«É uma mais-valia haver um internato tão completo como é o de Medicina Geral e Familiar»
Para António Luz Pereira, que presidiu ao Júri das V jornadas Multidisciplinares de Medicina Geral e Familiar, "é uma mais-valia haver um internato tão completo como é o de MGF". E destaca o facto de que algumas das atividades curriculares consistem na apresentação de trabalhos de qualidade, "que consigam transmitir as novidades que vão surgindo e a investigação que é feita em Portugal".
Em declarações à Just News, o médico de família adianta que "de ano para ano, temos visto trabalhos de investigação cada vez mais robustos e abrangentes, que englobam profissionais de várias unidades ou mesmo dos ACES, o que espelha a dedicação que tem existido a nível do internato, que tem formado especialistas com uma capacidade técnica e científica cada vez maior".
Um evento que permite "uma elevada visibilidade"
António Luz Pereira não esconde o "grande agrado" em ter sido convidado para presidir ao júri das V jornadas Multidisciplinares de MGF, um encontro que, "há alguns anos, tinha expressividade apenas na região norte e entretanto conseguiu transformar-se num grande evento a nível nacional", chegando este ano aos 1750 participantes inscritos.
E acrescenta: "Atualmente, as Jornadas Multidisciplinares de MGF têm uma elevada visibilidade e permitem a partilha de Ciência. Há muitos colegas que preparam com afinco os trabalhos que vão apresentar, e eu procurei dar o meu melhor para que eles tenham a visibilidade devida". O objetivo final é claro. "Tentamos valorizar aquilo que de bom é feito na MGF", afirma o médico de família.
WONCA 2025
O médico, que assume também o cargo de vice-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), aproveita para recordar a sua participação no 27.º Congresso Europeu da WONCA, que decorreu em Londres, em 2022:
"Percebi então que Portugal tinha a terceira maior comitiva e foi dos países que apresentaram mais trabalhos e de grande qualidade. Apenas fomos ultrapassados pela Inglaterra e pela Holanda, o que demonstra a força e a vivacidade que a MGF tem não só em Portugal mas também no estrangeiro."
Considera que não é, assim, por acaso que, em 2025, Portugal vai receber a Conferência Mundial da WONCA. A dinâmica da investigação em MGF, sendo "a grande maioria dos trabalhos realizados por internos", foi um elemento relevante que terá contribuído para a escolha do nosso país.
Qualidade da equipa sai reforçada: "Somos uma unidade formadora"
No seio da equipa que coordena, a USF Prelada, António Luz Pereira tem colocado em prática esta sua visão. "Orgulhamo-nos de ser uma equipa que forma bastantes profissionais", afirma. Na altura em que a Just News se deslocou à sua unidade, há umas semanas, estavam em formação quatro internos de MGF portugueses e ainda um italiano, que está a fazer um estágio de 15 dias ao abrigo do Programa Hippokrates, três alunos do 6.º ano e dois do 2.º ano de Medicina, e ainda três estudantes de Enfermagem.
Na verdade, sublinha o médico, "é rara a semana em que não temos algum profissional em formação, em qualquer um dos grupos profissionais, o que também demonstra a qualidade do nosso trabalho".
Na sua opinião, esta atividade "permite-nos mostrar, todos os dias, como é a nossa Unidade e estar preparados para fazer esse acolhimento. Também os utentes acabam por ter uma melhor perceção da qualidade da equipa ao perceberem que se trata de uma unidade formadora."
E qual o segredo para motivar os profissionais? "Fazê-los sentir que são importantes, que é o que, muitas vezes, falha nos Cuidados de Saúde Primários. Grande parte do desagrado que os colegas dos cuidados de saúde primários e secundários manifestam vem do facto de não se sentirem valorizados."
E acrescenta: "Por muito importantes que sejam os edifícios, as políticas e as leis, o mais fundamental dos cuidados de saúde são os profissionais, pois, se eles não se sentirem bem e motivados, não conseguem prestar os cuidados da forma mais adequada, e tudo o resto acaba por parecer insuficiente."
