Na USF 7 Castelos, doentes com demência têm acesso rápido a consultas de Neurologia e Psiquiatria
A USF 7 Castelos, uma Unidade da ULS de Loures-Odivelas, coordenada por Teresa Mendes, está envolvida em vários projetos de integração de cuidados com estruturas da comunidade, um dos quais na área das demências. Em entrevista à Just News, a médica explica que este projeto arrancou em meados de 2023 e procura capacitar pessoas com demência e seus cuidadores, juntamente com a USF Ramada e o Serviço de Neurologia do Hospital Beatriz Ângelo.
Em novembro, foram inclusivamente organizadas umas Jornadas sobre Demências, em que participaram médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, uma jurista e uma assistente social, com a finalidade de “apresentar casos clínicos, abordar a oferta de recursos da comunidade e aproximar os cuidados hospitalares dos CSP, o que é sempre útil”..jpg)
“Havia necessidade de melhorar a comunicação"
O médico Válter Ribeiro Ferreira é quem está mais dedicado a este projeto. Foi em 2012, quando já trabalhava como fisioterapeuta há quatro anos, em centros sociais e paroquiais e em apoio domiciliário, que decidiu ir atrás do seu sonho. “Medicina era algo que sempre tinha querido, mas que, na altura, o percurso de vida não permitiu concretizar, mas a verdade é que estamos sempre a tempo!”, refere.
Já enquanto fisioterapeuta gostava muito de trabalhar as áreas de Saúde do Idoso e de Saúde Mental, que continua a privilegiar enquanto médico de família, através da dinamização de projetos nesses âmbitos. No início de 2024, cerca de um ano após ter chegado a esta USF, associou-se ao projeto de integração de cuidados relacionado com as demências, que engloba também a USF Ramada, o Serviço Social e os serviços de Neurologia e de Psiquiatria do Hospital Beatriz Ângelo.

“Havia necessidade de melhorar a comunicação entre os diferentes níveis de cuidados de saúde que são prestados a estes doentes e às suas famílias, que são uma população muito especial, e também com as próprias estruturas da comunidade”, explica. Nesse sentido, mensalmente, são realizadas reuniões envolvendo estes agentes, a fim de “discutir casos, planear a formação, fazer investigação e debater como pode ser melhorada esta integração de cuidados”.
Foi dessa articulação que resultou a organização da primeira edição das Jornadas sobre Demências da ULS Loures-Odivelas, realizadas em dezembro de 2024, que juntaram cerca de meia centena de profissionais da ULS, entre médicos, enfermeiros, assistentes socais, terapeutas ocupacionais e da fala. “Há muitas dúvidas relativamente aos apoios sociais, ao estatuto de maior acompanhado e à orientação legal, ao nível da gestão do património do doente demente, por exemplo, pelo que estes temas também acabaram por ser abordados”, expõe.

"Para já, essencialmente, a mais-valia é a acessibilidade"
No que respeita à articulação com o meio hospitalar, têm sido concretizadas diversas ações: “Estamos a desenvolver uma base de dados conjunta referente aos utentes das duas USF que são seguidos em consulta no Hospital Beatriz Ângelo.
Este ano, vamos tentar elaborar um projeto de investigação e melhorar a informação que cedemos aos colegas, nomeadamente no âmbito da referenciação às consultas de Neurologia e de Psiquiatria – O que é preciso fazer antes de referenciar? Que doentes faz sentido priorizar? Quais podemos acompanhar com medidas de prevenção da demência?”
Acima de tudo, o médico considera que o estreitar da ligação entre os profissionais é muito benéfico: “Podemos disponibilizar alguns contactos de e-mail aos familiares, e se um doente começar a descompensar e precisar de uma intervenção mais precoce conseguimos fazer essa sinalização, que pode resultar na antecipação de uma consulta que estava agendada só para daí a um ano, por exemplo.”
Em relação aos doentes, reconhece que, “para já, essencialmente, a mais-valia é a acessibilidade, no sentido em que se existir alguma descompensação sabem que há atalhos e que não ficam sujeitos à referenciação normal pelo ALERT, até porque, muitas das vezes, já são seguidos a nível hospitalar”.
O nosso interlocutor adianta que o objetivo será “continuar a elaborar informação, nomeadamente os critérios de referenciação tipificados pelos serviços de Neurologia e de Psiquiatria, e partilhá-la num site da intranet, para que todos os colegas da ULS possam ter acesso a informação fidedigna de forma segura. É muito importante que nos CSP estejam informados do tipo de resposta que podem obter do nível de cuidados acima”.
Outro dos projetos nos quais este médico está envolvido relaciona-se com a prescrição social, temática com a qual contactou ainda durante o internato, quando realizou um estágio na USF da Baixa, uma das unidades pioneiras na prescrição social em Portugal.jpg)
A reportagem completa, com diversas entrevistas a vários profissionais da USF 7 Castelos, pode ser lida na edição de maio do Jornal Médico.

