Distribuição mais eficiente de roupa hospitalar leva Serviços Hoteleiros do CHTV a vencer Bolsa

Intitulado "Distribuição de roupa hospitalar: melhoria de processo", o projeto desenvolvido pela diretora dos Serviços Hoteleiros do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Marlene Lopes, foi o grande vencedor da 1ª edição da Bolsa José Nogueira da Rocha.

Resultado do trabalho dos últimos 2 anos e meio

Em declarações à Just News, a responsável, que é administradora hospitalar, esclarece que o projeto começou já em 2021. "Efectuámos diagnóstico, definimos medidas, implementámos e avaliámos de seguida. Vamos no terceiro ciclo desta rotina", afirma.

Desta forma, quando a bolsa apareceu, "já conhecíamos com alguma profundidade o nosso problema e tínhamos alcançado alguns resultados: Em 2022 reduzimos os Kg de roupa tratada (menos 112 toneladas) e a despesa em cerca de 7,5%, reduzindo também em 50% os resíduos têxteis gerados (passámos de 3 para 1.5 toneladas)."

Assim, quando o prémio José Nogueira Rocha apareceu, "só precisámos de plasmar na candidatura o nosso trabalho dos últimos 2 anos e meio", refere Marlene Lopes.

Quais os próximos passos? "Neste momento, aguardamos a orientação da APAH sobre a disponibilidade da consultora ERISING, mas prevemos a execução da consultoria entre setembro e outubro e implementação de algumas medidas ainda durante 2023. Relativamente ao suporte informático de rastreabilidade têxtil que requer investimento, dependerá sempre da decisão superior do Conselho de Administração."


Marlene Lopes

Vencedor entre 26 

A Bolsa José Nogueira da Rocha é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), que conta com o apoio do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) e o apoio técnico da Erising. 


A iniciativa, que arrancou este ano, tem como objetivo "reconhecer e potenciar as áreas de suporte logístico das unidades que integram o Serviço Nacional de Saúde, apoiando as suas equipas no desenvolvimento das competências necessárias para que possam contribuir proactivamente para processos de transformação nas suas organizações".


Nesta 1.ª edição foram recebidas 26 candidaturas, tendo sido selecionados os os 10 melhores projetos "de acordo com a respetiva adequação e potencial impacto", que foram apresentados dias 23 de junho, em Lisboa, onde se ficou a conhecer o vencedor.

O prémio atribuído permite o acesso a "um programa de consultoria especializada para apoiar a implementação do projeto, particularmente focado na identificação do problema e das suas causas, bem como na respetiva construção de planos de projeto, plano de ação e acompanhamento da implementação".
 
O Júri da 1ª edição da Bolsa José Nogueira da Rocha foi constituído por Paulo Sousa, presidente do Conselho de Administração do SUCH, Manuel Delgado, diretor geral da IASIST, Sandra Cavaca, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Vítor Herdeiro, presidente do Conselho Diretivo da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e Xavier Barreto, presidente da APAH.

Intervenção de Xavier Barreto, presidente da APAH

Como surgiu a ideia do projeto "Distribuição de roupa hospitalar: melhoria de processo"?

De acordo com Marlene Lopes, "a distribuição de roupa hospitalar em tempo útil é, há já alguns anos, um processo algo ineficiente com impacto na produção hospitalar". 

A administradora hospitalar recorda que, desde a segunda vaga da pandemia Covid-19, "que a dimensão desta ineficiência se agravou, criando uma pressão diária adicional sobre os nossos profissionais de saúde, com impacto na quantidade, qualidade, segurança e conforto dos cuidados prestados aos nossos utentes".

Assim, explica que foi perante esta "necessidade dos nossos profissionais e doentes, que nos propusemos a olhar para este processo logístico numa perspetiva de criação de valor e humanização dos cuidados, sem aumentar a despesa e se possível reduzindo o impacto ambiental do CHTV".

E os resultados foram animadores: "De facto, após um diagnóstico inicial, identificámos logo oportunidades de melhoria, que nos trouxeram a médio prazo optimização do tempo de recursos humanos dedicado a alguns circuitos  e tarefas e redução da despesa e resíduos gerados, com supervisão do processo."

No entanto, salienta que foram também identificados "uma panóplia de novos problemas que nos levaram a criar um projecto de intervenção, dada a complexidade que encontrámos".


Xavier Barreto (APAH), Marlene Lopes, Ana Maria Nunes (SUCH), Maria Jorge Nogueira da Rocha (viúva de José Nogueira da Rocha)

Processos logísticos hoteleiros são "críticos" para a qualidade dos cuidados


A Bolsa visa "reconhecer e potenciar as áreas de suporte logístico das unidades que integram o SNS", o que, para Marlene Lopes, é muito relevante: "O contexto actual de necessidades crescentes em saúde, recursos escassos e as alterações climáticas têm modificado o foco da gestão em saúde, privilegiando práticas orientadas para resultados de qualidade, com custos mais reduzidos e impacto ambiental responsável."

Na sua opinião, "os processos logísticos hoteleiros, sobretudo na área da roupa, alimentação, limpeza e transportes hospitalares são críticos no impacto que têm na qualidade e segurança dos cuidados prestados, contribuindo para a criação de um espaço de conforto e bem-estar, promotor da humanização dos cuidados."

Lembra ainda que, no domínio hoteleiro, "consideramos a satisfação dos nossos profissionais de saúde e dos doentes, crucial para a saúde mental de ambos, sobretudo no actual contexto de pressão que vivemos, ainda no rescaldo da pandemia e isolamento vividos".

E faz questão de sublinhar: "Já conseguimos demonstrar que o caminho a trilhar não aumenta necessariamente a despesa na mesma proporção." 



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