Reforma do SNS: aposta na interligação «entre os cuidados hospitalares e os de proximidade»

Uma grande percentagem dos utentes que se deslocam às urgências dos hospitais podia ser tratada em cuidados de saúde de proximidade, segundo Fernando Regateiro. O novo coordenador nacional para a reforma do SNS na área dos Cuidados de Saúde Hospitalares realçou, à Just News, a importância de se “mudar a cultura de que é no hospital que tudo se resolve”.

Fernando Regateiro afirmou que “não se pode ignorar a atual realidade, em que a maioria das pessoas que vai às urgências poderia ser tratada em serviços de saúde de proximidade, já existentes”.


Fernando Regateiro com Henrique Botelho, coordenar nacional para a reforma do SNS na área dos Cuidados de Saúde Primários.

Experiências-piloto com "resultados muito satisfatórios" serão replicadas

“A sustentabilidade de bons cuidados de saúde hospitalares tem também de passar pelo investimento nos CSP porque muitos casos podem ser resolvidos nas unidades de proximidade.” Fernando Regateiro observou ainda que “a reforma hospitalar implica também uma mudança de mentalidade da população em geral, no sentido de se corrigir a ideia de que o hospital é o local adequado para dar resposta a todas as situações”.

E realçou as experiências-piloto que permitem a interligação entre os cuidados hospitalares e os de proximidade, como acontece na Unidade Local de Saúde do Alto Minho, com a doença pulmonar obstrutiva crónica, ou no CHUC, na área da doença cardíaca. “Estas são experiências que estão a ter resultados muito satisfatórios e que vão ser avaliadas na perspetiva de virem a ser replicadas”, disse.

Os ganhos desta interligação são diretos e indiretos. “Ganha o utente ao conseguir bons cuidados de saúde, em proximidade, sem ter de perder dias de trabalho ou pagar a deslocação ao hospital. Ganha o erário público e ganham também os profissionais de saúde, com uma melhor realização e mais disponibilidade, com esta organização do seu trabalho”, justificou Fernando Regateiro.

Relativamente às idas a um serviço de Urgência, reforçou a ideia de que é “muito importante que todos os episódios de doença de um cidadão registados nos hospitais, seja nas urgências, no internamento ou nas consultas externas, devem ser transmitidos ao respetivo médico de família, para que este os integre na história clínica do seu utente”.

E acrescentou: “Isto pode fazer toda a diferença, um episódio agudo que, visto isoladamente, pode nada sinalizar de relevante. Quando integrado na história clínica do utente, pode ser sinal de alerta de futura doença grave.”



Debates locais para "melhor identificar soluções"

Outra temática que está a ser alvo de reflexão no seio da equipa para a reforma hospitalar diz respeito à contratação de médicos por empresas.

“Estamos a tratar esta questão, para a qual é necessário encontrar uma solução, porque a contratação direta pelos hospitais é menos onerosa, mas, sobretudo, porque é melhor contar com pessoas inseridas numa equipa, que comunicam entre si”, garantiu Fernando Regateiro.

Estes e outros temas relacionados com a reforma hospitalar estão em cima da mesa, também na perspetiva de dar seguimento ao que vinha sendo feito. Como relembrou aquele responsável, “a minha nomeação tem que ver com a indisponibilidade pessoal do Prof. Correia da Cunha. Eu próprio já fazia parte da equipa de apoio para a reforma hospitalar”.

Neste trabalho, o atual coordenador introduziu a realização de debates locais/regionais para melhor identificar soluções e, numa segunda etapa, irá ter lugar um fórum nacional, em que serão apresentados e debatidos os resultados desses encontros.

Fernando Regateiro é professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) desde 2004. Entre os vários cargos que desempenhou, foi presidente do Conselho de Administração dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) e do Conselho de Administração da ARS Centro e diretor do Centro de Histocompatibilidade do Centro.


Fernando Regateiro tem participado ativamente em iniciativas promovidas por várias entidades, como aconteceu recentemente numa sessão organizada pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH).

Equipa de Apoio

O coordenador nacional para a reforma do SNS na área dos Cuidados de Saúde Hospitalares conta com uma "Equipa de Apoio com quem irá trabalhar de forma direta", constituída pelos seguintes profissionais:


a) António da Silva Dias Alves, administrador hospitalar no Centro Hospitalar do Porto;

b) Bruno Noronha Gomes, enfermeiro do Centro Hospitalar Lisboa Norte;

c) Carlos Alberto Gomes António, administrador hospitalar;

d) Carlos Alberto Vaz, administrador hospitalar, presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste;

e) Filipe Rodrigues Mendes Marcelino, enfermeiro supervisor do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra;

f) João José Guegués Silva Dias, médico, diretor do serviço de Ginecologia da Unidade de Faro do Centro Hospitalar do Algarve;

g) João Manuel Lopes de Oliveira, médico, diretor clínico do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil;

h) José António Lopes Feio, farmacêutico, diretor dos serviços farmacêuticos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra;

i) José Pedro Moreira da Silva, médico, diretor do serviço de Imunoalergologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho;

j) José Ribeiro da Costa Nunes, enfermeiro -chefe do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa;

k) Manuel Augusto de Castro Pereira Barbosa, médico, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, diretor do departamento de medicina do Centro Hospitalar Lisboa Norte;

l) Manuel Carlos Loureiro de Lemos, médico, professor associado da Universidade da Beira Interior;

m) Alberto Abreu Silva, sociólogo, diretor do serviço de aprovisionamento do Centro Hospitalar Lisboa Norte.





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