USF Costa do Mar: Prevenir a dor na vacinação de crianças

São vários os projetos que a equipa da USF Costa do Mar tem vindo a desenvolver ao longo dos anos, como o da Consulta de Cessação Tabágica, iniciada em 2018 e realizada semanalmente.

Com a participação de duas médicas e três enfermeiras, esta valência foi alargada à população da área de influência da ULS de Almada-Seixal em 2023 e afirma-se como “uma mais-valia para o controlo de doenças crónicas e a evicção de complicações”.



“Sabemos que a dor é um sinal vital muito importante"

A enfermagem, em particular, tem desenvolvido diversos projetos, entre eles o da Prevenção da Dor na Vacinação, que beneficiou de apoio do Orçamento Participativo da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros de 2022. 

Graças a essa distinção, a equipa pôde adquirir vários Buzzy, um dispositivo que, graças à combinaçãode vibrações e de frio, alivia a dor da injeção, bem como uns óculos de realidade virtual, que ajudam a reduzir o medo e a ansiedade.

“Sabemos que a dor é um sinal vital muito importante e não pode ser descurado. Com estas distrações, muitas crianças nem se apercebem do momento da vacinação!”, refere Sandra Lopes, coordenadora da USF Costa do Mar.


Sandra Lopes

A Prevenção de Quedas no Domicílio é outro dos projetos dinamizados pelo grupo de enfermagem, e que foi contemplado com o Orçamento Participativo da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros de 2023. Neste caso, o apoio monetário permitiu a aquisição de uma bicicleta elétrica, usada precisamente para realizar domicílios de vigilância na zona da Costa de Caparica. Sandra Lopes lembra como este tipo de ações “é fundamental, uma vez que a queda é um dos fatores que levam à morte precoce dos idosos”.

A coordenadora da USF mostra-se orgulhosa pelo facto de duas médicas e duas enfermeiras integraram a Research2Care, estrutura de apoio e promoção da investigação clínica nos CSP da ULSAS, e estarem a trabalhar ativamente em quatro projetos de investigação.


Desde 2021 que esta USF tem vindo a dinamizar o projeto Walk with a Doc, um movimento internacional que visa a promoção da atividade física e o aumento dos níveis de literacia em saúde da população. Mensalmente, têm vindo a ser organizadas caminhadas por trilhos da Costa de Caparica, Cova do Vapor e Trafaria, bem como aulas de yoga e visitas a hortas comunitárias, conduzidas principalmente por internos e estudantes de Medicina e de Enfermagem.

“Os nossos utentes adoram e até já caminham connosco pessoas que são utentes de outras unidades!”, comenta a nossa interlocutora, notando que o projeto “vai para lá da caminhada”:

“Vamos tentando responder às necessidades locais, por isso, já nos organizámos para efetuar a limpeza de praias e para cuidar de hortas, num total de cerca de 40 caminhadas, mais de 100 horas de percurso e incontáveis quilómetros. Adicionalmente, procuramos responder aos assuntos que os utentes vão apresentando como necessidades de literacia em saúde. É com frequência que se realizam na USF sessões teóricas relativamente dinâmicas.”

Com uma “forte componente de apoio à formação pré e pós-graduada”, duas das médicas da USF Costa do Mar são docentes da FMUL e dois elementos de enfermagem colaboram mais diretamente com a Escola Superior de Saúde de Setúbal. Todos os profissionais médicos são tutores de alunos da FMUL e da FCM-UNL e recebem ainda estudantes de outros países, nomeadamente dos PALOP.
 
Também os enfermeiros têm um forte pendor formativo, acolhendo alunos e enfermeiros a fazer especialização. No total, já foram recebidos nesta USF mais de uma centena de elementos.

Além dos internos de MGF que forma, a equipa acolhe todos os anos internos de MGF de outras unidades, que vêm fazer um a dois meses de estágio observacional, para “conhecer a cultura organizacional, a gestão da equipa e a forma de prestação de cuidados”.



“uma equipa mesmo muito especial”

Inaugurada a 18 de maio de 2015, a USF Costa do Mar acabou de cumprir o seu 10.º aniversário e, como tem sido tradição, assinalou o marco com um piquenique, que juntou profissionais e familiares no Parque da Paz, em Almada.

“É uma forma de comemoração e uma via de estarmos juntos de maneira mais informal, onde podemos reunir a nossa família alargada e sedimentar laços. Nós somos uma equipa de 28 elementos, mas, ao nosso lado, estão mais de duas dezenas de companheiros, 48 filhos e quatro netos. Este é um momento muito acarinhado também pelas nossas famílias, que se repete a cada aniversário e no Natal!”, começa por contextualizar Sandra Lopes, coordenadora da unidade desde o início de 2024.


Na sua perspetiva, são também as vivências pessoais que fazem desta “uma equipa mesmo muito especial”. No fundo, “acabamos por conhecer muito bem a realidade de cada elemento, o que nos ajuda a desempenhar todas as tarefas, não raras vezes, para lá das 35 horas semanais, com menor custo e um espírito de entreajuda e serviço ao outro”.
 
Por se localizar na Costa de Caparica, a viagem de alguns elementos entre a casa e o trabalho pode ser “um verdadeiro desafio, principalmente no verão”. No caso de Sandra Lopes, vê a travessia da ponte 25 de Abril como “uma terapia”, que a ajuda a “ligar o chip do trabalho e o da família, e a separar os dois mundos”.

Neste âmbito, avança que “não há ninguém no grupo que não tenha já recebido um convite para ir trabalhar para mais perto de casa, ou de forma melhor remunerada, ou com outro tipo de condições, seja no setor público como no privado”. Contudo, a verdade é que todos têm optado por manter-se no lugar onde estão: “Os profissionais estão aqui porque querem trabalhar neste local, com estes colegas, e é isso que nos torna tão bons e tão unidos”.



Conhecida pelo seu dinamismo, esta equipa tem feito questão de preservar esse histórico ao longo dos anos. “Nunca terminamos um projeto sem ter outro em vista! Pouco tempo depois de nos termos sedimentado como USF modelo A, candidatámo-nos ao modelo B e logo que conseguimos começámos a trabalhar no sentido de obter a certificação pela DGS. Não é por acaso que um dos nossos lemas é a melhoria contínua, e nós encaramos a certificação como tal, por ser, além de um selo de qualidade externa, a consolidação dos hábitos de gestão e da prestação de cuidados de qualidade!”, comenta.

Se, a curto prazo, o objetivo é “concluir o processo de certificação pela DGS, iniciado em janeiro de 2024, para o nível Bom, o próximo passo é candidatarmo-nos ao nível Muito Bom”, adianta a médica de família, notando que “o feedback dado pelos auditores relativamente às componentes assistencial e de gestão foi precisamente de que teria havido condições para uma candidatura ao nível Muito Bom, o que foi entusiasmante”.


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