Tuberculose continua a ser preocupação em Lisboa e Porto, mas «situação global é positiva»
Portugal atingiu, pela primeira vez, uma taxa de incidência da tuberculose abaixo dos 20 casos por mil habitantes. Persiste, no entanto, uma incidência superior à nacional em Lisboa e Porto. Raquel Duarte, adjunta do diretor do Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA e Tuberculose, considera que os resultados positivos não devem fazer esquecer “estas duas velocidades a nível nacional”, segundo disse na apresentação dos dados provisórios da tuberculose referentes a 2014.
Os dados foram apresentados na Direção-Geral da Saúde quando se assinala, hoje, dia 24 de março, o Dia Mundial da Tuberculose. De acordo com Raquel Duarte, “a situação, no global, é positiva, mas a tuberculose continua a ser uma preocupação em Lisboa e Porto e junto das populações mais vulneráveis”.
Nestes grupos populacionais destacam-se, segundo os dados apresentados por Raquel Duarte, os infetados por VIH, os desempregados, os toxicodependentes, os imigrantes e os reclusos”. Para se evitar estas “duas velocidades”, a especialista alerta para a necessidade de se combater a doença de forma multidisciplinar, “porque os aspetos sociodemográficos têm um papel essencial na abordagem a ter na prevenção, diagnóstico e tratamento e só trabalhando em conjunto se conseguem bons resultados”.
António Diniz, diretor do Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA e Tuberculose, apresentou, de seguida, as medidas a tomar ainda este ano no combate à tuberculose, destacando os protocolos com as câmaras municipais de Lisboa e do Porto, os Serviços Prisionais e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
E dá um exemplo: “Nas prisões, por exemplo, vão ser feitos rastreios antes de os detidos entrarem nos estabelecimentos prisionais e durante a sua estadia, para evitar surtos que advêm da tuberculose latente.”Fernando Leal da Costa, secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, encerrou a sessão, afirmando: “É com satisfação que olho para a diminuição da incidência desta doença, que permite a Portugal deixar de ser o único país da Europa Ocidental com valores acima dos 20 casos por mil habitantes.”
Contudo, “é necessário continuar o combate à doença, nomeadamente em Lisboa e no Porto e junto das populações mais vulneráveis, trabalhando-se em conjunto com todos os envolventes”. Fernando Leal da Costa sublinhou ainda “que a incidência da tuberculose nos imigrantes é inferior à de outros países europeus, o que se deve à política inclusiva portuguesa, visível no Serviço Nacional de Saúde”.
A apresentação dos dados da tuberculose em Portugal contou ainda com a presença de Francisco George, diretor-geral da Saúde, e de Fernando Almeida, presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).