USF D. Sancho I declara guerra à obesidade com a criação de uma consulta multidisciplinar

No início deste ano arrancou na USF D. Sancho I, uma Unidade da ULS da Lezíria, localizada no concelho do Cartaxo, uma das primeiras consultas multidisciplinares de obesidade realizadas nos Cuidados de Saúde Primários a nível nacional, numa altura em que “o combate à obesidade e a sua prevenção estão, neste momento, nas grandes balizas nacionais”, refere o coordenador da unidade, Pedro Alves.

Afinal, “estima-se que, até 2050, 60% da população adulta no mundo terá excesso de peso ou obesidade, prevalência que ronda já os 30% em crianças e adolescentes”.



A certa altura, esta equipa já tinha constituído um Plano Assistencial Integrado da Pré-Obesidade. Contudo, refere o médico que “não existia ainda o arsenal terapêutico disponível hoje para tratar a obesidade, pelo que a intervenção era baseada principalmente na mudança de comportamento e alteração do estilo de vida”.

Esta consulta surgiu, assim, como “um contínuo desse trabalho que vinha a ser desenvolvido ao longo dos anos e que era um motivo de estímulo para a equipa”.


Para já, a microequipa destacada é a que já havia realizado a Consulta de Apoio Intensivo à Cessação Tabágica, e o tempo dedicado é de duas horas semanais. No entanto, o coordenador projeta que este grupo não será suficiente para responder às solicitações.


 Pedro Alves

“Se, para a Consulta de Cessação Tabágica, tínhamos alguma procura, no caso da Consulta de Obesidade, teremos ‘o mundo inteiro’! A prevalência desta patologia é tão grande que exige que todos trabalhemos para a combater”, destaca o coordenador. 

A diferenciação dos profissionais ao serviço da população Pedro Alves partilha com a Just News aquela que considera ser a chave para o sucesso: “Acima de tudo, é gostarmos do que fazemos e trabalharmos pelos doentes, porque se o fizéssemos por questões financeiras ou de imposição nada seria possível.”

E lembra que “a carga adicional de utentes já tidos bem como o número de atendimentos acrescidos realizados só são possíveis quando os profissionais gostam efetivamente daquilo que fazem”.

De igual forma, defende que “não basta a excelência a título individual”, pois, “à semelhança do que sucede no futebol, ter as melhores estrelas não faz o melhor clube”, ideia que procura reforçar nas reuniões de equipa.


Assim, uma das práticas que aplicam no dia-a-dia passa pelo “aproveitamento do melhor de cada um para benefício do grupo”. Efetivamente, “não temos de ser todos bons numa área nem partilhar os mesmos interesses; precisamos, sim, de reconhecer as nossas diferenças e aproveitar aquilo que cada um tem de melhor”.
 


Nesse sentido, ao invés de haver um acompanhamento muito restrito dos utentes pela sua microequipa, as diferentes capacidades dos profissionais são aproveitadas para benefício de todos os utentes. “Se algum de nós tiver maior interesse ou apetência por certa área, por que não colocar essa sua capacitação à disposição dos colegas? Desde que haja um equilíbrio de trabalho, todos ganhamos em que exista essa dinâmica!”, sublinha.

Esta unidade, acreditada com Nível Bom pela Direção-Geral da Saúde (DGS), através da Agência de Qualidade Sanitária da Andaluzia, terá em breve de decidir se irá ou não propor-se ao processo de recertificação.



“Apesar de este tipo de processos fazerem todo o sentido, podem ser geradores de grande stress, quando as equipas já estão próximas do seu limite”, alerta, prosseguindo:

“Os profissionais serão os mesmos e os seus tempos de trabalho serão mantidos, pelo que, para desenvolvermos esse processo, teremos de roubar tempo de atendimento aos nossos utentes, ou tempo familiar, e provavelmente qualquer um deles não irá entender. Por isso, será preciso perceber se esse passo será benéfico ou não para a equipa.”

Paralelamente, considera que é preciso atender ao verdadeiro objetivo do processo de certificação: “A sua utilidade é mesmo pararmos para pensar sobre o que estamos a fazer e o que podemos melhorar.”



Reconhecendo a importância da noção de equipa, na sequência da reorganização dos cuidados de saúde, com a generalização do modelo ULS, e da renovação de parte da equipa, em 2024, Pedro Alves entendeu por bem centrar os planos de melhoria em atividades de promoção da união entre os profissionais. Nesse sentido, foram dinamizadas, ao longo do ano, algumas atividades de team building.


“Muitas vezes, estas iniciativas englobaram os profissionais e as suas famílias, numa perspetiva de fortalecimento dos laços entre todos os colaboradores e de sentirem também esta casa como sua, e para que os próprios familiares pudessem aproximar-se desta realidade e perceber melhor as nossas ações diárias”, distingue.


A reportagem completa pode ser lida na edição de julho do Jornal Médico.

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