Santa Maria celebrou 62 anos «de humanização, de qualidade, de excelência, ao serviço da Medicina Portuguesa»
O último sábado foi um dia especial na vida do Hospital de Santa Maria (HSM), em Lisboa. No seu 62.º aniversário, foram homenageados os que completaram 25 anos de casa. “Podemos considerar o nosso hospital a nossa segunda casa”, afirmou a sua porta-voz, enfermeira Raquel Bolas, ao usar da palavra na sessão solene que teve lugar na Aula Magna.
Falando em nome dos 35 colaboradores do HSM que haveriam de receber uma medalha comemorativa nessa manhã de festa, Raquel Bolas lembrou o ano de 1991, em que “todos nós, cheios de juventude, energia e esperança, entrámos pelas portas desta grande casa”.
E, até porque “passamos mais tempo cá do que na nossa residência”, não hesitou em reconhecer: “Devemos qualificar a dedicação de todos os homenageados pelos 25 anos dedicados a esta instituição.”
O dia 17 de dezembro começou cedo, com um momento de recordação dos funcionários que faleceram nos últimos 12 meses. Uma árvore foi plantada por cada um dos colaboradores desaparecidos, entre os quais o neurocirurgião João Lobo Antunes, em cerimónia em que participou a sua viúva, a pediatra Maria do Céu Machado, médica em Santa Maria.
Maria de Belém Roseira, na qualidade de vice-presidente do Conselho de Escola da Faculdade de Medicina de Lisboa, abriu a sessão solene, introduzida por Angelina do Carmo, uma das mais antigas colaboradoras do hospital e que, tradicionalmente, conduz as sessões de aniversário.
A antiga ministra da Saúde frisou que “um dia de aniversário deve ser celebrado com alegria” e mostrou-se contente por se assinalarem os 62 anos de Santa Maria, apesar de a instituição integrar, atualmente, o Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN).
“Os nomes de cada casa também fazem parte daquilo que é a alma das instituições e que não podem ser abafados por designações meramente burocráticas, que retiram a carga emotiva e emocional que a elas nos liga”, disse Maria de Belém Roseira.
Para Carlos Martins, presidente do Conselho de Administração do CHLN, “Santa Maria é o melhor hospital universitário do país, com provas dadas no que respeita ao seu contributo para o ensino, para a formação, para a investigação e para a prestação de cuidados de excelência”.
“Hoje, assinalamos 62 anos de humanização, de qualidade, de excelência, ao serviço da Medicina Portuguesa”, referiu, sublinhando que isso se deve muito ao facto de no HSM se encontrarem profissionais de vários místeres, mas, sobretudo, por o edifício “ter congregado, na sua génese, uma escola médica e uma escola de enfermagem”.
A criação do Centro Académico de Medicina de Lisboa representa, para Carlos Martins, um sinal claro de pioneirismo e motivo de orgulho, até porque, depois de “termos sido filhos únicos durante 6 anos”, outros centros foram, entretanto, criados, bem como o Conselho Nacional dos Centros Académicos Clínicos, já em 2016.
Há três anos à frente do Conselho de Administração do CHLN, o responsável classificou-o de “período agridoce”, porque, “se foi possível reconstruir, refundar até, alguns serviços, se temos conseguido rejuvenescer a nossa pirâmide etária, com um enorme investimento em termos de recursos humanos”, também é certo que “perdemos grande parte dos nossos melhores”.
Conselho de Administração do HSM: Carlos Magno (vogal executivo), Catarina Batuca (enfermeira diretora), Carlos Martins (presidente), Margarida Lucas (diretora clínica) e Júlio Pedro (vogal executivo).
Encontrar soluções "para aproveitarmos o enorme potencial humano"
Aliás, a esse propósito, Carlos Martins deu razão a Maria de Belém Roseira, que lamentara, na sua intervenção, a circunstância de “não aproveitarmos o enorme potencial humano de muitas pessoas que, entretanto, por razões de calendário, pura e simplesmente, deixam de estar integradas nos quadros”.
“Infelizmente, nós continuamos a determinar administrativamente a idade, a capacidade intelectual e profissional dos nossos melhores”, afirmou Carlos Martins, com base em legislação com 40 anos e ignorando, por exemplo, que a esperança média de vida é agora bem diferente.
Reconhecendo que se tem tentado encontrar soluções para lidar com este assunto, nomeadamente, permitindo o prolongamento da atividade profissional em regime de voluntariado, não deixou de defender que “temos de ir um pouco mais longe”, concluindo haver “espaço para colocar o saber e a experiência ao serviço da instituição e do SNS”.
As últimas palavras de Carlos Martins foram dirigidas às famílias dos homenageados, pelo apoio que deram e que lhes permitiu cumprir “25 anos de serviço à instituição e, sobretudo, ao SNS, aos doentes, que são a nossa razão de ser, a nossa razão de existir”.
O almoço de confraternização incluiu a atuação do coro da Associação de Amigos do Hospital de Santa Maria (AAHSM).
Podem ser consultadas mais fotos do 62.º aniversário do HSM aqui.