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Unidade de Dor do Hospital Fernando Fonseca: Equipa multidisciplinar aposta em abordagem biopsicossocial

A Just News foi até à Unidade de Dor do Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora. Ana Pedro, sua coordenadora, deu-nos a conhecer o espaço e falou-nos desta equipa multidisciplinar, que prima por fazer uma abordagem biopsicossocial do doente, analisando-o como um todo. No seu entender, o tratamento da dor em Portugal tem vindo a desenvolver-se. Contudo, há ainda muito por fazer, sendo a formação uma área na qual se deve apostar e com a qual a equipa que coordena se preocupa.

Com a missão de promover o acompanhamento clínico do doente com dor, com vista a obter, de forma eficiente, elevados índices de cura ou bem estar, no âmbito da ação de uma equipa multidisciplinar qualificada, a Unidade de Dor foi fundada em 2002, por Georgina Coucelo, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

“A Dr.ª Georgina teve um grande trabalho no desenvolvimento da Unidade e para conseguir estas instalações, que são muito boas. No fundo, foi ela quem não só fundou este projeto como se esforçou por conseguir fazê-lo evoluir e estar ao nível em que se encontra atualmente”, observa a anestesiologista Ana Pedro, coordenadora deste espaço desde setembro passado.



A Unidade tem, atualmente, em lista 1200 doentes em tratamento ativo, com uma média de idades de 65 anos e, segundo a nossa entrevistada, conta com a colaboração de três anestesiologistas, uma enfermeira e médicos de várias especialidades para a consulta multidisciplinar, Psicologia, Psiquiatria, Neurologia, Medicina Física e de Reabilitação, Medicina Interna e Ortopedia, entre outras.

“A nossa atividade reparte-se pela consulta externa, consulta a doentes internados, consulta telefónica e ainda pelos tratamentos que realizamos. Coordenamo-nos também com a Unidade de Cuidados Paliativos.”

De acordo com Ana Pedro, as patologias mais frequentes são as não oncológicas, sobretudo a lombalgia e a patologia osteoarticular degenerativa. Contudo, tratam também doentes com dor neuropática e oncológica.

A anestesiologista conta que disponibilizam uma “grande panóplia de técnicas” que ajudam a controlar a dor do doente, como os bloqueios do sistema nervoso central e de nervos periféricos, a Radiofrequência, a Acupuntura e a Ozonoterapia, tendo a Unidade sido pioneira, no Sistema Nacional de Saúde, a disponibilizar esta última terapêutica.



Abordagem biopsicossocial

A coordenadora da Unidade confessa ser pesado e emocionalmente desgastante lidar diariamente com a dor crónica. Contudo, quem faz o que gosta não se cansa. 

“A dor tem impacto sobre todos os aspetos da vida do doente, tanto do ponto de vista das emoções como nos aspetos familiar, social e laboral, e esta traz consigo toda essa carga. É por isso necessário que se faça uma abordagem biopsicossocial, ou seja, não ver apenas a dor como um sintoma, mas sim como uma doença e avaliar o doente como um todo e numa perspetiva multidisciplinar.”

Na sua opinião, tem sido feito um trajeto significativo no tratamento da dor crónica. No entanto, não chegámos ainda àquilo que se considera o ideal. “Há muito que trabalhar. A dor é transversal a todas as especialidades e é necessário dar mais formação aos médicos, logo desde a faculdade”, afirma.

E continua: “Também os especialistas em Medicina Geral e Familiar têm de ter mais formação e saber tratar a dor de uma forma mais diferenciada, ter conhecimento das situações em que é urgente referenciar e até, eventualmente, como podem ser controladas a nível das unidades de dor.”

Tal como menciona, o ideal seria não existirem unidades de dor cheias de doentes aos quais nunca se tentou fazer anteriormente algum tratamento, sendo, por isso, muito importante que se trabalhe em linhas orientadoras para uma correta referenciação.



Além de vários outros temas abordados por Ana Pedro ao longo da reportagem, são também entrevistados mais profissionais da Unidade: 
- Anabela Marques, enfermeira, que faz parte da equipa desta Unidade desde 2007;
- Mafalda Miranda, psicóloga da Equipa de Psiquiatria de Ligação;
- Alice Luís, psiquiatra da Equipa de Psiquiatria de Ligação, colabora com os profissionais da Unidade de Dor ainda antes da criação da mesma;
- Susana Cabrita, anestesiologista, colabora com esta Unidade de Dor desde 2011.



A reportagem completa da Just News sobre a Unidade de Dor do Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca foi publicada no Jornal do 14º Convénio ASTOR/23.as Jornadas da Unidade de Dor do Hospital Garcia de Orta. O evento, que decorreu nos dias 28 e 29 de janeiro, foi presidido por Beatriz Craveiro Lopes, diretora da Unidade Dor do Hospital Garcia de Orta.

Em declarações à Just News, a responsável explica que, em 
todos os anos par, é convidada uma unidade para fazer parte da Comissão Científica e sublinha: "Não somos virados para o nosso umbigo, pelo contrário, temos como objetivo projetar o que se faz em Medicina da Dor em Portugal. Daí esta preocupação de, pelo menos, ano sim, ano não, convidar outras unidades e, anualmente, outros especialistas. É um momento de partilha com todos."

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