Rastreios auditivos «devem ser feitos à nascença e em idade pré-escolar»
"A audição é fulcral e nem sempre a população está atenta para os problemas que surgem. É muito importante que sejam realizados rastreios, sobretudo quando se fala em crianças", afirma José Saraiva, coordenador da Unidade de ORL do Hospital Cuf Descobertas, em Lisboa, e atual presidente do Grupo de Rastreio e Intervenção da Surdez Infantil (GRISI).
Segundo defende, as crianças devem ser rastreadas para a audição em dois momentos da sua vida: quando nascem e em idade pré-escolar. “Sabemos que, hoje em dia, uma a três crianças em cada mil que nascem de parto natural têm uma perturbação ou uma deficiência auditiva de média ou grande gravidade, com uma surdez grave ou profunda”, lembra.
“Apesar de não existir uma legislação clara sobre esta matéria”, José Saraiva menciona que a esmagadora maioria das maternidades e dos serviços de Neonatologia nacionais fazem o Rastreio Auditivo Neonatal Universal (RANU). “É discutível se o apoio que lhes é dado é ou não adequado, sendo sabido que tudo isto depende muito da boa vontade, da sensibilização e da motivação das estruturas e das equipas de saúde.”
Este rastreio permite aos médicos detetar os problemas e diagnosticá-los precocemente, fazendo com que a reabilitação seja iniciada o mais precoce possível.
Na opinião de José Saraiva, é também importante que este seja efetuado em idade pré-escolar, algo que se fazia antigamente, mas que caiu em desuso com o início do rastreio neonatal.
“Há um conjunto de patologias, como a otite serosa ou outras que atingem essencialmente o nervo auditivo, que apenas se manifestam ao longo da infância, por um agravamento progressivo da audição. Devemos, por isso, definir um padrão para que, a determinado momento, que pode ser a idade pré-escolar, as crianças devam ser novamente rastreadas”, defende José Saraiva.
A entrevista completa com José Saraiva pode ser lida na LIVE Especial Otorrinolaringologia, onde o especialista desenvolve outros temas, como a perda auditiva nos idosos e a importância de ações de sensibilização junto da população sobre os tumores da cavidade oral, faringe e laringe.