Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção: «Ferramenta que está a ser melhorada»
“A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) é um projeto longitudinal contínuo”, afirma Rui Campante Teles, presidente da APIC, ao falar do "Conselho de Sábios", cuja última reunião se realizou em Cascais, e ao fazer um balanço das ações desenvolvidas. Em declarações à Just News, adianta que o Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção é o projeto “mais desafiante e que mais energia vai exigir”.
Segundo explica, o objetivo desta iniciativa é reunir os cardiologistas de intervenção com responsabilidades mais elevadas dos vários centros de hemodinâmica, em Portugal, e com uma experiência acumulada muito útil para olhar o futuro e, assim, discuti-lo, perspetivá-lo e avaliar os principais desafios que nos são colocados.
Uma ferramenta que "tem de evoluir"
Em entrevista à Just News, a propósito da 7.ª Reunião Anual da APIC, que está a decorrer até domingo na cidade da Figueira da Foz, Rui Campante Teles afirma que o objetivo mais desafiante e que mais energia vai exigir aos membros da Associação é o Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, uma vez tratar-se de uma ferramenta de trabalho "muito importante e que tem de evoluir".
“Fizemos uma análise do mesmo e falámos daquilo que há ainda por fazer, sobretudo no que respeita à melhoria de qualidade, como as questões das auditorias internas e externas e o papel que esse registo pode ter junto da sociedade civil e dos nossos parceiros”, menciona.
O Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção permite dar informação sobre a realidade clinica dos doentes em Portugal, tal como sobre os dispositivos a utilizar. Desta forma, "é possível saber se estes estão ou não a ter os resultados esperados, de acordo com aquela que é a experiência portuguesa" e sublinha: “Trata-se de uma ferramenta que nos vai permitir melhorar a nossa prática clínica, logo temos de a utilizar melhor”.
Além destes, existem muitos outros objetivos, também já definidos e colocados em prática pela APIC, e que Rui Campante Teles enumera. Estes prendem-se, sobretudo, com o desenvolvimento dos projetos em relação à doença valvular e à importância que a mesma tem na população, nomeadamente através do projeto Valve for Life.
Foram focados os assuntos relacionados com a importância e a preocupação com o tratamento contemporâneo dos doentes com AVC e, ainda, o transporte secundário e o transporte em tempo útil dos doentes com enfarte com supra-ST para os laboratórios de hemodinâmica.
O "Conselho de Sábios" reúne cardiologistas de intervenção com responsabilidades mais elevadas dos vários centros de hemodinâmica.
A Cardiologia de Intervenção do futuro é outra das inquietações dos seus profissionais. O presidente da APIC conta que muitas questões se colocam. “Como é que se vai desenvolver a prática conjunta entre os cardiologistas de intervenção e os cirurgiões? Provavelmente, através de uma especialidade híbrida. E como deve ser feita a cooperação e a colaboração interdisciplinar e, até mesmo, o ensino das técnicas dominadas pelos cardiologistas de intervenção aos cirurgiões, uma vez que o espaço da intervenção percutânea está a aumentar, comparativamente à cirurgia cardíaca?”.
A educação e a investigação foi também um módulo a abordar e onde os especialistas presentes refletiram sobre a necessidade de promover, em Portugal, um modelo formativo europeu, o ESCeL.
“Pretendemos estimular os profissionais portugueses a desenvolver currículos adaptados ao do ESCeL, já com uma predominância da intervenção não apenas coronária, mas também estrutural.” Com isto, a finalidade é, segundo refere, conseguir que os cardiologistas de intervenção portugueses estejam preparados de forma bastante diversa.
Recordando o Conselho de Sábios do ano passado, Rui Campante Teles lembra ter-se tratado de um momento “muito importante” para a atual Direção, uma vez que tinha, naquela altura, lançado o seu programa, tendo a forma de o operacionalizar sido orientada com base nessa reunião.
Foram implementadas estratégias, por exemplo, em relação ao tratamento do enfarte com supra-ST, às ações de formação aos colegas do INEM, à abordagem da temática do AVC e da disponibilidade que têm para colaborar com esta área multidisciplinar.
Em relação ao próprio Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, foram reformulados os centros em termos de investigadores e produzidos alguns trabalhos recentes com base no registo, como seja o tratamento da angioplastia primária em Portugal.
Efetuaram-se, ainda, outras abordagens, relacionadas com o ensino, tendo sido realizado o Curso de Hemodinâmica e Cardiologia de Intervenção – módulo base.
Para terminar, Rui Campante Teles indica que estiveram presentes neste Conselho de Sábios cerca de 20 pessoas. E conclui: “Esta cooperação é fundamental para nos centrarmos em objetivos comuns. Conseguimos trabalhar de forma eficiente, colocando de lado algumas divergências que naturalmente existem entre pessoas dos vários centros.”