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SIDA: especialistas querem saber de que morrem, atualmente, os doentes com infeção VIH em Portugal

Os especialistas portugueses que acompanham mais de perto a epidemia de SIDA estão preocupados com o facto de não se saber qual a causa da morte de muitos dos infetados com o VIH. Helena Cortes Martins, do Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Nacional Ricardo Jorge, reconheceu haver uma clara subnotificação nesta matéria, ao intervir na última reunião promovida pela APECS - Associação Portuguesa para o Estudo Clínico da SIDA.

A questão foi levantada pela infeciologista Teresa Branco, médica do Hospital Fernando Fonseca e membro da Direção da APECS: “Não estamos a conseguir avaliar os óbitos que temos porque há doentes que morrem fora do hospital e nós não chegamos a saber. São doentes que desaparecem…”




Note-se que a notificação dos casos de infeção por VIH/SIDA se iniciou em Portugal em 1985, mas só se tornou obrigatória em 2005. Atualmente, devem ser comunicados, através do SINAVE – Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, todos os casos de infeção, os casos de SIDA e os óbitos.


Helena Cortes Martins confirmou que, de facto, os dados do Instituto Nacional de Estatística incluem óbitos de pessoas que estavam infetadas com o vírus da imunodeficiência humana ou até com patologia associada à SIDA, mas cujos casos nunca foram notificados, ou sequer diagnosticados.



E recordou que, há cerca de dois anos, foi iniciado, na Direção-Geral da Saúde, um trabalho de cruzamento de dados, aproveitando a informação disponibilizada pela plataforma informática SICO (Sistema de Informação dos Certificados de Óbito), mas a tarefa não terá tido continuidade.



Segundo António Diniz, que na altura dirigia o Programa Nacional para a Infeção VIH, SIDA e Tuberculose da DGS, “agora, estão criadas as condições para que a informação sobre os óbitos de doentes com VIH seja muito mais fiável, baste que se cruze a informação proveniente do SICO com os dados do SINAVE”.


Marta Pingarilho, Joaquim Oliveira, Maria Jose Manata e Helena Cortes Martins.

Saber de que morrem as pessoas que estão infetadas com o VIH “é importante porque, de alguma forma, a questão dos óbitos pode condicionar a informação epidemiológica”, referiu António Diniz, sublinhando ser necessário perceber qual a tendência da epidemia de SIDA.

De qualquer forma, como fez questão em lembrar Helena Costa Martins, a informação deficiente sobre os óbitos em doentes com VIH “é um problema a nível mundial”.



Esta reunião da APECS, que se realizou no passado dia 18, em Lisboa, incluiu uma apresentação dos dados do Projeto Best Hope, a cargo de Marta Pingarilho, e ainda uma sessão de casos clínicos, moderada pelas médicas Ana Horta e Rosário Serrão. A atual coordenadora do Programa Nacional para a Infeção VIH, SIDA e Tuberculose, Isabel Aldir, também esteve presente no evento.

O tema principal da reunião, “Caracterização epidemiológica e clínica dos novos diagnósticos de infeção por VIH”, foi moderado pela infeciologista Maria José Manata.




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