Uroginecologia: «Há finalmente condições para criar a subespecialidade»

A criação da subespecialidade de Uroginecologia é algo há muito ansiado pela Secção Portuguesa de Uroginecologia da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, e que, com a alteração a um regulamento, que passa a centralizar no Colégio da Especialidade de Ginecologia/Obstetrícia da Ordem dos Médicos (OM) a decisão, poderá concretizar-se muito em breve.

Este será o tema da conferência inaugural da 202.ª Reunião SPG, organizada pela Secção de Uroginecologia, que arranca já esta sexta-feira, em Cascais.



“Subespecialidade finalmente?” é o nome da conferência que marca o arranque das sessões científicas desta reunião da SPG dedicada à uroginecologia, cuja anterior edição havia decorrido há já quatro anos. Bercina Candoso, presidente da Secção Portuguesa de Uroginecologia (SPUG), e que será a conferencista, afirma, em declarações à Just News, que “há finalmente todas as condições para criar a subespecialidade”.

A médica, que é responsável pela Unidade de Uroginecologia e Pavimento Pélvico do Cento Materno-Infantil do Norte, adianta que o assunto vem sendo discutido há mais de 10 anos, desde 2012, então com a SPUG sob a presidência de Liana Negrão, na sequência da tentativa de implementar a formação em Uroginecologia.

Em 2018, quando se tornou presidente desta Secção, Bercina Candoso não desistiu do objetivo e, em outubro de 2022, com a publicação do Regulamento n.º 951/2022 da OM, trazendo alterações ao Regulamento Geral dos Colégios de Especialidades e de Competências e das Secções de Subespecialidades, que datava de julho de 2016, a subespecialidade passou a ser entendida como um “título que reconhece uma diferenciação numa área particular de uma especialidade a membros do respetivo Colégio”.


Bercina Candoso

Adicionalmente, “a criação de secção de subespecialidade é proposta pela direção do colégio da especialidade que a pretenda ao Conselho Nacional” e “no âmbito de um único colégio de especialidade”. Isto é, “será apenas o Colégio da Especialidade de Gin./Obst. a pronunciar-se sobre o assunto”, especifica a especialista.

Nesse sentido, a médica vê a conferência como uma oportunidade de “partilhar com os colegas a publicação deste regulamento e de os elucidar quanto aos procedimentos necessários para submeterem o seu currículo e obterem o título de subespecialistas em uroginecologia, se reunirem as competências técnico científicas diferenciadas e específicas, tal como já sucede em países como Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia”.

Atualmente, em Portugal, haverá “umas largas dezenas de ginecologistas dedicados a esta área, que poderão concorrer ao título”.

Dado tratar-se de uma lista conjunta com a concorrente à eleição dos membros do Colégio da Especialidade, Bercina Candoso espera que, nas futuras eleições para a direção do Colégio de Especialidade de Gin./Obst., seja possível eleger a direção do Colégio da Subespecialidade de Uroginecologia da OM. A concretizar-se, a Uroginecologia viria juntar-se às subespecialidades de Ginecologia Oncológica, Medicina da Reprodução e Medicina Materno-Fetal.

Com o programa selecionado, a ginecologista destaca que alguns dos principais propósitos da reunião, que se realiza nos dias 12 e 13 de janeiro, são “ultrapassar determinados aspetos menos claros no tratamento das doentes em uroginecologia, a atualização em técnicas cirúrgicas e conservadoras, na formação e no estudo das patologias uroginecológicas”.

Acrescenta ainda que “não são deixadas de fora as lesões e via do parto como grandes promotores das disfunções do pavimento pélvico e também a abordagem de assuntos que muitos clínicos desvalorizam ou não pesquisam, nomeadamente a neuralgia do pudendo, que é muito mais frequente do que aquilo que a maior parte dos uroginecologistas podem pensar”.

 

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