USF de Torres Novas recuperará em breve o espaço físico que lhe falta
Servindo uma população de praticamente 14.000 utentes inscritos, a USF Almonda, que tem o nome do rio que banha a cidade de Torres Novas, é uma das nove unidades de saúde familiar da ULS do Médio Tejo. Tendo iniciado atividade em 2012, desde o primeiro dia que mantém também aberto um polo na aldeia de Olaia, contando neste momento com uma equipa de sete médicos de família (um 8.º elemento aposentou-se recentemente), quatro internas de MGF, oito enfermeiras e seis secretárias clínicas.
Tendo ascendido a modelo B no final de 2019, houve que ultrapassar, logo a seguir, em 2020/2021, o desafio da pandemia e das obras que ocorreram em simultâneo. Segundo o seu coordenador, Pedro Ferreira de Sousa, a Unidade vive agora um momento de estabilidade, aguardando ansiosamente pela recuperação de um espaço que é seu, mas que há sete anos foi cedido à vizinha USF Cardilium, que se prepara para inaugurar as suas próprias instalações, num edifício neste momento em construção.
Esta reportagem foi realizada na última sexta-feira de agosto..jpg)
"Todos os especialistas da USF se disponibilizaram para fazer horas extra"
Das três unidades de saúde familiar em atividade no concelho de Torres Novas, a USF Almonda é a mais antiga, tendo aberto portas a 9 de abril de 2012. Seguiu-se-lhe a USF Nove Torres, a 2 de novembro do mesmo ano, com sede na localidade de Riachos, e a USF Cardilium, que começou a funcionar a 28 de maio de 2018.
O polo de Olaia encontra-se instalado, desde a sua abertura, num edifício propriedade da União de Freguesias de Olaia e Paço, tendo o espaço sido recentemente remodelado. Dispõe de dois gabinetes médicos e outros dois de enfermagem, um back-office de apoio ao secretariado clínico e tem agora um quinto gabinete destinado à interna em formação.
De acordo com dados de julho, estavam ali inscritos nessa altura 3206 utentes, distribuídos por duas listas, sendo que cerca de metade tem estado, nos últimos tempos, sem médico de família, devido à reforma, em abril, de um dos dois especialistas alocados àquela extensão.
“Estamos a aguardar a substituição, mas, entretanto, esse ficheiro tem sido trabalhado pela interna que está em Olaia e as colegas de internato também têm colaborado, na medida do possível. Para além disso, e como não podia deixar de ser perante uma situação de ausência prolongada, todos os especialistas da USF se disponibilizaram para fazer horas extra e, dessa forma, suprir as necessidades da lista que está temporariamente sem médico atribuído”, explica Pedro Ferreira de Sousa, acrescentando:
“Da equipa médica original, tivemos até ao momento quatro saídas por aposentação e mais algumas por motivos pessoais ou porque foram para outros projetos. Mas o fluxo de profissionais, esta dinâmica nas unidades, é cada vez mais frequente. É claro que, por vezes, não é tarefa fácil a reposição dos profissionais em falta, mas nós temos conseguido. O que está a demorar mais até é esta situação da última aposentação, mas contamos encontrar brevemente candidatos para repor a vaga criada.”
De referir que o polo está aberto todos os dias úteis da semana, entre as 8h30 e as 18h00, com exceção das sextas-feiras, em que encerra às 13h00, permitindo que o agora único médico especialista, as duas enfermeiras de família, a secretária clínica e a médica interna possam deslocar-se até à sede da USF para participarem na reunião semanal que junta toda a equipa a partir das 14h00.

Pedro Ferreira de Sousa
O desafio que implica gerir tão poucos gabinetes
Quando a USF Almonda iniciou a sua atividade, em 2012, tinha como vizinhos no edifício térreo do denominado Centro de Saúde de Torres Novas, localizado na Praceta Entre Águas, uma Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP), uma Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) e algumas valências da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados (URAP), que neste polo disponibiliza, hoje em dia, apoio psicológico, serviço social, técnicas de Cardiopneumologia e consultas de Medicina Dentária.
Pedro Ferreira de Sousa já era coordenador quando, em maio de 2018, a USF Almonda viu substancialmente reduzido o número de gabinetes de que dispunha, para que o edifício pudesse acolher, temporariamente, a nova USF Cardilium.
Seguiu-se, em 2020 e 2021, “o período mais desafiador para a equipa”, segundo o coordenador, porque às contingências originadas pela pandemia de covid-19 se vieram juntar as obras de ampliação e modernização das instalações do Centro de Saúde.
Reconhece que estas “vieram, sem dúvida, ajudar a otimizar o espaço”, mas logo acrescenta que, na verdade, “ainda não sentimos isso porque, por enquanto, parte dele está cedido aos nossos colegas da USF Cardilium”.
Por esse motivo, a Unidade dispõe apenas de 6 gabinetes médicos, 4 gabinetes de enfermagem e 2 salas de tratamento, que têm que servir para as consultas médicas de seis especialistas, para as consultas de enfermagem de outros tantos enfermeiros, bem como alunos dos ensinos clínicos e de especialidade, e também para realizar tratamentos. E ainda têm que acolher as três internas que ali estão diariamente a cumprir o seu internato.
O coordenador explica à Just News como se tem tentado rentabilizar os poucos gabinetes disponíveis, alocando-os especificamente a determinadas consultas, procurando que médico e enfermeiro que formam equipa estejam fisicamente próximos, ou seja, em salas contíguas.
Há, assim, gabinetes especificamente destinados a determinadas consultas, como as de HTA e diabetes, as de saúde infantil e as de saúde materna, que inclui o planeamento familiar.
O desafio é grande porque, para além da questão dos tratamentos, ainda é necessário contemplar o gabinete para a consulta da saúde de adultos, ou para atender os utentes da consulta aberta, por exemplo...
“Nós também ajustamos os horários para que não haja congestionamento nem ao início, nem ao final do dia, havendo sempre pelo menos duas microequipas a entrar logo às 8h00 e outras duas a sair às 20h00”, especifica Pedro Ferreira de Sousa, que se anima quando adianta que já faltou mais para que sejam recuperados os seis gabinetes “emprestados”, um dos quais, aliás, foi preparado, durante as obras, para ser uma sala de isolamento..jpg)
"Empenhámo-nos em conseguir esta certificação"
Mais recentemente, a equipa lançou-se noutro desafio, que visou a obtenção da certificação pela DGS/ACSA, concedida em fevereiro de 2025, com o resultado “Bom”. Sendo certo que esta conquista não tem qualquer retorno financeiro para os profissionais da Unidade, Pedro Ferreira de Sousa sublinha as vantagens inerentes ao processo de obtenção da mesma:
“Ganhamos imenso em termos de aprendizagem, nomeadamente ao nível da organização, resultando na melhoria da qualidade dos serviços prestados aos utentes.”
E prossegue: “Empenhámo-nos em conseguir esta certificação já numa fase de pós-pandemia, depois das obras realizadas e com a equipa remodelada. Tínhamos, portanto, atingido um certo nível de amadurecimento, que permitiu dar esse passo, possibilitando otimizar os processos, organizar melhor a dinâmica de funcionamento da Unidade e promovendo a articulação entre os profissionais, para além de conduzir, inclusivamente, a uma maior envolvência dos próprios utentes.”
O trabalho desenvolvido tendo em vista obter a certificação “acabou por contribuir, de igual forma, para nos ajudar a integrar a nova realidade da ULS. Contámos, por exemplo, com uma excelente colaboração do Departamento de Qualidade e até registámos um maior envolvimento com a autarquia. Fizeram-se, aliás, coisas inéditas, como um simulacro de incêndio em que participaram todas as unidades do Centro de Saúde de Torres Novas”.
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A reportagem completa pode ser lida na edição de outubro do Jornal Médico.

