Unidades de Hospitalização Domiciliária: foram já alcançados os objetivos da tutela para 2024

Equipas de Hospitalização Domiciliária de quatro dezenas de hospitais acompanharam, o ano passado, cerca de 9000 doentes internados em suas casas, mais 24% do que em 2021.

Ao intervir na sessão de abertura do 3.º Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária, a que presidiu, Francisca Delerue mostrou-se satisfeita com o número de inscritos no evento que se realizou em Coimbra no início de junho: cerca de duas centenas.

Mas não o estava menos no que diz respeito à implementação desta modalidade de internamento no nosso país, sublinhando que “ultrapassou as metas estabelecidas pela tutela, alcançando-se em 2022 os objetivos determinados para 2024”.


Francisca Delerue

A médica, que é diretora do Serviço de Medicina Interna do Hospital Garcia de Orta, precisamente a unidade hospitalar de referência relativamente à HD, e que coordena o Núcleo de Estudos de Hospitalização Domiciliária da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), destacou alguns números que medem o impacto do programa.

Mais de 25.000 portugueses aguardaram em casa pela nota de alta

Assim, em 2022, foram tratados 9000 doentes, mais 24% do que em 2021, com uma média de cerca de 10 dias de internamento e uma taxa de mortalidade de 2%.

Feitas as contas, desde o arranque do projeto até ao final do ano transato, foram mais de 25.000 os portugueses que puderam aguardar em casa pela nota de alta, ao invés de permanecerem numa cama de hospital, onde, por exemplo, o risco de se contrair uma infeção mais complicada é, como se sabe, uma realidade.



“Temos diariamente cerca de 340 doentes em casa”, frisou Francisca Delerue, lembrando que tal número de camas em enfermaria corresponderá a um hospital de média dimensão.

Destacou, entretanto, outro dado que afirmou ser importante e que se prende com o aumento, em 2022, das admissões diretas em 68%, isto é, há cada vez mais pessoas que não passam pelo hospital, sendo internadas diretamente em casa.

Elementos do Núcleo de Hospitalização Domiciliária da SPMI

As admissões diretas em casa aumentaram 68% em 2022

 
“Considero que a HD deve ser vista cada vez mais como a primeira opção e não como uma alternativa ao internamento convencional, devendo os hospitais ficar reservados para os doentes com maior índice de gravidade, ou para aqueles que se considere não terem os critérios sociais exigidos”, afirmou.

Relativamente ao programa deste 3.º Congresso de Hospitalização Domiciliária, e depois de destacar o workshop sobre acessos vasculares avançados que tivera lugar nessa manhã, Francisca Delerue destacou alguns temas: a regulamentação e os aspetos financeiros da HD, os cuidadores informais e a literacia em saúde, as linhas gerais de orientação em HD na DPOC, na diabetes mellitus, na insuficiência cardíaca e na anticoagulação. Mas não só.

A médica fez ainda referência à terapêutica transfusional (que já é feita em Espanha), a telemonitorização, a terapêutica antimicrobiana domiciliária endovenosa e os desafios colocados pela referenciação crescente de doentes cirúrgicos.

HD “poupou” aos hospitais 88.000 dias de internamento em 2022

Isabel Fonseca, internista do CH e Universitário de Coimbra, esteve presente na sessão de abertura do Congresso na sua qualidade de vice-presidente da SPMI e fez questão de deixar a seguinte mensagem:


“Quem não tem disponibilidade mental nem física não deve estar nestes projetos inovadores, porque eles precisam de muito boa vontade. Eu vejo que há uma grande motivação, que as equipas estão muito mais empenhadas, eficazes e direcionadas.”


Delfim Rodrigues e Isabel Fonseca

Delfim Rodrigues, coordenador do Programa Nacional de Implementação das Unidades de Hospitalização Domiciliária nos hospitais do SNS, a importância de “conjugar o encontro de três variáveis” para assegurar o futuro da HD:

“A variável acesso, porque sem ele não há serviço, a variável qualidade e segurança desse mesmo acesso e a variável equidade, isto é, temos que estar atentos ao aspeto financeiro.”

Frisando que ao longo do ano de 2022 a Hospitalização Domiciliária “poupou” aos hospitais qualquer coisa como 88.000 dias de internamento, o responsável confirmou estar em preparação pelo Ministério da Saúde o estabelecimento de normas de orientação que irão contemplar aspetos tão concretos como o uso de viaturas ou o transporte de medicamentos.

“Vai formalmente ser resolvida a questão de que todos nós falamos da integração da HD com a Rede Nacional de Cuidados Continuados”, anunciou Delfim Rodrigues, acrescentando estar também prevista “uma maior integração do processo clínico” de cada doente, para o que contribuirá a generalização do modelo ULS (unidade local de saúde).

“Passará a existir um processo clínico único, baseado no doente e não na instituição”, com a projetada integração dos setores privado e social, referiu Delfim Rodrigues.


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