Sociedade de Medicina Interna repudia «deturpação grosseira» de jornalista do Expresso
A propósito de um artigo publicado pelo Expresso Diário no dia 6 de junho, da autoria da jornalista Anabela Natário e intitulado "Mulheres tomam conta da Medicina mas só ´querem qualidade de vida`", Luís Campos, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), afirmou hoje que "no título, no subtítulo e no texto constam supostas citações minhas de carácter sexista que são uma deturpação grosseira das minhas declarações". Tratam-se de "barbaridades de carácter sexista que eu naturalmente não proferi e repudio de forma veemente".
O presidente da SPMI não hesita em afirmar que "o artigo investe diretamente contra mim, enquanto presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, e, em alguns pontos, atinge a própria Sociedade e todos os internistas em geral, que diariamente dão o melhor de si para garantir nos hospitais cuidados de saúde com qualidade".
Medicina Interna com carga ´existencial`
Luís Campos explica que, nas declarações "que efetivamente fiz à jornalista, disse que a Medicina Interna está com dificuldades em atrair internos porque é uma especialidade com uma carga assistencial pesada (e não ´existencial`, como também erradamente se diz no texto), estando na linha da frente das urgências, nos serviços de Medicina, nos cuidados intensivos, nas consultas, com muitas noites em serviço de urgência externa e interna".
Esta realidade faz com que os internos com melhores notas, "que são na sua maioria mulheres, optem por especialidades que lhes permitem maior qualidade de vida". E salienta que "este é, de resto, um fenómeno que se passa noutros países".
Na sua opinião, "o facto de ser uma especialidade baseada nos hospitais públicos, cuja ferramenta essencial é a história clínica, torna-a menos atrativa do ponto de vista financeiro para os internos em geral do que outras especialidades que fazem exames complementares, procedimentos ou cirurgias, particularmente na medicina privada".
Atrair internos para a Medicina Interna
Nesse sentido, defende "uma discriminação positiva para esta especialidade que atraia os internos, porque a Medicina Interna é essencial para dar resposta aos doentes que cada vez temos mais nos hospitais, que são idosos e com muitas doenças".
Sublinha o presidente da SPMI e diretor do Serviço de Medicina do Hospital S. Francisco Xavier (HSFX)/Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) que "não há nestas afirmações nenhum carácter sexista, como sugere a notícia, nem poderia haver, sendo eu diretor de um serviço hospitalar onde cerca de 70% dos 45 internos e assistentes da minha equipa são mulheres, que se destacam pela sua extrema dedicação aos doentes, capacidade de trabalho, competência e extraordinário espírito de equipa".
Alguns elementos da equipa do Serviço de Medicina do Hospital S. Francisco Xavier/CHLO, no âmbito de uma reportagem sobre o Serviço, publicada pela Just News.
Reconhecer a competência dos internistas e das internistas
Em artigo divulgado no site da SPMI, dirigido particularmente aos internistas, mas de acesso público e livre, Luís Campos recorda que nos seus mais de 35 anos de vida profissional, "durante os quais exerci múltiplas funções e cargos, sempre lutei pela qualidade dos cuidados de saúde, pela importância da Medicina Interna e pelo reconhecimento da competência e da dedicação dos internistas e das internistas em Portugal, que dão, em cada dia, o melhor de si, para cuidar dos nossos doentes".
A sede da SPMI situa-se em Lisboa.
Para o presidente do Conselho Nacional para a Qualidade em Saúde, "o tom acintoso do artigo revela-se noutros aspetos, nomeadamente nas perguntas, mas destaco a exibição de um prédio majestoso, como sendo a sede da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, quando nós ocupamos um 2º andar de um modesto prédio na mesma rua, no Lumiar".
Em jeito de conclusão, Luís Campos não hesita em considerar que o artigo publicado pelo Expresso representa, "para além de um péssimo serviço ao jornalismo e ao jornal que o publicou, um desrespeito à minha pessoa, à minha função atual de presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, aos internistas e mesmo aos médicos e médicas portugueses".