Pós-menopausa: «É preciso investir na melhoria da qualidade de vida»
Em Portugal, a esperança média de vida das mulheres tem vindo a crescer mais do que a dos homens, situando-se nos 83,9 anos, o que significa, segundo Fernanda Geraldes, presidente da Secção Portuguesa de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), que “a mulher vive em fase pós-menopausa mais de um terço da sua vida”.
A médica falava à Just News no âmbito da 190.ª Reunião da SPG, que se centrou no tema “Refletir sobre a menopausa”. No seu entender, é fundamental que a comunidade científica e a própria sociedade reconheçam que a menopausa é uma fase importante na vida da mulher.
“É preciso investir na melhoria da qualidade de vida da mulher em pós-menopausa”, até porque numa boa parte desse tempo ainda se encontra ativa do ponto de vista laboral.

A terapêutica com as hormonas bioidênticas, assunto que está hoje na ordem do dia, foi um dos temas discutidos na reunião. Segundo Fernanda Geraldes, frequentemente, por desconhecimento, tanto dos meios de comunicação como até da comunidade científica, estas hormonas são tratadas como uma terapêutica à medida dos sintomas das mulheres. No entanto, salienta, “muitas vezes, na tentativa de fazer uma terapêutica à medida, perdem-se alguns padrões de segurança relativamente aos medicamentos utilizados”.
A médica explicou que muitas destas hormonas bioidênticas são manipuladas ou compostas e não estão aprovadas e as mulheres, por vezes, não sabem disso, desconhecendo que as mesmas não apresentam a segurança que têm aquelas que são aprovadas e estudadas mediante “rigorosos estudos científicos”. Segundo refere, há estudos publicados que revelam que estas hormonas não aprovadas podem ter efeitos nefastos.

A saúde musculoesquelética na menopausa foi outro dos temas discutidos, tendo estado em destaque a sarcopenia, que se refere à “fragilidade muscular” e a “alterações ao nível da parte articular”.
“A doença oncológica mata, a doença cardiovascular é a principal causa de morte, mas o que compromete muitas vezes as mulheres no dia-a-dia são as dores osteoarticulares, que constituem causa de absentismo laboral, mas também dificultam a vida regular e normal”, disse.

Falou-se, também, de cérebro e menopausa. Neste momento, com o aumento da esperança de vida, as demências, como a perda de memória, de concentração e, em situações mais extremas, como na doença de Alzheimer, estão muitas vezes associadas à menopausa, tendo-se refletido sobre se se pode prevenir o aparecimento da demência e de que forma.

Coordenação da Secção Portuguesa de Menopausa com a presidente da SPG: Ana Casquilho (tesoureira), Fernanda Águas (SPG), Fernanda Geraldes e Cláudio Rebelo (secretário)
Houve igualmente espaço para uma sessão que incidiu sobre uma nova terapêutica que contém duas substâncias ativas, estrogénios conjugados e bazedoxifeno, que está no mercado há cerca de um ano e que se apresenta “promissora”, sobretudo porque um dos seus constituintes, o bazedoxifeno, parece ter vantagens na proteção do cancro da mama e evita a utilização do progestativo na terapêutica hormonal.
Falou-se, ainda, da existência de um novo fármaco, cujo constituinte é o 17ᵝ estradiol, uma hormona bioidêntica que já existia no mercado, mas agora com uma nova forma de administração, em spray, em vez da aplicação com os selos ou da toma diária de um comprimido que, afirma, "vai ser uma ótima opção no tratamento da menopausa”.
Podem ser consultadas várias fotos da 190.ª Reuião da SPG na Galeria de imagens.


