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«Ter dor menstrual não é normal», afirma António Setúbal, especialista em endometriose

“Ter dor menstrual não é normal”, quem o afirma é António Setúbal, diretor do Departamento de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital da Luz, em declarações à Women´s Medicine. O especialista em endometriose alerta para a necessidade de se dar mais atenção a este problema de saúde, que se estima afetar 20% ou mais de mulheres em idade fértil.

“Quando a mulher se queixa de dores deve ser feita uma observação mais elaborada para se ter noção da origem desse quadro clínico.” Afinal, a origem pode ser endometriose, uma doença que está a aumentar, inclusive nas mais jovens. “Assiste-se, atualmente, a um aumento progressivo da agressividade desta patologia sob forma profunda e grave, que podem conduzir a complicações, por vezes, potencialmente letais”, refere António Setúbal.

É assim “urgente”, no seu entender, alertar a comunidade médica “para estar mais atenta a uma doença que pode ter sintomas muito incapacitantes, como ser assintomática em casos mais raros”.

As ideias preconcebidas mais comuns são, antes de mais, sobre a dor. “A maioria dos meus colegas considera normal ter dor na menstruação e, sem qualquer avaliação mais minuciosa, receitam a pílula para se inibir o ciclo menstrual.” Uma solução que, no seu entender, não é a mais adequada quando isolada, porque “não permite o diagnóstico precoce e, apesar de diminuir a dor, não retarda o crescimento dos tecidos endometriais”.

Ao longo da entrevista, publicada na última edição de Women`s Medicine, António Setúbal, dos poucos especialistas em endometriose no País, explica que a falta de estudos científicos que comprovem o que vê diariamente no consultório é um handicap junto dos colegas. “Há quem diga que não sei do que falo, mas a experiência nacional e internacional permite-me ter plena noção de que a endometriose é subvalorizada e subdiagnosticada.”

E continua: “Não se trata de não se conseguir diagnosticar a doença, mas de o fazer tardiamente, por não se dar o valor devido à dor ou por se receitar a pílula, a gravidez, a PMA… Se não conseguem tratar a doença, referenciem as doentes para os especialistas.”

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