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USF Carnide Quer: «o bem-estar e a qualidade começam logo no atendimento»

A USF Carnide Quer abrange uma população muito diversificada em termos socioeconómicos, o que eleva o grau de exigência na prestação de cuidados de proximidade e de qualidade. O desafio mais recente é a partilha de espaço com uma unidade que trabalha de forma completamente diferente. Entrevistada pelo Jornal Médico, Lucília Martinho, coordenadora da USF, afirma que este não é um pormenor, porque "o bem-estar e a qualidade começam logo no atendimento”.

Inovação foi sempre a palavra de ordem da equipa de cuidados de saúde primários (CSP) de Carnide. Logo em 1998 integraram o projeto Alfa, percursor das equipas que aderiram ao regime remuneratório experimental (RRE). Nessa altura, os utentes deslocavam-se a Benfica para ter consultas e depois passaram a ter um espaço em Carnide, “em instalações provisórias, com mau acesso, pelo que nos últimos 16 anos lutaram por melhores condições, recorrendo a manifestações e abaixo-assinados”, relembra Lucília Martinho.

Foram das primeiras equipas de CSP a ter um serviço informatizado, o que começou logo por mudar a lógica de trabalho. “Desde os alfa que sabemos o que é autonomia e emporwement, o que nos obrigou a ter, desde cedo, a noção da importância de se trabalhar em equipa para se obterem resultados”, refere a coordenadora. Tendo como objetivo principal “apostar na qualidade e no bem-estar dos utentes”, candidataram-se, em 2007, ao modelo A. Desde aí, não têm parado e, ao fim de dois anos, conseguiram o modelo B.

Novas instalações são melhores, mas com várias arestas a limar

A falta de acessibilidade era um dos problemas das instalações antigas. “Não havia espaço suficiente e os utentes não tinham transportes que parassem perto da unidade”, aponta Lucília Martinho. Este ano, em 30 de junho, conseguiram uma nova casa, com transportes à porta e parque de estacionamento gratuito.

Contudo, a situação ainda não é a ideal. A coordenadora da unidade esclarece que “é melhor em termos de acessibilidade, arejamento, luz natural e privacidade nos gabinetes, mas apresenta problemas na área do atendimento”. E explica porquê:

“Partilhamos este espaço com a Unidade de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) da Pontinha, o que implica ter, na mesma sala de espera, duas formas de atendimento completamente diferentes. Os utentes da USF, que pertencem ao ACES Lisboa Norte, têm um atendimento personalizado e os da Pontinha (ACES Loures/Sacavém) têm o atendimento habitual dos centros de saúde, com falta de recursos e utentes sem médico, existindo filas à porta, de manhã, obrigando o segurança a distribuir senhas para a gestão da fila de espera.”

Quem chega fica confuso, porque não percebe a razão de duas equipas trabalharem de uma forma tão diferente. Há mesmo quem chegue a pedir para ser aceite na USF.

O ideal seria fazer um prolongamento do edifício que permitisse ter uma sala de espera para a USF Carnide na parte norte. “Já entregámos uma proposta nesse sentido às autoridades competentes. Estamos à espera.” Até lá, terão de conviver com duas formas diferentes de trabalhar, que só afeta a parte da sala de espera, porque os restantes gabinetes são separados. “Pode parecer um pormenor, mas não é. O bem-estar e a qualidade começam logo no atendimento”, frisa Lucília Martinho.



Continuar a "ser uma unidade de excelência"

Entre outros temas abordados na reportagem publicada na atual edição do Jornal Médico, que conta com a participação de vários profissionais desta unidade, a coordenadora da USF Carnide Quer refere alguns alguns dos objetivos e expectativas para o futuro:

“Acreditamos que vamos continuar a ser uma unidade de excelência. É para isso que trabalhamos todos os dias, contra todas as tempestades. Somos uma equipa coesa, onde impera a interajuda e a humildade em aprendermos uns com os outros, onde já existe um bom reconhecimento do nosso trabalho por parte dos nossos utentes.”

Espera-se também que a proposta de alargamento do espaço das novas instalações se concretize, para se evitar o que acontece atualmente: “Na mesma sala temos utentes que são tratados de forma personalizada e outros que, apesar do trabalho de qualidade que os colegas tentam fazer, são obrigados a deslocar-se de madrugada para conseguirem uma consulta de urgência.”

Outra aposta continuará a ser na área da formação e da investigação. “Trabalhamos com internos e estagiários na Medicina Geral e Familiar (MGF) e com estagiários de Enfermagem, porque é fundamental transmitir conhecimentos e receber as ideias dos mais novos, que nos abrem novos horizontes.” A investigação é considerada essencial, “porque só assim se avança na Saúde e se contribui para o bem-estar e a qualidade dos utentes”.



A reportagem sobre a USF Carnide Quer foi publicada na edição de dezembro do Jornal Médico.

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