Seguir doentes infetados pelo VIH com a perspetiva «de que envelhecerão connosco»

"O seguimento de doentes idosos seropositivos para o VIH, outrora sem expressão, tornou-se numa realidade transversal a todos os centros que acompanham estes doentes", afirma Miguel Araújo Abreu, do Serviço de Doenças Infeciosas do Centro Hospitalar do Porto/ Hospital Joaquim Urbano.

Desta forma, acrescenta, "podemos dividir os doentes em dois grupos, os indivíduos ´envelhecidos` – infetados já em idade avançada – e os indivíduos ´a envelhecer` – infetados ainda jovens, mas que foram envelhecendo com a doença".

Problemas que "não podem ser secundarizados face ao VIH"

Em artigo que pode ser lido na LIVE Especial Envelhecimento e SIDA, publicada pela Just News, Miguel Araújo Abreu salienta que os doentes infetados pelo VIH em idade avançada "têm todos os problemas dos idosos não infetados – hipertensão, dislipidemia, diabetes, insuficiência renal, osteoporose/osteopenia, entre outros. Problemas estes que não podem ser ignorados, nem secundarizados face ao VIH."

Quanto ao grupo de doentes que está a envelhecer com o VIH, "alguns deles com mais de duas décadas de terapêutica antirretrovírica", o infeciologista refere "os problemas do envelhecimento, induzidos não só pela infeção como também pela toxicidade dos esquemas iniciais, apresentaram-se mais precocemente. Nestes doentes, às comorbilidades juntam-se as resistências do VIH a inúmeras classes de fármacos antirretrovíricos previamente utilizados pelo doente, reduzindo assim o leque de escolhas e tornando a gestão clínica destes doentes ainda mais complexa."



A contextualização "é indispensável ao seguimento adequado"

Sendo o doente idoso "uma realidade cada vez mais frequente nos nossos centros", Miguel Araújo Abreu explica que "a familiaridade com as comorbilidades que estes apresentam é importante, mas a contextualização destas com a infeção por VIH é indispensável ao seguimento adequado destes doentes".

A importância da criação de uma consulta de comorbilidades não infeciosas no doente infetado por VIH no Hospital Joaquim Urbano é assim explicada:

"Nesta (consulta), especialistas em doenças infeciosas gerem os problemas não infeciosos destes doentes, rastreando ativamente problemas que nestes casos se manifestam mais precocemente, ajustando toda a terapêutica e referenciando para outras especialidades sempre que necessário."



"os nossos doentes envelhecerão connosco"

Miguel Araújo Abreu não tem dúvidas de que, "com a esperança média de vida dos doentes seropositivos para o VIH sobreponível à dos seronegativos, a população de doentes idosos com esta doença vai aumentar sustentadamente, adivinhando-se que, no futuro, estes constituam a maior parte dos doentes por nós seguidos".

Assim, acrescenta, é com a perspetiva "de que os nossos doentes envelhecerão connosco que os devemos seguir, concentrando-nos não só nas especificidades da sua doença como nas implicações que esta terá no seu envelhecimento."




A versão completa do artigo pode ser lida na LIVE Especial Envelhecimento e SIDA, que acaba de ser editada pela Just News.

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