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«Quando morre um utente, o que costuma fazer o médico de família?»

"Quando morre um utente, o que costuma fazer o médico de família?" A pergunta está na base de um trabalho de Mestrado de Fábio Leite Costa, médico interno de 4.º ano da USF Moscavide, em Loures. Para auscultar os colegas a nível nacional, incluindo Madeira e Açores, lançou um questionário que pode ser preenchido até ao final de junho.

Fábio Leite Costa está no 2.º ano do Mestrado de Cuidados Paliativos da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e tem em mãos uma dissertação sobre “Acompanhamento de famílias em luto em Medicina Geral e Familiar – práticas e atitudes do médico de família”.

Lançou, assim, algumas questões para saber quais os passos mais habituais quando ocorre o falecimento de um utente, independentemente de o ter seguido mais proximamente na fase final – no caso de doença.

"Pretende-se também promover a autoreflexão"

“É uma área da Medicina pouco explorada, ainda cinzenta, mas fundamental, porque o papel do médico de família começa logo na gravidez. Por que não dar, então, atenção específica aquando a morte?”, questiona Fábio Leite Costa.

Em declarações à Just News, esclarece também que, “ao responderem ao questionário, pretende-se também promover a autoreflexão sobre este tema, que ainda nem sempre é fácil de abordar, por o foco estar, essencialmente, no curar e não tanto no cuidar.”


Fábio Costa

Segundo o  médico interno, do que é possível conhecer a nível nacional, "são raras as unidades onde existe um protocolo de atuação, escrito e formalizado". Mas a sua existência é “fulcral”, conforme sublinha, também por causa das mais-valias para os familiares:

“É uma forma de se prevenir o luto patológico, que conduz a problemas de saúde de diversa índole, como depressão ou perturbações de ansiedade, entre outros.”

 “Não se trata apenas de enviar um cartão de condolências"

Apaixonado pelos cuidados prestados no âmbito dos Cuidados Paliativos, Fábio Costa defende "maior formação nesta competência, não se devendo cingir a unidades curriculares opcionais na formação médica pré-graduada". E, além do apoio que pode e deve ser dado ao doente nos últimos tempos de vida, "é preciso pensar na família".

Na sua opinião, “não se trata apenas de enviar um cartão de condolências, mas de estar atento a diversos detalhes como pedidos frequentes de consulta por causa de sintomas inespecíficos”.

Fábio Leite Costa, 28 anos, é natural de Fafe e depois de concluir o curso de Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, está a fazer a formação específica na USF Moscavide, do ACES Loures-Odivelas.

Os Cuidados Paliativos é das principais áreas de interesse do futuro especialista em MGF, que considera muito importante "conhecer diferentes realidades", daí já ter estagiado na Irlanda e na Madeira e de estar, atualmente, em São Tomé e Príncipe.

Quais os procedimentos a tomar

O questionário pode ser respondido aqui e Fábio Costa apela a todos os colegas (internos e especialistas) de Medicina Geral e Familiar para participarem e partilharem as suas experiências, já que "será, posteriormente, uma ferramenta útil para todos, profissionais e utentes, pois iremos divulgar os resultados finais".

Assim, na sua opinião, "quanto mais completo for o retrato nacional sobre as práticas e atitudes do médico de família perante famílias enlutadas, melhor se identificam os principais aspetos a melhorar, mas também os melhores exemplos, que poderão eventualmente ser replicados".

Não será, aliás, por acaso que esta seja a última questão do questionário: "A título pessoal, que procedimentos considera que devem ser tomados em Medicina Geral e Familiar perante situações de luto?".



Dirigida a profissionais de saúde e distribuída em todas as USF e outras unidades dos cuidados primários do país, esta publicação da Just News tem como missão a partilha de boas práticas, de boas ideias e de projetos de excelência desenvolvidos no âmbito do SNS, facilitando a sua replicação.

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