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ULS de Santa Maria: a requalificação do Departamento de Coração e Vasos «vai ser retomada»

Admitindo não ser “uma matéria fácil”, o presidente do CA da ULS de Santa Maria garantiu que o projeto de reorganização e de requalificação do Departamento de Coração e Vasos vai mesmo ser retomado, assumindo esse compromisso ao intervir na sessão de abertura do XIV Congresso Novas Fronteiras em Medicina Cardiovascular.

“Há coisas que se podem fazer rapidamente no Departamento de Coração e Vasos, independentemente deste período de transição para a nova orgânica de Unidade Local de Saúde. Até porque não se pode falar só de boas práticas nas áreas clínica ou de investigação, esquecendo que tem que haver também boas práticas na gestão”, afirmou Carlos das Neves Martins, considerando que quando as instituições funcionam “a dois ritmos” frequentemente originam “insatisfação e frustração” entre os seus profissionais.


Carlos Martins

O presidente do Conselho de Administração da ULS de Santa Maria frisou ser “inevitável que a requalificação do Departamento se faça” e que esse processo avance “sem paragens temporais que podem prejudicar”. Sendo neste momento necessário “definir o plano de trabalhos a médio e a longo prazo”, o responsável manifestou-se convicto de que os mesmos poderão estar terminados no final de 2025.



Dar continuidade ao projeto

Importa referir que o projeto de reorganização e requalificação do Departamento de Coração e Vasos se iniciou quando Carlos das Neves Martins era presidente do então Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Norte. Cargo que deixou em 2019, tendo agora regressado no início de fevereiro ao Hospital de Santa Maria, para presidir à nova instituição.

Esta agrega também, para além do Hospital de Pulido Valente, as unidades de Cuidados de Saúde Primários da área de influência do antigo CH e ainda o Centro de Diagnóstico Pneumológico Dr. Ribeiro Sanches.

Fausto Pinto, diretor do Departamento de Coração e Vasos, e Carlos Martins


Fausto Pinto: “Têm sido cumpridos os nossos objetivos”

A sessão de abertura do XIV Congresso Novas Fronteiras em Medicina Cardiovascular, que se realizou em Óbidos, entre os dias 23 e 25 de fevereiro, contou com a presença dos diretores dos três serviços que formam o Departamento de Coração e Vasos: Fausto Pinto (Cardiologia), Luís Mendes Pedro (Cirurgia Vascular) e Ângelo Nobre (Cirurgia Cardiotorácica).

Na sua intervenção, que fez na qualidade de presidente do evento e de diretor do Departamento de Coração e Vasos, Fausto Pinto começou por saudar os restantes membros da mesa de abertura, entre os quais se encontrava o seu antecessor no Serviço de Cardiologia e presidente de Honra da reunião, António Nunes Diogo, e o presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Hélder Pereira.

Lembrando que a organização do Congresso envolve o Departamento que dirige mas também o Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa (CCUL) – núcleo de investigação da Faculdade de Medicina de Lisboa --, Fausto Pinto afirmou:

“Nós procuramos cumprir com aquilo que são os objetivos principais do serviço académico, por um lado, assegurar a atividade assistencial da maior unidade de saúde do país e, por outro, exercer a função formativa de ensino pré e pós-graduado e promover a investigação.”



Relativamente àquilo que tem sido o desempenho do Departamento, o seu diretor considera que “têm sido cumpridos os nossos objetivos, sendo que fomos crescendo nas mais variadas áreas”.

No rescaldo da pandemia, “a recuperação tem sido bastante significativa no que se refere às áreas cirúrgicas”. Relativamente à Consulta Externa, “também tem aumentado, dando resposta àquilo que têm sido as necessidades”.

Destacando o pioneirismo da Unidade Mais Sentido, que assegura, dentro do Serviço de Cardiologia, a prestação de cuidados paliativos aos doentes com insuficiência cardíaca, Fausto Pinto fez questão de fazer uma referência especial ao grupo de Reabilitação Cardiovascular, ao Centro de Tratamento de Hipertensão Pulmonar, à Consulta de Cardio-Oncologia e à acreditação atribuída à área da Ecocardiografia.


Intervenientes na Mesa de Abertura: Ângelo Nobre, Luís Mendes Pedro, António Nunes Diogo, Hélder Pereira, Carlos Neves Martins e Fausto Pinto

Quanto à atividade do CCUL, Fausto Pinto salientou ser superior a uma centena o número de investigadores ligados ao Centro, para um total de 14 grupos dentro da área cardiovascular, com mais de 100 estudos a decorrer no Departamento, “o que mostra bem a nossa dinâmica em termos de investigação clínica propriamente dita”.

Sendo certo que “qualquer estrutura depende das pessoas que a formam”, o cardiologista não deixou de “agradecer a todos aqueles que têm dado o seu máximo, no dia-a-dia, para que possamos continuar a ter os resultados fantásticos que temos tido ao longo destes últimos tempos, com as limitações que conhecemos, mas procurando sempre manter uma atividade ao serviço dos nossos doentes na vertente assistencial e dos nossos formandos na vertente pedagógica”.



Hélder Pereira: “Temos um país dividido a meio”

A intervenção do presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia na sessão de abertura do XIV Congresso Novas Fronteiras de Medicina Cardiovascular foi aproveitada por Hélder Pereira para se referir a dois aspetos que preocupam a SPC. O primeiro deles prende-se com a circunstância de a inovação a que se vai assistindo – da terapêutica à área da imagem, passando pela intervenção – “chegar frequentemente a Portugal, pelo menos na nossa perspetiva, de uma forma um pouco tardia”.

Mas, no entender de Hélder Pereira, o maior problema será que “temos um país em que, infelizmente, muita desta inovação não é propriamente para toda a população, sendo isso algo sobre o que todos nós devemos refletir”.


Hélder Pereira

“Verdadeiramente, temos um país dividido ao meio, um interior com uma Cardiologia praticamente de sobrevivência, em que a maioria dos hospitais nem sequer tem um Serviço de Cardiologia, e um litoral em que há, de facto, hospitais muito desenvolvidos, embora ainda precisem de o ser mais ainda”, afirmou o presidente da SPC, referindo a forma como em Espanha se tem investido em nova tecnologia, permitindo a renovação de equipamentos, com o recurso a verbas do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência.

Hélder Pereira, que é diretor do Serviço de Cardiologia da ULS de Almada-Seixal, também lamentou o facto de “a Medicina Geral e Familiar nem sequer ter acesso a meios de diagnóstico básicos para, por exemplo, diagnosticar uma cardiopatia isquémica, uma doença valvular, ou uma insuficiência cardíaca. Portanto, nós nem sequer conseguimos tratar esses doentes porque eles não nos chegam”.

“É uma responsabilidade das sociedades científicas e de todos nós procurar fazer com que isso seja alterado, porque as doenças cardiovasculares têm, de facto, um peso enorme na mortalidade e na própria sociedade e muitas vezes não são vistas assim”, concluiu.

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