Registo de Válvulas Aórticas Percutâneas revela que Portugal tem «ótimos resultados»
"A sobrevida a um ano, após implante da válvula aórtica percutânea, é superior a 80%, um resultado excelente, em linha com os registos de países europeus com muito maior número de procedimentos efetuados", afirmou à Just News o cardiologista Alberto Rodrigues, a propósito da 5.ª Reunião do Grupo das Válvulas Aórticas Percutâneas da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (VaP-APIC). O evento, que teve lugar em Óbidos, foi dedicado ao tema: "Doença valvular – desafios percutâneos".
O coordenador do Grupo VaP-APIC, que integra a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), salientou a importância do Registo Português de Válvulas Aórticas Percutâneas a 30 dias e a 1 ano, para se ter uma noção exata dos implantes efetuados, a nível nacional, e do perfil dos doentes intervencionados.
“Portugal tem ótimos resultados: a taxa de mortalidade global ao ano é de 17,3%. Comparativamente, o registo do Reino Unido mostra uma taxa de mortalidade de 18,3% e o registo francês de 24,1%. Isto apesar de se tratar de doentes muito complexos. A idade média é superior a 80 anos e são considerados de alto risco, devido não só à idade, mas também por comorbilidades graves, como problemas pulmonares e renais”, referiu o especialista.
A implantação das válvulas aórticas percutâneas acontece, no nosso país, desde 2007 e até finais de 2015 registavam-se mais de 800 intervencionados. “O balanço deste trabalho é muito positivo e o facto de existir um registo, que concentra as informações a nível nacional, ajuda-nos na avaliação da intervenção e a saber qual o perfil dos doentes.” Mais, “os poderes públicos responsáveis pela política de saúde têm esta base que os ajuda a tomar decisões com acesso a dados muito concretos”.
Alberto Rodrigues realçou ainda a necessidade de se aumentar o número de intervenções, tendo em conta que todos os centros têm listas de espera. Presentemente, os hospitais que efetuam esta técnica estão concentrados em Lisboa e no Grande Porto, mas o responsável acredita que a situação vai mudar: “Pelo menos, Coimbra deve avançar a breve prazo.”
Quanto à 5.ª Reunião do Grupo VaP-APIC, globalmente, o balanço foi “muito positivo, tendo contado com a participação de grandes especialistas nacionais e internacionais e uma assistência interessada e participativa, com mais de 140 inscritos”.