«Queremos que o 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna seja inovador e memorável»
Construir um Congresso inovador, relevante e memorável, numa cidade historicamente universitária e central, é o objetivo dos 18 elementos do Serviço de Medicina Interna da ULS de Coimbra que constituem a Comissão Organizadora deste 31.º CNMI.
É a 4.ª vez que a concretização do maior evento anual promovido pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna é da responsabilidade daquele Serviço. As anteriores edições aconteceram em 1990, 2013 e 2019.
Lèlita Santos
“Uma Lição de Futuro e Tradição” foi o tema escolhido pela Comissão Organizadora para este 31.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI), considerando que “a MI deve dar o salto para a inovação e a modernização face aos desafios do futuro, sem perder de vista o passado, a história e os ensinamentos dos antecessores”, explica Lèlita Santos, diretora do Serviço de MI da ULS de Coimbra desde o final de 2021 e presidente do Congresso.
A internista, que presidiu à Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) entre 2021 e 2024, admite que “a MI, como toda a Medicina, está num ponto de viragem, em que tem de procurar novos caminhos e novas formas de organizar o trabalho, a missão com os doentes e a gestão dos próprios serviços”. Com esse mote e o programa que construíram, pretenderam “trazer mais discussão relativamente a novas formas de dinamizar a MI como especialidade”.
Acresce o facto de “Coimbra ter uma grande tradição em termos académicos, clínicos e do próprio Serviço de MI, sem esquecer que a Medicina tem um pouco de ‘arte’ e que esta também está na tradição”.
Mais uma vez, a falta de preenchimento das vagas de MI ditou a necessidade de espaço para esse debate, que contará com a visão da administração hospitalar, dos hospitais públicos e privados e do recém-especialista. “Apesar de ser bastante discutido nos últimos anos, é um tema que não se encontra de modo algum esgotado, até porque ainda não encontrámos soluções. Temos de perceber por que razão o SNS passou a ser preterido face ao sistema privado, o que se espera do futuro da MI e como podemos tornar a especialidade cada vez mais atrativa”, refere.
Lèlita Santos com o presidente do CA da ULS de Coimbra, Alexandre Lourenço, e a diretora clínica da área hospitalar, Cláudia Nazareth
Com o intuito de “dar uma visão de todo o país”, a Comissão Organizadora procurou que os temas fossem apresentados e moderados por profissionais oriundos de norte a sul do país e que a Comissão Científica fosse constituída por vários colegas da zona centro, de modo a “serem partilhadas as experiências vividas em hospitais de maior e de menor dimensão”.
O programa é feito também de sessões mais disruptivas, como a conferência “O que fazemos ‘porque sim’… Choosing Wisely”, em que se procurará “refletir sobre o que fazemos de forma rotineira e pode não se enquadrar nas orientações formais”, ou a “Hospitalist – do outro lado do Atlântico”, onde se irá “debater se a definição do hospitalista americano poderá ser um dos caminhos para a MI”.
Tendo procurado criar uma Comissão Organizadora que “juntasse uma geração de internistas mais jovens com outros já mais experientes, até na organização de eventos”, Lèlita Santos considera que esta ficou “bastante equilibrada”.
Além deste grupo, também os restantes internistas do Serviço, bem como a Comissão Científica, estão pontualmente a colaborar em várias atividades, como seja a revisão dos resumos de trabalhos propostos para apresentação no Congresso.
A presidente do 31.º CNMI salienta como “o grupo ficou muito honrado por ter recebido todo o apoio da Direção da SPMI para que o Congresso se realizasse em Coimbra, o que é um grande desafio em termos logísticos”.
Mostrando-se “muito satisfeita com o programa criado”, não tem dúvidas de que o Congresso “irá correr muito bem”. Lèlita Santos esteve envolvida na organização dos dois primeiros congressos cuja responsabilidade ficou a cargo do Serviço de MI onde trabalha, em 1990 e em 2013, e considera que, “apesar de haver outros desafios e de as equipas serem diferentes, ganha-se bastante com a experiência acumulada, o que permite melhorar sempre”.
Foi na FMUC, em 1975, que iniciou o sonho de ser médica e nunca haveria de deixar os hospitais da cidade. Especialista em Medicina Interna com competências em Geriatria e Nutrição Clínica, sempre se sentiu particularmente atraída pelas áreas da diabetes e das doenças autoimunes e fascinada pela Nutrição.
João Porto: “Queremos que seja um Congresso inovador e relevante”
A presidir à Comissão Organizadora deste 31.º CNMI está João Porto, que procura “centralizar a componente científica e muitas outras, como a logística”. Com a colaboração de todos os envolvidos, tentaram “definir e dividir tarefas e tem sido um verdadeiro trabalho de equipa”.
No campo científico, adianta que procuraram “inovar, no sentido de não repetir temas que tenham sido abordados nos últimos anos, para evitar que os participantes chegassem ao fim do evento com a sensação de terem assistido a uma repetição”.
João Porto admite que é um desafio complexo, pois, é necessário “definir a qualidade científica, os temas a abordar, as salas e os horários das sessões, as datas e as vagas dos cursos, e todos os aspetos logísticos inerentes, desde refeições a alojamento”. No fundo, “é preciso estar sempre a orientar e a tomar decisões, num ritmo quase diário”.
João Porto
Uma das grandes preocupações que têm neste momento prende-se com a sustentabilidade financeira do evento. “Não podemos correr o risco de organizar um Congresso em que as receitas sejam inferiores às despesas, sob pena de este deixar de se realizar nos moldes habituais, pelo que estamos a fazer uma gestão de tesouraria mais rigorosa”, destaca.
Um dos aspetos que tiveram em conta foi, desde logo, o local para a sua realização, uma vez que, “em termos de custos, começa a tornar-se questionável a mais-valia de ser em Vilamoura, onde tudo é mais dispendioso, representando um custo acrescido em dezenas de milhares de euros”. Em contrapartida, “a Câmara Municipal de Coimbra, com o ótimo apoio que deu, ofereceu-nos todas as condições para que pudéssemos realizar o Congresso em Coimbra, no centro do país”.
Adicionalmente, sentiam que, “por estarem a ser frequentemente realizados em Vilamoura, os congressos eram dificilmente distinguíveis”, o que foi mais um motivo para desejarem realizar o evento noutro local.
“Queremos marcar a diferença ao fazer um Congresso inovador e relevante, que nos acrescente algo de novo, e também ao realizá-lo num sítio distinto”, sublinha.