Reabilitação Cardíaca e Respiratória: criação de Grupo de Trabalho para «dar o melhor aos doentes»
Coordenadores e representantes da Reabilitação Cardíaca e Respiratória das Sociedades Portuguesas de Cardiologia, de Pneumologia e de Medicina Física e de Reabilitação e da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar decidiram criar um Grupo de Trabalho cujo primeiro objetivo visa ultrapassar as barreiras que se colocam à realização desta terapêutica não farmacológica, “dando o melhor aos doentes”.
A constituição deste Grupo de Trabalho aconteceu no final de uma reunião conjunta subordinada ao tema “Reabilitação Cardiorrespiratória: como melhor abordar conjuntamente o doente cardíaco e respiratório”. O evento, que se realizou a 24 e 25 de fevereiro, no Fundão, reuniu cerca de 120 profissionais de saúde, entre médicos das referidas especialidades e não médicos.
“Acreditamos que se aumentarmos a massa crítica de quem trabalha nesta área conseguimos ter maior peso junto da tutela”, afirma à Just News Ana Abreu, coordenadora do Grupo de Estudo de Fisiopatologia do Esforço e Reabilitação Cardíaca da Sociedade Portuguesa de Cardiologia.
Refira-se que os seus elementos encontram-se já a trabalhar na elaboração de um documento que será subscrito pelas várias sociedades científicas e grupos e dirigido ao Ministério da Saúde, indicando a importância de melhorar os cuidados de reabilitação cardíaca e respiratória.
Segundo aquela cardiologista, o GEFERC-SPG pretende trabalhar no sentido de aumentar o número de centros de reabilitação existentes em Portugal e “melhorar a qualidade dessa intervenção”. Além disso, tem ainda como objetivo aumentar a colaboração entre a Cardiologia e a Pneumologia, também em ligação com os cuidados de saúde primários e a Medicina Física e de Reabilitação.
“Nesta reunião, foi muito realçado que as barreiras para a reabilitação cardíaca e para a respiratória são idênticas, por isso, juntos podemos lutar para construir estratégias para conseguir melhorar a implementação deste tratamento. O documento que estamos a elaborar é um primeiro passo”, refere.
As principais barreiras que aponta são a distância geográfica a que o doente se encontra do centro de reabilitação, sendo o problema financeiro outra questão importante. “Por vezes, um bilhete de autocarro ou uma taxa moderadora fazem a diferença, daí que tenhamos como estratégia pensar em formas de retirar o custo da reabilitação para aqueles doentes que não estejam em condições de o suportar”, sublinha.
Para terminar, Ana Abreu deixa também um alerta aos cardiologistas para que aumentem a referenciação dos doentes para a reabilitação, aspeto que considera ser, igualmente, uma barreira.
Durante a sessão de abertura da reunião, para além de Ana Abreu, usaram da palavra Paulo Fernandes, presidente da Câmara Municipal do Fundão, e Vitória Martins, coordenadora da Comissão de Trabalho de Reabilitação Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, que frisou a importância das reuniões conjuntas, uma vez que “se partilham doentes”, mas também por existirem conhecimentos científicos e evidências comuns que vale a pena debater.
Tal como referiu, a reabilitação é “um tratamento não farmacológico que, lamentavelmente, não chega aos doentes”. “Esta situação não está apenas relacionada com o facto de os utentes viverem no litoral ou no interior do país, uma vez que também não chega aos doentes de zonas centrais”, observou.
“A reabilitação respiratória e cardíaca tem de chegar a todos os que dela necessitam e este é o grande desafio das comissões de trabalho: divulgar e fazer chegar aos doentes o conhecimento da existência deste tratamento, que vai além dos fármacos e que é, realmente, importante para melhorar os seus sintomas e qualidade de vida”, concluiu.
Comissão Organizadora: Conceição Silveira, Catarina Santos, Hélder Dores, Ana Abreu, Vitória Martins, Fátima Rodrigues, Paula Simão, Miguel Mendes, Alda Marques, Inês Sanches, Paulo Abreu e Paula Pamplona.