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Start MGF quer proporcionar «formação de qualidade a baixo custo»

Algumas caras mudaram, mas quase todos os internos que integravam a Comissão Organizadora do I Curso Start MGF (Medicina Geral e Familiar), em 2018, tornaram a fazer parte do grupo que montou o evento deste ano.


A 2.ª edição de Start MGF duplicou o número de participantes

Particularmente dirigido aos novos internos de MGF da Zona Centro, decorreu entre 31 de janeiro e 2 de fevereiro, registando cerca de duas centenas de participantes, o dobro relativamente ao ano passado. Paulo André Lopes, presidente da Comissão Organizadora, explica à Just News o porquê de se ter avançado com esta iniciativa:

“Depois de notarmos a necessidade de formação de qualidade a baixo custo, sentimos a falta que se sentia de aprofundar conhecimentos nalgumas áreas, no início do nosso internato. Decidimos fazer este Curso, com avaliação final, para oferecer aos internos do 1.º ano aquilo que nós não tivemos. Foi esse o nosso objetivo.”


Paulo André Lopes com outros colegas da Comissão Organizadora

A ideia surgiu precisamente quando vários colegas de algumas unidades da zona de Coimbra eram internos do 1.º ano de MGF, ideia que haveria de ser concretizada em 2018. Paulo André Lopes não se esquece de sublinhar o apoio que a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos então lhes deu, “importantíssimo para o sucesso que a reunião teve”.

“O que se pretendia era termos bons oradores, sendo que muitos são colegas internos, que percebem as nossas necessidades”, esclarece, sublinhando que houve o cuidado de garantir uma vaga para todos os 106 internos de MGF do 1.º ano da Zona Centro, que participaram em massa. “Registámos alguns pedidos de colegas mais velhos, que também queriam inscrever-se no curso, mas não havia capacidade”, recorda.



Formação médica "deve ser tendencialmente gratuita"

Expandir o projeto, aumentando o número de vagas, foi o objetivo traçado para 2019, apesar de o total de internos do 1.º ano não ultrapassar, desta vez, as seis dezenas. Com o apoio do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, foi possível contar com um espaço capaz de acomodar pelo menos 200 participantes.

“Uma coisa em que acreditamos é que a formação médica, à semelhança da prestação de cuidados de saúde, deve ser tendencialmente gratuita e foi isso que procurámos fazer. A nossa missão foi promover uma iniciativa formativa que fosse de baixo custo para os que nela se inscrevessem, mas com a qualidade possível”, frisa Paulo André Lopes.

“Há uma lacuna para quem chega aos CSP”

Joana Rita Matos salienta que “as escolas médicas, salvo algumas exceções, estão muito mais direcionadas para as especialidades hospitalares, havendo uma lacuna para quem chega aos CSP. Há, de facto, alguns temas com que nos deparamos diariamente com que não sabemos lidar tão bem”.


Joana Rita Matos

“Não é que não estejamos bem preparados, mas a realidade dos cuidados primários é diferente da hospitalar, registando-se certas lacunas que precisam de ser colmatadas”, considera a vice-presidente da Comissão Organizadora do Start MGF. E insiste que, embora na MGF nenhum profissional comece a trabalhar sozinho de início, tendo sempre um orientador de formação, “nem sempre é fácil termos uma noção prática das coisas”.

“O Start MGF surge para colmatar esta falha – conceitos práticos atualizados com evidência científica, de pessoas que sabem exatamente o que se passa”, diz, relevando o facto de quase todas as sessões terem sempre um médico de MGF e um colega de uma especialidade hospitalar.


Alguns dos elementos da organização que estiveram à conversa com a Just News

Uma limitação "que parece pequena, mas que é enorme"

Questionada sobre o que pensa do modelo das unidades locais de saúde (ULS), Joana Rita Matos, que integra a equipa da USF Fernando Namora, em Condeixa, afirma ter a ideia de que “funcionam bem, que os colegas que estão inseridos numa ULS conseguem articular melhor com o hospital” e desenvolve a sua ideia:

“Nós aqui temos uma limitação, que faz com que eu não consiga, por exemplo, ver qualquer registo do Centro Hospitallar e Universitário de Coimbra (CHUC), o que me limita imenso quando o meu doente me diz que é seguido na consulta de Neurocirurgia e eu não faço a mínima ideia porquê, nem ele me sabe explicar porquê."

De acordo com a médica interna, "nas ULS, esta limitação, que parece pequena, mas que é enorme, está completamente ultrapassada".



“A MGF segue muito bem 80 a 90% das patologias”

O presidente do Start MGF considera que a Medicina Geral e Familiar “consegue seguir muito bem 80 a 90% das patologias”, como, por exemplo, a diabetes, ou mesmo na área da Oncologia, “dependendo dos carcinomas”. A sua colega Joana Rita Matos prossegue, afirmando:

“Há aqui uma grande vantagem, que é o facto de nós acompanharmos não só o utente como a sua família. Num doente oncológico isso é essencial, pois, a doença é daquele doente mas também da sua família. Claro que definir a quimioterapia, esquemas e protocolos é tarefa da Oncologia, mas há depois tudo o resto, porque o doente pensa na morte… procura respostas! Muitas vezes os utentes vêm ter connosco por estas questões mais delicadas, mais do foro psicossocial...”

Joana Rita Matos reforça esta ideia, acrescentando que muitas vezes o médico de família surge no processo, por exemplo, “ajudando a articular as coisas com a Segurança Social ou as câmaras municipais. Nós preocupamo-nos com a diabetes, o cancro, ou a hipertensão, mas sobretudo com a pessoa que tem essa doença”.

“Os cuidados de saúde primários, bem organizados, com uma boa formação, são a base do sistema de saúde e conseguem evitar muitas referenciações desnecessárias para os cuidados de saúde secundários. Há que investir nos profissionais de saúde dos CSP, médicos e enfermeiros”, defende Paulo André Lopes.


Comissão Organizadora: José Eduardo Almeida, Joana Rita Matos, Carolina Roque, Soraia Ribeiro, Marta Silva, Rita Cibrão, Andreia Lobo, Mariana Duarte, Catarina Domingues, Joana Gonçalves, Susana Miguel (ausentes: Ana Luísa Albuquerque, Joana Aguiar e Raquel Sousa)




A reportagem completa pode ser lida no Jornal Médico dos cuidados de saúde primários de maio.

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