório de Hemodinâmica do Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria, a 3.ª sessão do Day at the Cath Lab. Esta edição esteve subordinada a um dos temas mais atuais e relevantes desta área: “Próteses aórticas percutâneas: one type fits all”.


Trata-se de uma terapêutica com excelentes resultados no tratamento da estenose valvular aórtica, que oferece uma alternativa segura e eficaz para doentes que não eram candidatos ao tratamento clássico (cirurgia de substituição valvular) ou com risco considerado muito elevado de complicações resultantes desse tratamento, por existência de comorbilidadades, muito frequentes nas faixas etárias mais altas.



Salientando tratar-se de um evento “muito bem-sucedido”, Renato Fernandes, cardiologista do Hospital de Espírito Santo, em Évora, e responsável pela iniciativa, explicou, em declarações à Just News, que esta é uma “doença do idoso”, cuja prevalência tem vindo a subir ao longo das últimas décadas, fruto do aumento da esperança média de vida.



Rui Campante Teles, presidente da APIC e cardiologista de intervenção no Hospital de Santa Cruz, CHLO, afirmou que esta “é a terapêutica com maior expansão” na Cardiologia de Intervenção em Portugal.

“O volume deste tipo de procedimentos triplicou e permitiu-nos sair da cauda da Europa. Neste momento, temos um número de cerca de 30 procedimentos por milhão de habitantes”, disse.

E acrescentou: “Isto permitiu-nos evoluir. Atualmente, estamos a ombrear com muitos países europeus.” Além disso, e tal como referiu, a crescente experiência dos centros tem permitido introduzir procedimentos cada vez mais seguros e eficazes para tratar diversos doentes.



Pedro Canas da Silva, diretor do Laboratório de Hemodinâmica onde se realizou este dia do laboratório, defendeu que estas iniciativas são “altamente meritórias e devem ser acarinhadas”. “Foi por isso que nos dispusemos a colaborar e consideramos importante que se continuem a efetuar com regularidade, contudo, sem as tornar banais”, referiu.

E indicou: “Esta é uma iniciativa interessante, que permite uma saudável troca de opiniões de diferentes metodologias de avaliação e tratamento que seguramente enriquecem a experiência de toda a gente.”



No que respeita a esta sessão propriamente dita, Pedro Canas da Silva afirmou que o balanço foi “muito positivo”. “Conseguimos fazer algo relativamente raro, que foi efetuar três implantações de válvulas aórticas, com diversas marcas e modelos de dispositivos e com dois tipos de abordagem, transfemoral e transapical”, mencionou.

E concluiu: “Os resultados foram bons, o que, felizmente, é já o habitual neste tipo de intervenção, pese embora a extrema gravidade dos doentes que, atualmente, tratamos e de que estes foram a regra e não a exceção. Os doentes ficaram bem. Estamos muito satisfeitos.”

Para terminar, Renato Fernandes fez questão de salientar que os participantes tiveram a oportunidade de ter dentro da mesma sala, a trabalhar lado a lado, “figuras de proa da Cardiologia de Intervenção”: Pedro Canas da Silva, Lino Patrício, do Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital de Santa Marta, Rui Campante Teles e Vasco Gama Ribeiro, diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

Contaram, ainda, com a presença de Ângelo Nobre, diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do CHLN, que conduziu a implantação da prótese percutânea por via transapical.






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