KRKA

Unidade de Diabetes do CHBM: Hospital de Dia dá apoio clínico e investe na formação

Ana Rocha é a enfermeira responsável pela Unidade Integrada de Diabetes e, segundo os colegas, “o coração e o pilar” na área da diabetes do CH Barreiro Montijo. Há 30 anos que está no hospital, tendo-se dedicado, nos últimos 18, à Diabetologia.

Desde 2013 que partilha a coordenação da unidade coordenadora funcional da diabetes (UCFD) com a médica internista Laurinda Pereira. “No Despacho de 2013 da Direção-Geral da Saúde, que levou à formação das UCFD, são igualmente mencionadas as UID, como forma de organização interna hospitalar, o que veio reforçar o trabalho que já se vinha desenvolvendo, quer no hospital como nos cuidados de saúde primários, interligando-os”, comenta.



O Hospital de Dia é, de facto, o centro de toda a atividade da diabetes no CHBM. Ana Rocha, que defende a especialização em Enfermagem nesta área, recorda-se dos primeiros tempos, quando esta estrutura foi criada pelo internista Mário Brito. Os meios eram escassos, mas a vontade de fazer mais pelas pessoas com diabetes levou à organização da atual equipa.

“É importante ter este espaço, diário, onde os utentes se podem deslocar de segunda a sexta ou até telefonar para esclarecer dúvidas, evitando complicações”, diz a enfermeira.

Afinal, “a diabetes é uma doença crónica e sistémica que depende, em grande medida, dos comportamentos da pessoa – relacionados, por exemplo, com a alimentação e o exercício físico – e da adesão terapêutica", aponta. Refere também que, como são várias as decisões que têm de ser tomadas diariamente para controlar os níveis de glicemia, "é natural que surjam dúvidas ou que possam ocorrer episódios de hipoglicemia e hiperglicemia e que as pessoas precisem de quem as possa ajudar e tranquilizar".

E sublinha: “Aqui os doentes sentem-se menos desamparados, muitos já sabem que não precisam de ir às urgências e vêm logo ter connosco.” 



Fernanda Martins, atual responsável pelo Hospital de Dia, destaca, por sua vez, outro apoio importante e que foi reforçado com a criação da UID: os chamados "elos de ligação em enfermagem no Internamento".

“Realizaram-se ações de formação junto destes profissionais, o que nos permite ter sempre alguém disponível para ajudar quem é diagnosticado aquando do internamento ou os que descompensaram por alguma doença aguda”, observa.


Fernanda Martins e Ana Rocha

Laurinda Pereira sublinha também o papel dos médicos e dos enfermeiros de família no bom acompanhamento das pessoas. “Os diabéticos tipo 2 são dos cuidados de saúde primários, por isso, é necessário dar formação e estreitar a ligação com os centros de saúde.”

Partilha de experiências "como fator educativo"

Com um forte enfoque na formação dos profissionais e dos doentes, as dietistas Jerónima Correia e Joana Catita salientam o papel formativo deste espaço:

“É na sala do Hospital de Dia que organizamos várias ações de formação para utentes porque, no caso de uma doença crónica como a diabetes, é preciso saber tomar decisões no dia-a-dia para se evitarem complicações; nestas iniciativas em que existe ensino em grupo é gratificante ver como a partilha de experiências funciona como fator educativo”, enfatiza Jerónima Correia.



"Somos todos formados em Diabetologia"

Para os profissionais, a formação mais recente aconteceu nas IV Jornadas do Dia Mundial da Diabetes, que decorreram no dia 17 de novembro, no Parque da Cidade, Barreiro, e cuja presidente foi a internista Ana Paula Pona.


Ana Paula Pona

A aquisição constante de conhecimentos faz-se assim sentir no trabalho do dia-a-dia, como refere Fernanda Martins. “Aqui o apoio é muito mais especializado, porque somos todos formados em Diabetologia, quer médicos como enfermeiros, nutricionistas e dietistas.”

E acrescenta: “Há sempre profissionais que podem esclarecer e encaminhar os doentes, o que confere confiança a quem nos procura. Daí que se tenha verificado uma diminuição do número de internamentos por descompensação da diabetes ou por causa das suas complicações.”

A médica realça ainda que se tenta levar o apoio a quem está mais longe e não tem condições físicas para se deslocar ao CHBM, como em Pegões e Canha. “Nestas duas localidades, por exemplo, as pessoas são ajudadas em consultas não presenciais, com envio de receituário via computador”, esclarece.

A equipa de apoio à diabetes: Fernanda Martins, Magda Silva, Anneke Joosten, Caetano Raposo, Fátima Campante, Laurinda Pereira, Ana Paula Pona, Céu Parreira, Francelino Ferreira, Manuela Quental, Jerónima Correia, Imaculada Fernandes, Joana Catita, Deonilde Rolo e Ana Rocha


Refere ainda a importância do Hospital de Dia para os doentes com sistema perfusor contínuo de insulina, porque ali é disponibilizado o material consumível para as “bombas”, sendo que “o CHBM é um dos centros colocadores de sistemas perfusores contínuos de insulina a nível nacional”.

O Hospital de Dia presta igualmente apoio à Consulta de Diabetes e Gravidez, onde se “esclarecem dúvidas, se acalmam ansiedades e se inicia precocemente a autovigilância”, salienta Anneke Joosten, médica internista, responsável por esta consulta.

Próximos desafios passam pelo pé diabético

Apesar da boa resposta que é dada às pessoas com diabetes, ainda há algumas arestas a limar. A principal prende-se com a existência de uma Consulta do Pé Diabético no hospital, como acrescenta Fátima Campante, diretora do Serviço de Medicina Interna do CHBM. “Atualmente, os doentes são seguidos na Cirurgia, mas o ideal é contar com uma equipa multidisciplinar”, refere.


Fátima Campante

A falta de recursos é outro desafio futuro, ou não houvesse poucos médicos e enfermeiros. “Não é fácil, mas, mesmo assim, conseguimos ter sempre algum internista disponível para esta área, porque as pessoas estão muito empenhadas e gostam do que fazem, de que é exemplo o Dr. Caetano Raposo, que assume a coordenação das consultas de diabetes”, garante a médica.

No futuro, esperam-se mais recursos humanos e já existem internos motivados para lidar com esta patologia.

“Tal como antigamente as artes e os ofícios eram transmitidos de mestre para aprendiz, também a história do grupo do CHBM que se dedica à diabetes reconhece os Drs. Mário Brito e Fernando Barros como os grandes impulsionadores desta vertente e eles gostariam de poder um dia ver na atual geração de internos esta inspiração”, conclui Ana Paula Pona.



Área nobre do CHBM


O presidente do Conselho de Administração do CH Barreiro Montijo não tem dúvidas: o trabalho dos profissionais do hospital na área da diabetes não podia ser melhor. “O feedback que temos da população e dos colegas dos cuidados de saúde primários é que o CHBM oferece cuidados de excelência, muito fruto do profissionalismo de todos os que se empenham por prestar os melhores cuidados aos utentes”, sublinha.

Pedro Lopes diz mesmo que “as pessoas sentem-se devidamente acompanhadas, o que se deve também à utilização das melhores técnicas e tecnologias e ao facto de os profissionais estarem altamente motivados, o que perpassa na qualidade do atendimento”.


Pedro Lopes

Para o responsável, esta é uma “área nobre do CHBM”, que deve ser consolidada no futuro, reforçando sempre a interligação com os CSP. Afinal, como salienta, “a diabetes é uma doença que tem um peso muito grande na sociedade e no próprio sistema de saúde e é preciso ir ao encontro dos problemas reais da população”.



A notícia pode ser lida na edição de dezembro do Hospital Público.

Imprimir


Próximos eventos

Ver Agenda